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Selecionamos 14 livros apresentam as artes plásticas contra o racismo

Publicações mostram a potência e a diversidade da produção de artistas afrodescendentes em todo continente americano

por Beta Germano
Imagem do livro "Unseen" retrata dois alunos da segunda série na Nassau Street School em Princeton, em 1964
Imagem do livro “Unseen” retrata dois alunos da segunda série na Nassau Street School em Princeton, em 1964

Era 13 de maio de 1888, após seis dias de votações e debates no Congresso, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, decretando a abolição da escravatura no Brasil. Hoje já sabemos, no entanto, que pessoas negras no nosso país estavam longe de serem livres depois daquela data: muitas batalhas precisavam ser vencidas para conquistarmos reais transformações na sociedade. 

Vale lembrar, ainda, que o Brasil foi o último país do mundo a abolir escravidão e este atraso  tem um reflexo cultural complexo que precisa ser revertido. Acreditamos que a luta contra o racismo está essencialmente no conhecimento e, pensando nisso, fizemos uma lista de livros importantes para você montar uma biblioteca decolonial. 

Travel & See- Black Diaspora Art Practices since the 1980s
Travel & See- Black Diaspora Art Practices since the 1980s

1. Travel & See: Black Diaspora Art Practices since the 1980s, Kobena Mercer

Kobena Mercer iluminou criticamente as inovações visuais de artistas afro-americanos e negros britânicos. Em Travel & See, ele apresenta um modelo diaspórico de crítica que dá atenção especial às estratégias estéticas Em paralelo, ele traça as mudanças nos contextos políticos e culturais em que a arte visual negra circula.  

Em dezoito ensaios, que cobrem o período de 1992 a 2012 e discutem artistas importantes como Isaac Julien, Renée Green, Kerry James Marshall e Yinka Shonibare, Mercer fornece uma contra-narrativa da arte contemporânea global que revela como a interação intercultural não só transformou as percepções comuns da negritude hoje, mas também nos desafia a repensar a emaranhada história do modernismo.

Grief and Grievance- Art and Mourning in America, Okwui Enwezor
Grief and Grievance- Art and Mourning in America, Okwui Enwezor
Grief and Grievance- Art and Mourning in America, Okwui Enwezor
Página interna de Grief and Grievance- Art and Mourning in America, Okwui Enwezor

2. Grief and Grievance: Art and Mourning in America, Okwui Enwezor 

Apresentando obras de mais de 30 artistas e escritos de importantes estudiosos e historiadores da arte, este livro foi concebido a partir da exposição Grief and Grievance no New Museum, curada por Okwui Enwezor – primeiro africano negro a fazer a curadoria de uma Bienal de Veneza e Documenta de Kassel. A coletiva e o livro, ambos idealizados por Enwezor, visam dar voz a artistas abordando conceitos de luto, comemoração e perda – considerando o engajamento dos artistas com os movimentos sociais, desde as lutas pelos Civil Rights até o Black Lives Matter. 

A publicação inclui ensaios de nomes relevantes que pensam e discutem o tema como Elizabeth Alexander, Naomi Beckwith, Judith Butler, Ta-Nehisi Coates, Massimiliano Gioni, Saidiya Hartman, Juliet Hooker, Glenn Ligon, Mark Nash, Claudia Rankine e Christina Sharpe. Entre os artistas apresentados na publicação, vale ressaltar Terry Adkins, Mark Bradford, Melvin Edwards, Charles Gaines, Theaster Gates, Ellen Gallagher, Arthur Jafa, Rashid Johnson, Deana Lawson, Kerry James Marshall, Julie Mehretu, Lorna Simpson, Kara Walker, Nari Ward, Carrie Mae Weems, entre outros. 

