Já não é exatamente uma novidade: Kim Jones, diretor artístico da Dior, gosta de arte e tem bom gosto! Depois do sucesso das coleções feitas em parceria com artistas como o pintor ganês Amoako Boafo ou os escultores americanos Kenny Scharf e Daniel Arsham, Kim deu o que falar mais uma vez ao desfilar a coleção Outono/Inverno de 2021 em parceria com o pintor escocês Peter Doig.
Conhecido por capturar paisagens que transitam entre a figuração e a abstração com ar melancólico, Doig construiu uma carreira artística sólida nas últimas três décadas. Sua técnica incomparável – e inspiradora para muitos jovens pintores – abrange as tradições da pintura e elementos contemporâneos da cultura popular. As narrativas nascem de fotografias, recortes de jornais, cenas de filmes, capas de álbuns de discos e o trabalho de artistas anteriores como Edvard Munch.
Suas paisagens são organizadas em camadas formais e conceituais, e inspiram-se em diversos artistas históricos, incluindo Munch, H. C. Westermann, Caspar Friedrich, Claude Monet e Gustav Klimt. Muitas das pinturas de Doig são paisagens, sendo algumas delas remontando às cenas de neve de sua infância no Canadá – ele nasceu na Escócia, cresceu em Trinidad e no Canadá e, em 1979, aos 20 anos, mudou-se para Londres para estudar pintura. O resultado são telas fascinantes que narram histórias visuais sobre a relação do homem com a natureza!
Doig também criou uma série de pinturas dos apartamentos comunais modernistas de Le Corbusier, conhecidos como l’Unité d’Habitation, localizados em Briey-en-Forêt, na França. As estruturas urbanas modernas são parcialmente reveladas e escondidas pela floresta que as rodeia. O artista, certa vez, explicou: “Quando você anda por um ambiente urbano, você toma a estranheza da arquitetura como certa”. Apaixonado por cinema, Doig fundou, em 2003, um clube semanal chamado StudioFilmClub. Doig não apenas selecionava e projetava os filmes; ele também pintava o pôster anunciando o filme da semana.
https://www.youtube.com/watch?v=4XWgVoAlOvsAlém de criar o cenário do desfile, o artista também estava por trás de algumas estampas que permeiam toda a coleção – como pode ser visto nos sobretudos, alfaiataria e muito mais. De acordo com Jones, não se tratava simplesmente de pegar o trabalho de Doig e colá-lo nas roupas – em vez disso, ele encorajou o artista a se envolver no processo, propondo que ele trabalhasse com Stephen Jones em uma série de chapéus que finalizaram muitos dos looks.
A coleção reinterpretou estilos militares tradicionais. Entre casacos de brocado e jacquard estruturados com botões em forma de estrela, casacos de pele falsa, luxuosos blusões de camuflagem com acabamento em seda e conjuntos de combate, aparecem marcas de Doig por meio de leões abstratos; imagens do amado cachorro de Christian Dior, Bobby; e, respingos de pintura ( os lenços de seda certamente serão o must have da próxima estação!). A paleta veio rica e otimista – com ouro, lavanda e centáurea-azul contrastando com amarelo gema, vermelho escuro e azul marinho.