“Um século de agora”: um mosaico heterogêneo da arte contemporânea brasileira

As obras da última grande exposição do ano no Itaú Cultural, refletem sobre afetividades, denúncia historiográfica, espiritualidades e meio-ambiente

por Giovana Nacca
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João Cândido
João Cândido em seu ateliê em São Paulo. Foto: André Seiti / Itaú Cultural

Um século desde a Semana de Arte Moderna, e agora? O Itaú Cultural abre na próxima quinta-feira, dia 17 de novembro, a exposição Um século de agora, que faz referência aos ecos do esforço, iniciado em 1922, em busca pela independência cultural, mas protagoniza a percepção do presente.

A curadoria de Júlia Rebouças, Luciara Ribeiro e Naine Terena de Jesus, reúne 25 artistas e coletivos de 11 estados nacionais para compor um verdadeiro mosaico da cena artística brasileira. Mas a investigação curatorial não se restringiu às mãos do trio. Comprometidas com a necessidade e urgência de ouvir vozes plurais para representar um país tão diverso, elas também convidaram um grupo de interlocutores, como Fernando Velázquez, Juma Pariri, Larissa Lacerda, Nuttyelly Cena, Orlando Maneschy, Ué Prazeres e Uelinton Santana Santo, para discutir os conceitos da mostra e compartilhar referências. 

E apesar do grande empenho em visibilizar a produção jovem e emergente, na exposição as vozes do “agora” também são entoadas por artistas como João Cândido da Silva e Dalva de Barros, que possuem mais de 80 anos. Por meio da sua arte, a pintora mato-grossense apresenta registros de seu testemunho diante das manifestações e transformações políticas, à exemplo de Brasil 500 anos (nada temos), feita em 2000. Mas assim, como todos os outros presentes, a artista também exibe uma obra produzida neste ano, intitulada Fila dos ossinhos, que alude ao chocante caso das centenas de pessoas que estiveram na porta de um açougue em Cuiabá, para receber a doação das sobras do estabelecimento.

Dalva de Barros
Brasil 500 anos (nada temos), 2000 – Dalva de Barros

Já Cândido da Silva, um dos mais longevos artistas em atividade no Brasil, expõe sete obras, sendo que cinco delas datam o ano de 2022. Nas vibrantes telas, ele homenageia sua ancestralidade tendo como inspiração as celebrações afro-brasileiras, que revelam a alegria como um elemento fundamental na luta dessa população por liberdade. 

Outro destaque é a instalação Quartilhões e barricadas da artista pernambucana Amanda Melo da Mota. A obra imersiva propõe ao público um rito de cura que envolve massagens e terapias corporais em um ambiente que referencia o mar. 

Keila Sankofa
Óculos de Okoto, 2022 – Keila Sankofa. Fotos: Cayque Santana/Divulgação

Vale evidenciar também o engajamento da exposição ao fomentar a produção contemporânea, visto que além da visibilidade, a organização também proporcionou incentivos e comissões para que os artistas concretizassem novas concepções para a ocasião.

Diante da longa disputa de narrativa da arte brasileira, a exposição responde apresentando pluralidade – desde a sua organização até o resultado exibido – e autonomia para o visitante costurar as suas próprias linearidades percorrendo os três andares da instituição como desejar.

Serviço 

Um século de agora

Local: Itaú Cultural
Endereço: Av. Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo – SP
Data: De 17 de novembro até 2 de abril de 2023
Funcionamento: De terça-feira a sábado, das 11h às 20h. Domingos e feriados das 11h às 19h.
Ingresso: Grátis.

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