Young, Gifted and Black
Young, Gifted and Black: A New Generation of Artists
Young, Gifted and Black: A New Generation of Artists: The Lumpkin-Boccuzzi Family Collection of Contemporary Art, Antwaun Sargent
Young, Gifted and Black: A New Generation of Artists: The Lumpkin-Boccuzzi Family Collection of Contemporary Art

3. Young, Gifted and Black: A New Generation of Artists: The Lumpkin-Boccuzzi Family Collection of Contemporary Art, Antwaun Sargent

Editado por Antwaun Sargent, um dos curadores mais queridos dos EUA atualmente, Young, Gifted and Black examina o trabalho de uma nova geração de artistas negros por meio de  vozes de um grupo diversificado de curadores que estão na vanguarda da arte contemporânea – como Thelma Golden (curadora-chefe do The Studio Museum) , Jamillah James ( curadora do IAC de Los Angeles), Adeze Wilford ( curadora do The Shed).

Como colecionadores voltados para a missão, Bernard I. Lumpkin e Carmine D. Boccuzzi defendem artistas emergentes de ascendência africana por meio de empréstimos a museus e apoio institucional. Mas nunca houve a oportunidade de considerar sua aclamada coleção como um todo até agora. A publicação extrai nomes desta coleção, portanto,  para lançar uma nova luz sobre as obras de artistas contemporâneos de ascendência africana.

Em um momento em que os debates sobre a política de visibilidade no mundo da arte assumiram uma urgência renovada,  Young, Gifted and Black faz um balanço de como essas novas vozes estão impactando a maneira como pensamos sobre identidade, política e história da arte em si. Entre os artistas presentes estão, Mark Bradford, David Hammons, Glenn Ligon, Kerry James Marshall, Julie Mehretu, Pope.L, Lynette Yiadom-Boakye, Noah Davis, Deana Lawson, entre outros.

Unseen -Unpublished Black History from the New York Times Photo Archives
Unseen -Unpublished Black History from the New York Times Photo Archives

4. Unseen: Unpublished Black History from the New York Times Photo Archives, Dana Canedy, Darcy Eveleigh, Damien Cave e Rachel L. Swarns

Tudo começou com o editor de fotos do Times, Darcy Eveleigh, descobrindo dezenas de fotos. Ela e três colegas, Dana Canedy, Damien Cave e Rachel L. Swarns, começaram a explorar a história por trás deles e, posteriormente, narrando-os em uma série intitulada Unpublished Black History, publicada nas edições impressa e on-line do The Times em fevereiro de 2016. A publicação bateu 1,7 milhão de visualizações no site do The Times e milhares de comentários de leitores. 

Este livro inclui essas fotos e muito mais, entre elas: Jesse Jackson de 27 anos liderando um comício antidiscriminação em Chicago; Rosa Parks chegando a um tribunal de Montgomery no Alabama; uma foto de Aretha Franklin nos bastidores do Apollo Theatre; Ralph Ellison nas ruas de Manhattan; a casa de Malcolm X; Myrlie Evans e seus filhos no funeral de seu marido morto; Medgar, Roy Campanella em uma cadeira de rodas na destruição de Ebbets Field.

As fotos – ou as pessoas nelas contidas – não foram consideradas suficientemente interessantes? As imagens não chegaram a tempo de publicação? Eveleigh, Canedy, Cave e Swarms exploram todas essas perguntas e questionam o poder da imagem ( ou a falta dela) na luta contra o racismo. 

Black Futures, Kimberly Drew e Jenna Wortham
Black Futures, Kimberly Drew e Jenna Wortham

5. Black Futures,  Kimberly Drew  e Jenna Wortham

Kimberly Drew e Jenna Wortham reuniram esta coleção de trabalhos – imagens, fotos, ensaios, memes, diálogos, receitas, tweets, poesia e muito mais – para contar a história do mundo radical, imaginativo, provocativo e maravilhoso que Criadores negros estão trazendo hoje. O livro apresenta uma sucessão de obras surpreendentes que geram um ritmo fascinante: os leitores vão de conversas com ativistas e acadêmicos a memes e postagens no Instagram, de ensaios poderosos a pinturas deslumbrantes e infográficos perspicazes.

