O mês de outubro traz importantes exposições no circuito artístico de São Paulo, como o 38º Panorama da Arte Brasileira, que reúne 34 artistas e coletivos de 16 estados, organizado pelo MAM SP e exibido no MAC USP. Também temos as mostras simultâneas de Cildo Meireles na Galeria Luisa Strina e na Galatea, marcando o retorno do artista ao circuito expositivo brasileiro após cinco anos. Além disso, a Martins&Montero apresenta uma exposição dedicada ao trabalho de Juraci Dórea, reunindo diferentes aspectos da produção do artista baiano.
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MAM-SP apresenta no MAC USP | 05.10 – 26.01.25
38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus
O Museu de Arte Moderna de São Paulo inaugura o 38º Panorama da Arte Brasileira: “Mil graus”, que nesta edição será realizado no Museu de Arte Contemporânea da USP, devido à reforma do MAM. A exposição reúne 34 artistas de 16 estados brasileiros, apresentando mais de 130 obras, sendo 79 inéditas. Com curadoria de Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e curadoria-adjunta de Ariana Nuala, a mostra traz o conceito de “calor-limite”, refletindo sobre as intensas condições climáticas, sociais e culturais que atravessam o Brasil atual por meio de cinco eixos temáticos: ecologia, territórios originários, identidade nacional, corporeidade e práticas transcendentais.
Galatea | 03.10 – 01.11
“Cildo Meireles: desenhos, 1964-1977”
Em colaboração com a Galeria Luisa Strina, que no mesmo dia inaugura a individual “Uma e algumas cadeiras/Camuflagens”, com obras inéditas de Cildo Meireles no Brasil, a exposição marca o retorno do artista ao circuito expositivo brasileiro após cinco anos. A Galatea destaca a faceta menos conhecida do artista como desenhista, com uma seleção de trabalhos realizados entre 1964 e 1977. Esses desenhos, considerados o alicerce de sua prática tridimensional, revelam a base conceitual e poética presente em toda sua trajetória ao longo de seis décadas. A curadoria é de Diego Matos.
Galeria Luisa Strina | 03.10 – 23.11
“Uma e algumas cadeiras/Camuflagens” de Cildo Meireles
Já a mostra apresentada pela Galeria Luisa Strina, reúne uma série de trabalhos inéditos de Cildo Meireles no Brasil, revisitados a partir de projetos concebidos nas décadas de 1980 e 1990. A instalação “Uma e Sete Cadeiras” (1997), inicialmente exibida na Galeria Lelong em Nova York, homenageia Joseph Kosuth com uma composição de oito elementos feitos de diversos materiais, incluindo uma torre de lâminas de vidro e uma cadeira de madeira. Na série “Camuflagem”, outros objetos como bancos e tendas também dialogam com a cadeira, todos “pousados” no chão, conforme descreve o artista. A mostra ainda traz a série “Épuras”, pinturas hiper-realistas que exploram a geometria descritiva, conectando o rigor matemático à prática artística. A mostra, que começou a ser produzida em 2020, reflete a retomada da pintura por Meireles, em diálogo com referências como Alfredo Volpi.
Martins&Montero | 03.10 – 21.12
“Breveterno: notas para uma lírica político-mística da estiagem” de Juraci Dórea
Com curadoria de Deyson Gilbert, a mostra reúne diferentes aspectos da produção de Juraci Dórea, artista baiano nascido em Feira de Santana em 1944. Dórea, que transita entre pintura, fotografia, desenho e poesia, construiu uma obra profundamente conectada ao Sertão e às suas tradições, ao mesmo tempo em que explora linguagens contemporâneas e experimentais. A exposição também evidencia o diálogo que o artista estabeleceu com intelectuais e figuras culturais do Sertão nordestino, ampliando as leituras sobre seu trabalho e suas referências.
Galeria Superfície | 03.10 – 07.12
“Pedro Escosteguy — poesia, vanguarda e opinião”
Esta é a primeira exposição individual de Pedro Escosteguy em São Paulo, um artista pouco conhecido pelo grande público, mas de enorme importância para a vanguarda brasileira e para a descentralização dos meios tradicionais de arte. Figura central nos debates sobre arte política nos anos 1960, Escosteguy participou de eventos históricos como Opinião 65, Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira. Sua produção poética e visual, além de sua experimentação com diferentes suportes e linguagens, também são destacados na mostra. Ao final da exposição, será lançado um livro que resgata sua obra, sublinhando a relevância de sua contribuição para a história da arte no Brasil.
