8 artistas para ficar de olho na feira Rotas Brasileiras 2024

A feira de arte Rotas Brasileiras está em sua terceira edição e acontecerá de 28 de agosto a 01 de setembro de 2024, no espaço ARCA, em São Paulo. Enfatizando a pluralidade da arte contemporânea o evento conta com a presença de pessoas artistas consagradas no sistema artístico, e almeja lançar nomes promissores que são destacados por galerias, instituições culturais e espaços autônomos.

Para colecionadores e apaixonados por arte, o AQA destaca oito nomes para acompanhar durante sua visita na Rotas Brasileiras.

Ana Raylander Mártis dos Anjos
Albuquerque Contemporânea Galeria de Arte

Ana Raylander, “Maroons” da série velho novo mudo mundo, 2013/2023. Via site da artista

O trabalho de Ana Raylander gira em torno da reconfiguração e transformação de materiais e ideias, abordando temas como identidade, memória e interações humanas. Entendendo sua atuação como um fazer interdisciplinar, a artista combina elementos da educação, escrita, performance e brincadeira, explorando o lúdico e o narrativo para discutir urgências em projetos de longa duração. Em projetos como “Clarão”, atualmente em exibição na Martins&Montero até dia 14 de setembro, e “Maroons”, Raylander utiliza roupas e tecidos – tanto artesanais quanto roupas comerciais – para criar instalações que ocupam o espaço expositivo, revelando a complexidade dos materiais por meio de torções e combinações. Essa investigação reflete seu interesse em transformar objetos cotidianos em novas composições artísticas, convidando o público a reconsiderar a familiaridade desses itens.

Ana Raylander recebeu o Prêmio de Novos Artistas do Memorial Minas Gerais Vale (2024) e o Prêmio EDP nas Artes de Residência, do Instituto Tomie Ohtake (2018), além de realizar projetos como “Painéis”, na Galeria Cavalo (2024) e “Willian”, na Temporada de Projetos do Paço das Artes (2023). Tem textos publicados pelo MASP, Editora Fósforo, Jornal Nossa Voz, Centro Cultural São Paulo, Projeto Afro, MAM Rio e Museu Paranaense.

Patricia Baik | São Paulo
Bianca Boeckel Galeria

Patricia Baik, “Segredo”, 2024. Cortesia Bianca Boeckel Galeria

Com raízes na vivência coreano-brasileira, Patricia Baik, artiste não binárie que vive e trabalha em São Paulo, tem sua produção marcada pela investigação do trânsito e do tempo da identidade transcultural, utilizando a autoficção para explorar essas transformações. Em suas instalações, pinturas e desenhos, Baik se coloca como personagem central, dividindo sua trajetória em três tempos simbolizados por diferentes comprimentos de cabelo: curto, médio e comprido. Essa abordagem reflete o contínuo processo de autodescoberta e mudança ao longo do tempo. Entrelaçando elementos pessoais e coletivos, suas obras sugerem a busca pelo encontro e pelo afeto, explorando o desejo de conexão – seja com o outro ou consigo mesme. Mesmo quando suas figuras estão sozinhas, Baik cria uma presença palpável, transformando o isolamento em um estado de espera por um possível encontro.

Patricia expôs no Museu da Diversidade Sexual (2018 e 2020) e realizou uma exposição solo no Espaço Simplesmente (2019). Integrou a exposição coletiva pela Piscina, “DILUIÇÃO DO EU: COMO SE NARRA O INDIZÍVEL?” (2021), e da exposição “Form 2021” pelo CICA MUSEUM em Gyonggi-do, Coréia do Sul. Em 2022 participou da coletiva “DODODO” no espaço Gruta; “dataBASA” no Espaço Canto e da exposição “Ao Dentro com Bel Ysoh” no Espaço 25M. Em 2023 participou da mostra “Ponta dos Dedos” na Bianca Boeckel Galeria.

Marlan Cotrim | Goiânia
Amparo 60

Marlan Cotrim, “Fiquei descalço para fazer essa passagem”, 2024. Via Instagram @‌marlancotrim

Nascida em Goiânia e atualmente vivendo no Recife, Marlan Cotrim constrói suas narrativas por meio de diferentes mídias, como dança, arte têxtil, design, vídeo e pintura. Embora à primeira vista pareçam campos distintos, a conexão entre o corpo e as memórias que a atravessam são fundamentais para sua concepção artística, refletindo sobre as formas que habitamos o mundo e o modo que os processos naturais, como o das plantas e da germinação, podem oferecer novas perspectivas de pensar e existir. Ao investigar as semelhanças entre fibras, veias, raízes e horizontes, Marlan estabelece um diálogo íntimo com o gesto e o movimento, elementos centrais em sua trajetória artística.

A artista foi convidada por Ariana Nuala para compor o recorte “Pôr Defesa”, apresentado na SP-Arte 2024, em abril. Além de participar da mostra “Seis Paisagens” em 2023 na Amparo 60, que em junho deste ano compartilhou a entrada de Marlan para o casting da galeria.