Soul of a Nation- Art in the Age of Black Power, Zoé Whitley e Mark Godfrey
Soul of a Nation- Art in the Age of Black Power, Zoé Whitley e Mark Godfrey
Soul of a Nation- Art in the Age of Black Power, Zoé Whitley e Mark Godfrey
Página interna de Soul of a Nation- Art in the Age of Black Power, Zoé Whitley e Mark Godfrey

6. Soul of a Nation: Art in the Age of Black Power, Zoé Whitley e Mark Godfrey

 Os anos de 1963 até 1983 foram marcados por mudanças radicais. Nesse período, jovens artistas negros no início de suas carreiras enfrentaram difíceis questões sobre arte, política e identidade racial. Como fazer uma arte inovadora, original, formal e materialmente complexa e, ao mesmo tempo, fazer um trabalho que refletisse suas preocupações e experiências como negros americanos? 

Soul of a Nation examina este período crucial da história da arte americana, trazendo à luz histórias anteriormente negligenciadas de artistas negros do século 20, incluindo Sam Gilliam, Melvin Edwards, Jack Whitten, William T. Williams, Howardina Pindell, Romare Bearden, David Hammons, Barkley L. Hendricks, Senga Nengudi, Noah Purifoy, Faith Ringgold, Betye Saar, Charles White e Frank Bowling.

Ilustrado com mais de 170 obras, o livro apresenta ensaios substanciais de Mark Godfrey e Zoe Whitley, escrevendo sobre abstração e figuração, respectivamente. Também explora os contextos histórico-artístico e social com temas que vão desde o feminismo negro, AfriCOBRA e outros grupos de artistas até o papel dos museus nos debates do período e a relação das artes visuais com o Movimento das Artes Negras.

Going There- Black Visual Satire, de Richard J Powell
Going There- Black Visual Satire, de Richard J Powell

7. Going There: Black Visual Satire, de Richard J Powell  

Neste estudo inovador, Richard J. Powell investiga as formas visuais da sátira produzida por artistas negros na América do século 20 e 21. Sublinhando o uso histórico da sátira visual como dissidência anti-racista e crítica introspectiva, Powell argumenta que há uma linhagem distintamente afro-americana nesta linha de pensamento e produção artística. Assumindo algumas das obras mais controversas do século passado – em toda a sua complexidade, humor e provocação – Powell levanta questões importantes sobre o poder social da arte.

 Expansivo em alcance histórico e amplitude de mídia apresentada, Going There entrelaça discussões de obras como os desenhos animados da metade do século de Ollie Harrington, as instalações de Kara Walker, as pinturas de Robert Colescott e os filmes de Spike Lee. Ele discute, ainda, trabalhos de  David Hammons, Arthur Jafa, Beverly McIver, Howardena Pindell, Betye Saar e Carrie Mae Weems. Going There é uma leitura essencial na história da sátira, política racial e arte contemporânea.

Yomaira C Figueroa-Vásquez
Yomaira C Figueroa-Vásquez

8.Decolonizing Diasporas: Radical Mappings of Afro-Atlantic Literature – Yomaira C Figueroa-Vásquez 

Mapeando a literatura das diásporas da África subsaariana e afro-latino-caribenha de língua espanhola, Decolonizing Diasporas prova que as obras de escritores e artistas da diáspora da Guiné Equatorial, Porto Rico, República Dominicana e Cuba oferecem novas visões de mundo que perturbam e desmantelam a lógica da modernidade colonial.

O estudo de Figueroa-Vásquez revela as ferramentas temáticas, conceituais e libertadoras que esses artistas oferecem quando lidos em relação uns aos outros. A publicação examina como temas de intimidade, testemunho, expropriação, reparações e futuros são remapeados nessas obras, traçando estruturas interligadas de opressão, incluindo formas públicas e íntimas de dominação, violência sexual e estrutural, exclusão sociopolítica e racial e os remanescentes assombrosos de intervenção colonial.