Millan | 05.10 – 09.11
“David Almeida: Vigília”
A mostra apresenta um conjunto de obras inéditas de David Almeida, que trazem novos formatos e suportes, incluindo pinturas sobre tela, madeira e objetos, além de um painel que cobre o teto do espaço expositivo. “Vigília” tem como ponto de partida uma viagem às cidades de Ouro Preto, Congonhas e Mariana e reúne os desdobramentos mais recentes da pesquisa de Almeida. Nesses trabalhos, o artista investiga a tradição pictórica brasileira e a adaptação local de visualidades europeias, incorporando técnicas e materiais do século XVIII, como a policromia sacra e a têmpera de ovo. A expografia remete à arquitetura das igrejas, incluindo um grande “altar” formado por uma pintura sobre uma cabeceira de cama, reforçando o caráter onírico e devocional de suas obras.
Galeria Leme | 05.10 – 01.11
“Germana Monte-Mór: Pinturas”
A Galeria Leme inaugura a primeira individual de Germana Monte-Mór em seu espaço, apresentando uma seleção de obras que explora a pesquisa contínua da artista em torno de texturas, cores e materiais. A mostra inclui pinturas pequenas e grandes, além de trabalhos tridimensionais, onde a investigação cromática e a incorporação de materiais como o asfalto, presente em sua prática há mais de três décadas, são centrais.A cor desempenha um papel fundamental, com tons “estridentes” nas telas menores e mais suaves nas maiores. Na série “Fendas e Buracos”, Monte-Mór trabalha com linho grosso e cartão para criar estruturas que sustentam telas sobrepostas, onde os buracos deixam de ser apenas formas para integrar um jogo dinâmico de planos, sombras e cores.
Galatea | 03.10 – 01.11
“Bruno Novelli: Tudo se transforma na terra”
“Bruno Novelli: tudo se transforma na terra” marca a maior individual já realizada pelo artista, com 10 pinturas em grande formato criadas especialmente para a ocasião. Entre elas, destaca-se “Jardim dos daimons” (2024), sua maior obra até o momento, com 2,70 metros de altura e 4 metros de largura. Inspirado pela exuberância da Amazônia e em diálogo com o coletivo indígena Huni Kuin, Novelli constrói composições densas e coloridas, povoadas por criaturas fantásticas e visões oníricas da natureza. Seu trabalho também questiona a visão europeia sobre a paisagem tropical e os conflitos entre natureza e a dominação humana. Outra influência importante em sua obra é o pintor Chido da Silva, cujo legado fantástico impactou Novelli na infância.
Galeria Marcelo Guarnieri | 04.10 – 08.11
“Victor Mattina: desmesura”
Esta é a segunda individual do artista carioca em São Paulo, reunindo dez pinturas inéditas e um díptico, acompanhados pelo poema “O Monstro”, de Flávio Morgado. Mattina explora o universo monstruoso, criando composições que se equilibram entre o familiar e o absurdo, com figuras fragmentadas e associações inusitadas. Através de uma pintura figurativa que flerta com o inverossímil, o artista constrói cenas que sugerem uma lógica singular, onde os símbolos se libertam das amarras da representação convencional. O poema, dividido em seis partes, dialoga diretamente com as obras, especialmente com as grandes pinturas “Elegia I” e “Elegia II”, criando um limbo visual onde texto e imagem recusam categorizações normativas. No mezanino, obras de Marcello Grassmann, Oswaldo Goeldi, Guima e Iberê Camargo complementam a exposição, trazendo outros olhares sobre a dimensão monstruosa na arte figurativa.
