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Exposições incríveis pelo Brasil para visitar entre agosto e setembro de 2024

Confira uma seleção das principais exposições para visitar em capitais brasileiras, além de São Paulo

por Diretor

Para além das movimentadas cenas culturais de São Paulo, há exposições imperdíveis em outras capitais que merecem sua atenção. Desde celebrações das línguas indígenas até produções artísticas do Nordeste e tecnologias ancestrais africanas, a diversidade da arte brasileira se destaca em mostras de dez variadas cidades.

Vista da exposição “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação”, no Museu da Língua Portuguesa. Foto: Lucas Santana/RedeMoinho

São Luís | “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação”
Centro Cultural Vale Maranhão
10.08 – 22.11

A exposição “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação”, que chega ao Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM), é uma iniciativa itinerante do Museu da Língua Portuguesa dedicada à preservação e valorização das línguas indígenas do Brasil. Curada pela artista, professora e ativista indígena Daiara Tukano, com cocuradoria da antropóloga Majoí Gongora, a mostra tem como objetivo principal trazer ao público a herança e a diversidade das mais de 150 línguas indígenas ainda faladas no país, destacando a trajetória de luta e resistência desses povos por meio de objetos etnográficos, arqueológicos, instalações audiovisuais e obras de arte. Em São Luís, a exposição incorpora artefatos locais, como peças do Centro de Pesquisa e História Natural e Arqueologia do Maranhão, e reforça a importância da preservação e valorização das línguas indígenas na Década Internacional das Línguas Indígenas, promovida pela UNESCO.

Jane Batista, da série “Corpo limpo”, 2023

Fortaleza | “Delírio ardente”
Cave Galeria
22.08 – 19.10

A Cave Galeria inaugurou seu espaço físico em Fortaleza com a exposição coletiva “Delírio Ardente”, que reúne obras de 35 artistas cearenses de diversas cidades, como Aratuba, Crato, Fortaleza e Juazeiro do Norte. Sob a direção de Pedro Diógenes, a galeria se dedica a valorizar a produção artística do Nordeste brasileiro, com ênfase em temas como território, cultura, decolonialidade e poéticas contemporâneas. Com curadoria de Lucas Dilacerda, a mostra captura o momento de efervescência artística no Ceará, apresentando obras que retratam memórias, paisagens, festas, entidades e saberes locais. A abertura da galeria representa um novo capítulo no cenário das artes visuais da região, promovendo o diálogo entre artistas, público e colecionadores, e conectando o contexto local com o global.

Not Vital, notOna, 2014, Patagonia, Chile. Cortesia Nara Roesler

Rio de Janeiro | “Mães” de Not Vital e Richard Long
Nara Roesler
10.09 – 26.10

A exposição Mães reúne obras de Not Vital e Richard Long, dois artistas de trajetórias distintas, mas unidos por uma longa amizade e admiração mútua. A mostra, que celebra os dez anos da galeria carioca, inclui trabalhos inéditos e site-specific, além de homenagear as mães dos artistas. Vital, influenciado pela paisagem de sua Suíça natal, apresenta esculturas que exploram o diálogo entre o orgânico e o inorgânico. Long, extensamente conhecido por sua Land Art, reflete em suas obras as caminhadas por paisagens naturais, usando materiais como pedras e lama. Ambos compartilham um interesse pela relação entre arte e natureza, tratando de temas como efemeridade e o impacto do tempo.

Vista da exposição “Manfredo de Souzanetto: Da paisagem, fragmentos” na Simões de Assis, Curitiba. Imagem: Divulgação / Cortesia Simões de Assis

Curitiba | “Manfredo de Souzanetto: Da paisagem, fragmentos
Simões de Assis
13.08 – 28.09

A exposição dedicada à obra de Manfredo de Souzanetto destaca a forte conexão do artista com a paisagem e a terra de Minas Gerais, sua terra natal, nas proximidades do Rio Jequitinhonha. Essa relação permeia toda a sua carreira, desde suas primeiras obras, inspiradas pelas montanhas mineiras, até suas investigações geométricas em Paris e o uso de pigmentos naturais extraídos do solo mineiro na década de 1980. O conjunto de obras exibidas evidencia como a paisagem se transforma em elementos geométricos, mantendo a terra como matéria essencial e central em sua prática artística.

Obra de Izidorio Cavalcanti. Imagem: Divulgação

Recife | “Silêncio Retumbante” de Izidorio Cavalcanti
Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – MAMAM
06.07 – 15.09

A exposição marca o retorno do artista ao cenário artístico do Recife após 15 anos sem realizar uma individual na cidade. Com curadoria de Rebeka Monita, a mostra reúne uma variedade de linguagens incluindo pinturas, esculturas, objetos, vídeos, fotografias e performances, tratando de temas como ritualidade, cerimônia e liturgia. Por meio de um gesto subversivo, Cavalcanti questiona o sistema das artes, além de abordar questões raciais e religiosas. Natural de Gameleira, na Mata Sul de Pernambuco, e residente no Recife há mais de 40 anos, o artista também reflete sobre sua exclusão do circuito artístico local, levantando incisivas críticas institucionais.

Claudia Andujar, “Maloca dos Korihana thëri, Catrimani”, da série A casa (1974-1976). Arquivo tratado por Instituto Moreira Salles, 2018.