Figueroa-Vásquez afirma que essas produções diaspóricas revelam violência, mas também formas de resistência e o potencial radical dos afro-futuros. Entre os nomes abordados estão Nelly Rosario, Juan Tomás Ávila Laurel, Trifonia Melibea Obono, Donato Ndongo, Junot Díaz, Aracelis Girmay, Loida Maritza Pérez, Ernesto Quiñonez, Christina Olivares, Joaquín Mbomio Bacheng, Ibeyi, Daniel José Older e María Magdalena Campos-Pons. 

Arte Não Europeia: conexões historiográficas a partir do Brasil
Arte Não Europeia: conexões historiográficas a partir do Brasil

9. Arte Não Europeia: conexões historiográficas a partir do Brasil 

Ao trazer a primeira coletânea de textos dedicados a temas de história da arte não europeia ao público brasileiro, este livro apresenta uma fascinante amostra de pesquisas realizadas em um contexto expandido, capaz de alcançar além das narrativas tradicionais da disciplina e observar seus objetos de estudo como parte integrante de uma rede móvel e complexa de interações espaço temporais.

Organizado por Claudia Mattos Avolese e Patricia D. Meneses, a publicação aborda as artes pré-colombiana e ameríndia, africana e japonesa, os textos trazem importantes debates teórico-metodológicos que acompanham o processo de expansão do campo de estudos na atualidade. Nesse sentido, este volume pretende ser uma introdução às possibilidades postas por uma nova história da arte, crítica e mais inclusiva e, acima de tudo, servir de inspiração para futuros pesquisadores interessados nessa área de conhecimento hoje.

Histórias afro-atlânticas, Ayrson Heráclito e Hélio Menezes
Histórias afro-atlânticas, Ayrson Heráclito e Hélio Menezes

10. Histórias afro-atlânticas, Ayrson Heráclito e Hélio Menezes 

Organizado pelo MASP em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, a mostra Histórias afro-atlânticas reuniu uma extensa seleção de obras de arte e documentos relacionados aos “fluxos e refluxos” entre a África, as Américas, o Caribe e também a Europa, ao longo de cinco séculos. A mostra teve curadoria de Ayrson Heráclito, Hélio Menezes, Adriano Pedrosa e Lilia Moritz Schwarcz, sendo um importante marco para o movimento decolonial nos museus e transformação de pensamento dos historiadores, curadores e artistas no Brasil. 

A exposição apresentou para o público mais de quatrocentas obras vindas da África, das Américas e do Caribe, bem como da Europa, do século 16 ao 21, gerando duas publicações. O Catálogo, volume 1, reúne, além da reprodução de obras da exposição, textos curatoriais relacionados a cada núcleo temático. São eles: Mapas e margens; Cotidianos; Ritos e ritmos; Rotas e transes: Áfricas, Jamaica, Bahia; Retratos; Modernismos afro-atlânticos; Emancipações e Resistências e ativismos.

Arte Afro-brasileira- Identidades e Artes Visuais Contemporâneas, Nelma Barbosa
Arte Afro-brasileira- Identidades e Artes Visuais Contemporâneas, Nelma Barbosa

11. Arte Afro-brasileira: Identidades e Artes Visuais Contemporâneas, Nelma Barbosa

Arte afro-brasileira – identidade e artes visuais contemporâneas nasce de um longo caminho percorrido para compreender como se tem identificado o artista afro-brasileiro contemporâneo. Uma vez que a produção negra foi negada na História da Arte, como conceituar a Arte afro-brasileira e seu criador nos dias de hoje? Neste caminho, nota-se um sistema interessado em dominar o assunto e lucrar com o produto, mas incapaz de confrontar o seu passado colonizador. Ao mesmo tempo em que conscientes da força política da identidade negra, os artistas transitam por uma dinâmica profissional ainda fundamentada em centros e periferias artísticas.