Sesc Pompeia | 08.10 – 09.02.25
“A Natureza das Coisas – Carlito Carvalhosa“
O Sesc Pompeia a primeira grande retrospectiva das instalações de Carlito Carvalhosa, com curadoria de Luis Pérez-Oramas, Daniel Rangel e Lúcia K. Stumpf. A exposição reúne obras icônicas, como “Faço Tudo Para Não Fazer Nada”, “Linha de Sombra” e “Sala de Espera”, que, com dimensões monumentais e uso de materiais não convencionais, exploram a relação entre arte e espaço, ora tensionando, ora apagando a arquitetura ao redor. Além das grandes instalações, a mostra também apresenta documentos, anotações e maquetes que revelam o processo criativo de Carvalhosa ao longo de quatro décadas.
Projeto Vênus | 05.10 – 09.11
“Monstração” de Rafa Bqueer
A mostra traz uma fusão de elementos culturais e mitológicos do Pará com o universo carnavalesco do Rio de Janeiro. Curada por Renato Menezes, que também assina o texto crítico, “Monstração” é dividida em três núcleos principais. O primeiro núcleo, descrito como “residuais”, reúne dentes, garras e vestígios carnavalescos que remetem às práticas do coletivo Themônias, fundado em 2014, propondo uma visão impura e transumana da cultura paraense. O segundo conjunto apresenta registros fotográficos das performances de Uhura Bqueer, alter ego da artista e, por fim, o terceiro grupo traz experimentações têxteis inéditas.
Verve | 19.10 – 23.11
“Batinga” de Victor Fidelis + “A cor do sonho de ontem” de Lucas Rubly
As duas exposições marcam as primeiras individuais com obras inéditas dos dois artistas na galeria Verve. Em “Batinga”, Victor Fidelis apresenta uma série de pinturas que retratam jovens corpos negros em momentos de descontração, marcados pelas cores terrosas dos fins de tarde. Inspiradas em memórias pessoais e idealizações da adolescência do artista, as obras retratam a intimidade doméstica e cenas de lazer, remetendo a uma estética pop e a fotografias de uma era pré-redes sociais. Já “A cor do sonho de ontem”, Lucas Rubly apresenta séries de pinturas que exploram temas como castelos de areia, casas e bosques, unindo o subjetivo e o coletivo em sua criação. Inspirado por poetas como Paulo Leminski, Rubly utiliza metonímias para retratar sua solidão, mesclando passado e presente.
IMS Paulista | 19.10 – 09.03.25
“Thomaz Farkas, todomundo”
O IMS Paulista celebra o centenário de Thomaz Farkas (1924-2011) com exposição que revisita sua trajetória como fotógrafo, cineasta e articulador cultural. Com curadoria de Juliano Gomes, Rosely Nakagawa e Sergio Burgi, a mostra apresenta cerca de 500 itens, incluindo fotos, filmes e documentários, destacando a coletividade como um aspecto central de sua obra. “Thomaz Farkas, todomundo” aborda as várias fases de sua produção, desde suas primeiras fotografias no Foto Cine Clube Bandeirante até os documentários da “Caravana Farkas”, além de seu papel na criação da Galeria Fotoptica, que impulsionou uma nova geração de fotógrafos no Brasil.
Galeria Vermelho | 17.10 – 20.12
“Mudança Elementar” de Ximena Garrido-Lecca
Nessa mostra, Ximena Garrido-Lecca investiga a adaptação da natureza e sua resiliência, abordando a relação entre sistemas de crenças e a exploração de recursos naturais no contexto do colonialismo. Suas obras combinam mitologias ancestrais com tecnologias científicas, propondo novos caminhos para regeneração e simbiose. A artista imagina um futuro onde conhecimentos ancestrais são incorporados, promovendo uma convivência mais harmoniosa com a natureza. Garrido-Lecca ressalta que as questões ecológicas contemporâneas estão profundamente interligadas, exigindo uma reavaliação das relações entre seres vivos e sistemas de conhecimento.
Luis Maluf Galeria | 19.10 – 07.11
“De tudo fica um pouco” de Mônica Ventura e Deco Adjiman
Com curadoria de Ana Carolina Ralston, a mostra aborda a passagem do tempo e a ancestralidade de forma não linear, por meio de diversas materialidades, revelando a intersecção entre arte, espiritualidade e literatura nas criações dos dois artistas. Ventura utiliza formas bi e tridimensionais para trazer suas raízes ancestrais, como em “Alteia”, que remete aos guardiões vudu dos cultos iorubá. Adjiman, por sua vez, incorpora poesia e matérias naturais em suas obras, como em “De tudo fica um pouco”, que mescla enciclopédias antigas com folhas secas, simbolizando o encontro entre o antigo e o novo.
