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Martin Scorsese lança filme com Fran Lebowitz

“Pretend It’s a City” pretende fazer comentários ácidos sobre Nova Iorque. No entanto, Lebowitz, que se coloca como autoridade quando o assunto é artes visuais, desliza ao revelar uma visão antiga e desconectada do mundo real

por Beta Germano
Fran Lebowitz
Fran Lebowitz

O assunto mais comentado dessa semana é o lançamento do filme de Martin Scorsese, Pretend It’s a City, que traz uma visão nostálgica de Nova Iorque pré-pandemia, quando tudo girava em torno de dinheiro, status e…arte! O filme gira em torno de Fran Lebowitz, a autora nova-iorquina conhecida por seus comentários contundentes sobre a vida na cidade e que sempre tem muitas opiniões quando se trata do mundo da arte. 

O filme mostra imagens de Lebowitz dando entrevistas privadas, palestras públicas e passeios pela cidade. Ela começou a carreira na revista Interview de Andy Warhol no início dos anos 1970, e tinha os fotógrafos Peter Hujar e Robert Mapplethorpe, entre os seus amigos mais próximos – além de Warhol. 

Um episódio inteiro intitulado “Assuntos Culturais” é dedicado às frustrações de Lebowitz com as artes. Scorsese pergunta a Lebowitz qual forma de arte ela acha que é a mais desejada. A resposta dela: “Quem tem mais oportunidades de trapaça? Eu diria que são as artes visuais. ” A partir daí, Scorsese corta para a dramática venda de 2015 de Les femmes d’Alger (versão ‘O’) de Pablo Picasso na Christie’ s de Nova York. Imagens de arquivo mostram o veterano leiloeiro da casa, Jussi Pylkannen, anunciando o preço do martelo de US $ 160 milhões, que na época marcou um recorde mundial de leilões. Mas o que fascina Lebowitz é a reação do público: “Quando vem o Picasso, há um silêncio mortal na sala; depois que o martelo bete com o preço, todos aplaudem! Ou seja: Vivemos num mundo onde o dinheiro é aplaudido e não o Picasso”. 

Les femmes d'Alger (versão ‘O’) , de Pablo Picasso
Les femmes d’Alger (versão ‘O’) , de Pablo Picasso

No entanto, como bem coloca Angélica Villa em sua matéria na ArtNews, o silêncio a que Lebowitz se refere é, de fato, “uma característica intencional do teatro de leilões”. Com o objetivo de criar e quebrar a tensão, a pausa quando um lote é exibido antes do início da licitação é feita em um espaço liminar – um lembrete de que o mercado não é um museu”, ressalta. 

A autora também traz assunto do tabaco à tona. Argumenta que é importante fumar em aberturas e que o ato é essencial para o processo artística. Critica a lei de 2003, quando o ex-prefeito Mike Bloomberg proibiu fumar em ambientes fechados. “O que Picasso teria perdido se tivesse sido forçado a se levantar e sair para fumar? Ficar por aí é muito importante”, diz ela. “Você sabe o que são artistas sentados conversando, fumando e bebendo? Chama-se história da arte. ”. Ela também encontra muitos motivos para ficar com raiva de arte pública, em particular no metrô. Conta como sua estação uma vez fechou por cinco meses. E, quando foi reaberto, ela descobriu que, em vez de melhorias necessárias para a funcionalidade das estações, haviam murais de mosaico “inexpressivos de William Wegman com cães posados ​​como humanos”.

Sinceramente? É isso que Lebowitz tem para falar sobre o mundo da arte? É claro que existem ironias, incoerências, absurdos e muitas trapaças ( das mais sinistras!)  no mundo da arte, mas a visão de Lebowitz me parece completamente limitada e limitante. O mundo não é mais sobre uma mulher da elite nova iorquina reclamando que não pode fumar ou pode pegar o metrô na porta de casa ( anda mais um pouco, amiga!) e arte, certamente, é sobre muito mais do que isso.  Larry Gagosian e o New Memeseum são mais engraçados e atuais.

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