A gente sabe que você gosta de Stranger Things – nós também gostamos. O sucesso da série, que lança a quarta temporada amanhã na Netflix, une os mais variados públicos. E não é à toa que a temática fantástica e retrô somada ao suspense distópico está super em alta. Repare como o surrealismo também está em evidência nas artes visuais estando presente, por exemplo, no tema da Bienal de Veneza e na Bienal Mercosul que terá os sonhos como um dos eixos principais.
Tempos surreais, geram linguagens artísticas correspondentes. O movimento surrealista propriamente dito surgiu na Europa após a primeira Guerra-Mundial, e assim como diversos outros, ocupou um papel ambiguo como uma forma de escape que ao mesmo tempo reflete a realidade. Por isso, é esperado que essas referências sejam retomadas num contexto pós-pandêmico.
Pensando nisso, separamos algumas obras de artistas, entre consagrados e menos conhecidos, que poderiam ter sido referência visual para a série.
Apesar das mulheres terem sido marginalizadas tanto pelos homens surrealistas quanto pelos historiadores da arte, elas não apenas produziram obras de excelente qualidade como também elevaram o movimento a outro nível. Inserindo temas como a autoimagem, sexualidade feminina, psicanálise, entre outros, utilizando tratamentos viscerais que resultaram em figuras femininas monstruosas. É o caso de Maria Martins, Leonora Carrington e Louise Bourgeois, que criaram personagens que facilmente poderiam estar presentes na famosa série da Netflix.
André Griffo, que investiga narrativas relativas às histórias do Brasil e suas ruínas, também poderia facilmente ter a estética de suas arquiteturas apocalípticas incorporada nas cenas de laboratório de Stranger Things.
As telas escuras de Kang Kyung Koo, Myung Sook Kim e Georg Baselitz evocam o mistério, o sombrio ou simplesmente o aterrorizante desconhecido. Não por acaso, a série também muda completamente a vibração da sua paleta de cores altamente luminosas para uma outra muito mais escura, de alto contraste, com cores puras (como vermelho e azul) para sinalizar a presença de algum monstro no cenário, ainda que ele não seja visto. Os personagens parecem encontrar o céu vermelho de O grito de Munch ao ver a sombra do gigantesco Devorador de Mentes, por exemplo.
As telas escuras de Kang Kyung Koo, Myung Sook Kim e Georg Baselitz evocam o mistério, o sombrio ou simplesmente o aterrorizante desconhecido. Não por acaso, a série também muda completamente a vibração da sua paleta de cores altamente luminosas para uma outra muito mais escura, de alto contraste, com cores puras (como vermelho e azul) para sinalizar a presença de algum monstro no cenário, ainda que ele não seja visto. Os personagens parecem encontrar o céu vermelho de O grito de Munch ao ver a sombra do gigantesco Devorador de Mentes, por exemplo.
Baselitz ainda incorpora em suas composições um outro elemento que carrega toda a essência da série: a imagem invertida. Essas pinturas retratando personagens, paisagens e naturezas-mortas de ponta-cabeça alcançam uma forma de abstração, mantendo a figuração. Na série, a realidade do mundo invertido é a casa dos demônios e monstros provedores do mal para a história, um mundo exatamente igual ao “de cima”, mas provavelmente, num tempo-espaço diferente. Independente da proposta poética desse recurso visual, em ambos os casos, evocam a ideia de que algo não está certo e exige uma cautela para compreender.
Por fim, nossa última referência é Lin Jingjing, uma artista digital que traz um outro lado da linguagem surreal, aquela que a série mais domina! Abraçando desde o terror, o grotesco e até a fofura quase imensurável dos protagonistas, as cores vibrantes estão presentes nas cenas alegres cheias de néons, mas também nas outras mais sinistras. Um exemplo claro são os banners de divulgação de bastante tratamento digital. Neles, os autores unem os dois mundos de forma que a estética do terror é quase fascinante.