Instituto Tomie Ohtake | 25.10 – 02.02.25
“Mira Schendel – esperar que a letra se forme” + “Carlito Carvalhosa – A metade do dobro”
O Instituto Tomie Ohtake apresenta duas grandes retrospectivas, as últimas do ano no museu, de dois grandes nomes da arte brasileira. A mostra “Mira Schendel – Esperar que a letra se forme” tem curadoria de Galciani Neves e Paulo Miyada e adentra a presença dos signos gráficos, letras e palavras na obra da artista suíça radicada no Brasil. Reunindo mais de 250 peças, a mostra é organizada em sete núcleos que destacam a relação entre palavra, espaço e tempo. Já “Carlito Carvalhosa – A metade do dobro” apresenta cerca de 150 obras que abrangem quase quarenta anos da carreira do artista, percorrendo sua constante experimentação com pintura, escultura e instalação. Com curadoria de Ana Roman, Lúcia Stumpf, Luis Pérez-Oramas e Paulo Miyada, a mostra também é dividida em sete núcleos temáticos, sem seguir ordem cronológica, e inclui obras icônicas como encáusticas, espelhos graxos e as emblemáticas instalações com lâmpadas fluorescentes.
Pinacoteca Contemporânea | 25.10 – 21.04.25
“Era uma vez: visões do céu e da terra”
A exposição reúne obras de 34 pessoas artistas brasileiras e estrangeiras, como Anna Bella Geiger, Iole de Freitas, Jaider Esbell, Cipriano, Jota Mombaça, Castiel Vitorino Brasileiro, Celeida Tostes, Uýra Sodoma e Steve McQueen, que trazem a tona questões sobre o fim do mundo e a imaginação de novos inícios. Curada por Ana Maria Maia, Lorraine Mendes e Pollyana Quintella, “Era uma vez” explora temas cosmológicos e ambientais, abordando a relação predatória da humanidade com o planeta e propondo alternativas por meio da arte.
Pivô | 26.10 – 14.12
“Beijo” de Mariela Scafati + Helio Oiticica
Pivô recebe ISLA FLOTANTE + Gomide&Co com mostra que reúne obras de Mariela Scafati e Hélio Oiticica, explorando a interação entre corpo, obra e espaço. Curada por Gonzalo Aguilar, a mostra desloca as pinturas das paredes, suspende-as no ar e envolve os sentidos dos espectadores, investigando o contato e suas implicações sociais e políticas. Mariela Scafati, uma importante artista argentina, articula questões queer e políticas em suas obras, enquanto Hélio Oiticica, ícone da arte brasileira, é conhecido por suas experimentações com a participação do público.
Almeida & Dale | 26.10 – 28.02.25
“Paisagens Temporais: Perspectivas em Evolução”
Com curadoria de María Inés Rodríguez, a mostra reúne obras de artistas como Tomie Ohtake, Farnese de Andrade, Eleonore Koch e Joseca Yanomami, propondo diálogos sobre as urgências ambientais e as transformações da natureza entre diferentes gerações e territórios. Inspirada no “Manifesto for Slow Science” de Isabelle Stengers, a exposição reflete sobre a necessidade de desacelerar e promover formas de conhecimento inclusivas e não hegemônicas, destacando o impacto do extrativismo e a necessidade de uma transição energética.
Danielian Galeria | 26.10 – 20.12
“Ozias” de Odotores Ricardo Ozias
A mostra apresenta obras que percorrem o cotidiano rural e a espiritualidade dos trabalhadores do campo, refletindo as origens de Odoteres Ricardo de Ozias. Artista autodidata, Ozias ganhou destaque internacional com sua mostra recente na David Zwirner, em Londres, em 2023. Suas obras, caracterizadas por uma abordagem direta e instintiva, retratam multidões em cerimônias e festividades, sugerindo uma massa homogênea e atenta ao cenário social e político. A mostra inclui pinturas desde 1962 e será seguida pelo lançamento de uma publicação sobre o artista, organizada por Jacopo Crivelli Visconti, em novembro de 2024.