Fortaleza | “Claudia Andujar. Minha vida em dois mundos”
Pinacoteca do Ceará
22.06 – 29.12

Com curadoria de Eduardo Brandão, a exposição reúne cerca de 200 fotografias da artista suíça naturalizada brasileira Claudia Andujar, reconhecida por seu compromisso humanista e ativismo em defesa dos povos indígenas, especialmente os Yanomami. A mostra, dividida em cinco núcleos, percorre diferentes fases e olhares da fotógrafa, desde o fotojornalismo até a arte experimental, conectando suas origens na Europa com sua atuação na América. Entre os destaques estão séries emblemáticas como “Famílias Brasileiras”, que documenta a convivência da fotógrafa com famílias em diversas regiões do Brasil, e “Trem Baiano”, que registra migrantes retornando às suas cidades de origem. Além disso, a exposição conta com uma programação especial, incluindo a exibição do documentário “A Senhora das Flechas”.

Vista da exposição “Raízes: Começo, Meio e Começo” no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira. Imagem: Divulgação / Crédito: Luan Teles / SecultBA

Salvador | “Raízes: Começo, Meio e Começo”
Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira – MUNCAB
19.07 – 09.03.25

Dividida em cinco eixos temáticos — “Origens”, “Sagrado”, “Ruas”, “Afrofuturismo” e “Bembé do Mercado” —, a exposição celebra as tecnologias ancestrais africanas através de mais de 200 obras de 80 artistas negros. Ao propor uma visão cíclica do tempo, onde os eventos acontecem simultaneamente nos planos físico e espiritual, conforme as cosmovisões africanas, a mostra também busca desafiar a concepção ocidental de tempo linear.

A centralidade da exposição está no Baobá, a “árvore da vida” na cultura africana, que simboliza as raízes ancestrais, a memória comunitária, e o ciclo contínuo de renovação. O Baobá também carrega um significado doloroso como a “árvore do esquecimento”, associada aos rituais forçados de desenraizamento que precediam a travessia dos africanos escravizados para as Américas. A exposição honra essa dualidade, mostrando o Baobá como um símbolo de resistência e renovação, enquanto reconstrói a identidade coletiva a partir das memórias preservadas.

Banquete da Terra, de Denise Milan na Usina de Arte. Imagem: Divulgação / Usina de Arte

Pernambuco | Instalação “Banquete da Terra” de Denise Milan
Usina de Arte
Permanente

“Banquete da Terra”, que integra o acervo do museu pernambucano desde 2021, agora é exposta em uma gruta projetada pela arquiteta Andrea Helou. A obra, composta por uma mesa com pratos feitos de materiais como cristal, pirita, ouro e bronze, simboliza a trajetória da humanidade e sua relação com a Terra. Milan utiliza pedras como testemunhos históricos e convida o público a refletir sobre nossa conexão com a natureza e as questões urgentes de sustentabilidade. A instalação reforça o diálogo entre arte, ciência e meio ambiente, temas centrais na obra da artista.

Hugo França, “Atuá”. Foto: André Godoy

Brasília | “A textura e o orgânico como formas” de Hugo França
Galeria Karla Osorio
27.07 – 15.09

Hugo França apresenta 20 peças esculpidas a partir dos resíduos de madeiras mortas, principalmente de árvores como o pequi vinagreiro, a graúna e o pau ferro, que resistiram a queimadas ou desmatamento. Fascinado pela longevidade e resistência dessas espécies típicas dos biomas brasileiros, o artista utiliza uma motosserra para preservar as formas naturais do material, ressignificando o uso de uma ferramenta tradicionalmente associada à destruição florestal. Com um foco sustentável, França promove discussões sobre a conscientização para a preservação das florestas tropicais e a responsabilidade da sociedade nesse processo.

Obra de Alzira Fonseca. Imagem: Divulgação / Crédito: Marco Peixoto

Salvador | “Alvoroço dos encontros mínimos” de Alzira Fonseca
Ativa Atelier Livre
03.08 – 31.08

Em “Alvoroço”, Alzira Fonseca apresenta uma série de desenhos, pinturas e bordados aplicados em cerâmica, tecido e papel. Inspirada pela natureza, Alzira explora a conexão entre o ser humano e o ambiente natural por meio de um processo meditativo que reflete tanto dimensões materiais quanto espirituais. Alzira também convida o público a uma aproximação com as pequenas coisas, aquelas que exigem intimidade e atenção. A curadoria de João Gravador destaca que as escolhas artísticas de Alzira vão além da estética, integrando também uma dimensão ética em seu processo criativo. Cada ação é cuidadosamente pensada para criar uma narrativa coerente entre sua prática no ateliê e sua vivência pessoal.

Vista da instalação “Folhear”. Imagem: Divulgação / Crédito: Claraboia Imagem

Vitória | “Folhear”
Parque Botânico Vale + Reserva Natural Vale, em Linhares
10.08 – 08.09

A exposição “Folhear”, organizada pelo Museu Vale em seu momento extramuros, é um projeto desenvolvido pelos artistas Felipe Barbosa e Rosana Ricalde, com curadoria de Ronaldo Barbosa. Gratuita e realizada em dois espaços de preservação da Mata Atlântica no Espírito Santo — a Reserva Natural Vale, em Linhares, e o Parque Botânico Vale, em Vitória —, a mostra apresenta grandes esculturas criadas a partir de folhagens de mais de 20 espécies de palmeiras. Inspiradas na técnica de topiaria, essas esculturas dão forma a seres que se conectam e se integram à paisagem natural ao longo do período de exibição.

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