Com o encerramento de mais um ano, entramos em clima retrospectivo e ponderamos tudo de mais relevante que se passou na cena artística. Pensando nisso, listamos sete artistas brasileiros que gostaríamos de homenagear não só pelos seus trabalhos, mas por expressivas atuações no circuito artístico do Brasil e mundo, solidificando ainda mais seus legados. Sabemos que há milhares de outros nomes honrosos em cena, mas para essa lista em específico, levamos em conta a influência que essas personalidades exercem no panorama nacional para além de suas próprias pesquisas poéticas, seja impulsionando novos nomes, ditando tendências ou sendo referência e inspiração como porta-voz de determinadas causas, gerando mudanças concretas no circuito.
Ayrson Heráclito
Além de produzir poderosas obras de arte para o público, convidando-o à participação e à coletividade, também estende seus conhecimentos e habilidades ao exercício da docência. Heráclito é professor do curso de Artes Visuais do Centro de Artes Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e também já foi professor de grandes artistas como Tiago Sant’ana. Neste ano, além de ser honrado em importantes exposições como na Yorùbáiano, da Pinacoteca de São Paulo, o artista foi um dos curadores da principal coletiva do Museu de Arte do Rio (MAR), a intitulada Um Defeito de Cor.
Denilson Baniwa
O artista, curador, designer e ativista, há tempos vem abrindo e construindo caminhos para o protagonismo indígena. Neste ano de 2022, Baniwa realizou um marco no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio), se tornando o primeiro curador indígena a assinar uma exposição no museu, apresentando a importante Nakoada, que tem impulsionado reflexões sobre o centenário da Semana de Arte Moderna, o futuro da arte e as estruturas museais
Daiara Tukano
Desde a última edição da Bienal de São Paulo, Daiara Tukano não saiu mais da boca do povo, gerando a oportunidade de dar ainda mais visibilidade à luta pelos direitos indígenas no Brasil. Além de participar de diversos debates, aulas e exposições importantes deste ano, Tukano também atuou como curadora da exposição Nhe´ẽ Porã: Memória e Transformação que abriu em outubro no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e dá luz à diversidade e ramificações das línguas dos povos originários faladas no Brasil.
Adriana Varejão
Uma das principais representantes da arte contemporânea brasileira, além de possuir uma consistente produção, coleciona trabalhos de outros artistas e usa sua voz para dar visibilidade para jovens emergentes conseguirem adentrar o mercado de arte também. Entre os meses de março e agosto deste ano, a Pinacoteca de São Paulo exibiu a maior retrospectiva de sua carreira, sob o título Suturas, fissuras, ruínas.
Rosana Paulino
A artista visual, curadora e professora completou um importante marco de três décadas de carreira neste ano. Mas 2022 também foi um ano especial para Paulino por três grandes eventos: a exposição O tempo das coisas, o carnaval e a 59ª Bienal de Veneza. A começar pela exposição inaugurada em junho na galeria Mendes Wood DM de Bruxelas, O tempo das coisas, foi sua primeira individual na europa. Já no Sambódromo carioca, ela foi uma das 30 personalidades negras homenageadas pela Beija-Flor de Nilópolis, sob o enredo “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”. E ainda, em terras italianas, Paulino foi prestigiada na exposição principal do maior evento de arte do mundo, sob o título The Milk of Dreams, exibindo 25 trabalhos, de três séries: Jatobás, Senhora das plantas e Tecelãs.
Jaime Lauriano
No ano passado, o lançamento do livro e da exposição Enciclopédia Negra ficou gravado como um grande feito na história da arte brasileira. E neste ano, o projeto continou a reverberar, recebendo o célebre Prêmio Jabuti, como principal publicação no eixo de Não-Ficção das Ciências Humanas. Além disso, Lauriano também compôs o time curatorial da exposição Contramemória no Theatro Municipal de São Paulo, que fez uma revisão crítica da Semana de Arte Moderna e reuniu aproximadamente 117 obras, entre trabalhos de artistas negros, indígenas, trans, mulheres e de várias gerações.
Panmela Castro
Além de inúmeras exposições coletivas e individuais que Castro participou neste ano, como Trauma, Sonho e Fuga da 13ª Bienal Mercosul, a itinerante Retratos Relatos, Histórias Brasileiras do Masp, entre tantas outras, não podemos deixar de falar do projeto ambicioso da artista que promove mudanças estruturais na sociedade há mais de uma década. A Rede Nami tem a arte como principal ferramenta para garantir os direitos das mulheres, dos negros, dos povos originários, das pessoas LGBTQIAP+ e das pessoas com deficiência. Neste ano, o time da Rede Nami foi homenageado no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), recebendo o Prêmio Marielle Franco de Direitos Humanos.