Arte Afro-brasileira, Roberto Conduru 
Arte Afro-brasileira, Roberto Conduru 

12. Arte Afro-brasileira, Roberto Conduru 

Arte afro-brasileira, do professor Roberto Conduru, discute a problemática cultural afro-brasileira e suas manifestações artísticas, desde a vinda dos africanos para o Brasil e sua escravidão na Colônia, até as mudanças de configurações culturais e artísticas no império, na modernidade e na contemporaneidade. Um livro fundamental para o conhecimento da história e arte contemporânea no conhecimento da cultura afro no Brasil.

Arte Africana, Frank Willett
Arte Africana, Frank Willett

13. Arte Africana, Frank Willett 

Para entender as duras e ricas heranças da diáspora africana no mundo, é preciso entender a estética e as cosmovisões da própria arte africana. E esse processo de compreensão pode ser tanto positivo, quanto contraditório. Neste livro, Frank Willett expõe “um grande número de perguntas, hipóteses e exemplos, para ajudar nossa imaginação a entender como os artistas africanos tentaram pagar com a beleza por eles criando a beleza do mundo […] para responder às mudanças e demandas da África de nosso tempo”, explica Alberto da Costa e Silva no texto de abertura da publicação.

Descrito pelo “Times Literary Supplement” como “a melhor introdução geral ao estudo da arte africana, repleto de informações de primeira linha, estimulante e fascinante”, o livro de Willett nos lembra, ainda, que em pouco mais de cem anos, mudaram-se várias vezes as percepções do lugar e da importância das obras e dos artistas africanos naquilo que podemos chamar de museu imaginário do Ocidente. De início, não se reservava para o que se produziu e continuava a produzir-se na África mais do que um pouco de espaço dedicado ao excêntrico, ao curioso, ao esdrúxulo e, até mesmo, ao rudimentar e ao grotesco. 

Mas já no começo dos anos 1900 a escultura africana fora acolhida com entusiasmo por alguns jovens artistas europeus, que nela viram o exemplo, quando não a inspiração e o modelo, para traçar o rumo de suas próprias criações. Esses artistas, que se tornaram os grandes nomes do século XX – e falo de Vlaminck, Derain, Matisse, Kirchner, Picasso, Braque, Juan Gris, Brancusi, Lipchitz e Modigliani -, repetiram o que se passara, séculos antes, com Donatello, Luca della Robbia, Sansovino e outros italianos do alvorecer do Renascimento ao redescobrir a Grécia antiga: mudaram a direção das artes plásticas do Ocidente. 

Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela, Leda Maria Martins
Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela, Leda Maria Martins

14. Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela, Leda Maria Martins

“[…] A ancestralidade é clivada por um tempo curvo, recorrente, anelado; um tempo espiralar, que retorna, restabelece e também transforma, e que em tudo incide. Um tempo ontologicamente experimentado como movimentos contíguos e simultâneos de retroação, prospecção e reversibilidades, dilatação, expansão e contenção, contração e descontração, sincronia de instâncias compostas de presente, passado e futuro.”, escreveu a poeta e dramaturga Leda Maria Martins no livro recém lançado pela Cobogó Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela

Na publicação, Martins explora as inter-relações entre corpo, tempo, performance, memória e produção de saberes, principalmente os que se instituem por via das corporeidades. Conectada com cosmologias decoloniais e ancestrais, a autora consolida o conceito de tempo espiralar presente, sobretudo em  culturas fincadas na oralidade cujas práticas performativas celebram o corpo como lócus da memória. Essa percepção cósmica e filosófica entrelaça, no mesmo circuito de significância, a ancestralidade e a morte. O passado habita o presente e o futuro, o que faz com que os eventos, desprovidos de uma cronologia linear, estejam em processo de perene transformação e, concomitantemente, correlacionados.

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