Kaya Agari | Cuiabá
Carmo Jonhson Projects

Kaya Agari, vista da série Flutuante, 2023. Cortesia Carmo Johnson Projects

Artista e ativista indígena, Kaya Agari tem seu trabalho profundamente enraizado na cultura e nas tradições do povo Kurâ-Bakairi. Sua pesquisa visual foca nos grafismos e nas ramificações materiais e imateriais da cultura indígena, especialmente nas pinturas corporais conhecidas como Kywenu. Esses grafismos geométricos, ensinados pelos mais velhos, desempenham um papel crucial na definição de papéis dentro da comunidade. Com obras que atravessam formatos diversos, desde pinturas e instalações até oficinas, sua arte é também um ato de resistência e preservação cultural, buscando contribuir para a reescrita coletiva da história da arte no Brasil em diálogo com a contemporaneidade. Além de sua produção artística, Kaya é ativista pelos direitos indígenas e se engaja ativamente em promover e proteger a cultura e o protagonismo das mulheres indígenas.

Em 2013, Kaya participou da exposição “¡Mira! Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas” na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com itinerâncias pela Bolívia, Equador e Peru. Em 2017, integrou o grupo de pesquisa Visual Virtual, iniciativa Kurâ_Bakairi. Em 2020, participou da exposição coletiva “Véxoa: Nós Sabemos”, na Pinacoteca de São Paulo. Em 2021, um trabalho inédito de Agari esteve entre os selecionados para a reformulação do Museu de Arte de Rua, em São Paulo, com curadoria de Hélio Menezes.

Beatrice Arraes | Fortaleza
Galeria Leonardo Leal

Beatrice Arraes, “Chuva no mar”, 2023. Via Instagram @‌galerialeonardoleal

Beatrice Arraes, que há anos desenvolve uma pesquisa em pintura sobre o design popular e as transformações históricas da paisagem, transita entre o desenho e a pintura para explorar temas como memória, apagamento e as influências da cultura global no ambiente local. Sua prática é impulsionada por caminhadas e pela observação atenta das paisagens ao seu redor, que se transformam em composições ambíguas. Nelas, cenas cotidianas – como objetos, murais e elementos da natureza – são deslocadas de seu contexto original e envoltas em nuances de cor e áreas definidas. Esse processo cria uma atmosfera de mistério e familiaridade, destacando a tensão entre o popular e o erudito ao combinar referências da história da arte com expressões e culturas locais.

Em 2023, Arraes fundou um ateliê coletivo e independente com mais 3 jovens pintores de Fortaleza, o Ateliê Cinco Sete. Hoje em dia, seu trabalho integra, entre outras, a coleção do Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.

Caroline Ricca Lee | São Paulo
Verve

Caroline Ricca Lee, vista da instalação “Constelação de um complexo III”, 2023. Foto Wallace Domingues

Caroline Ricca Lee, artiste transdisciplinar e pesquisadore, investiga o arquivamento e a memória das narrativas asiático-brasileiras por meio de uma perspectiva decolonial, queer e feminista. Utilizando mídias como escultura, instalação, performance, vídeo e escrita crítica, Lee aborda memórias não oficiais preservadas em documentos alternativos, como histórias pessoais, fotografias de família e memorabílias ancestrais.

Em sua prática, a casa se transforma em uma extensão de uma pátria imaginada, questionando o significado de objetos domésticos e práticas artísticas marginalizadas pela história da arte. Sua produção revela uma estética sincrética, na qual ancestralidade asiática, cultura brasileira e herança colonial europeia se entrelaçam, criando narrativas que oferecem uma interpretação mutável e complexa de sua experiência pessoal e de questões de gênero e identidade.

Ricca Lee recebeu o Prêmio ISOLA SICILIA na Artissima Art Fair, Torino, 2023; foi artista residente na Internationales Künstlerhaus Villa Waldberta, Munique, 2016; Fondazione Oelle, Sicília, 2024; e Pivô Arte e Pesquisa, São Paulo, 2024. Entre as exposições que integrou, destaca-se: “terra abrecaminhos”, Sesc Pompéia, São Paulo, 2023 e o Salão Nacional de Arte Contemporânea, Museu de Arte Contemporânea de Goiás, Goiânia, 2022.

Marcos da Matta | Conceição do Almeida
RV Cultura e Arte

Marcos da Matta, “Deus te acompanhe”, 2023. Cortesia RV Cultura e Arte

O trabalho de Marcos da Matta é marcado por experimentações com gravura, pintura e desenho, partindo do cotidiano vivido na região do Recôncavo Baiano para discutir temas relacionados à cultura local, religiosidade e relações de trabalho. Suas obras exploram como essas questões moldam tanto sua identidade pessoal quanto as identidades das pessoas que compartilham essas vivências. Com influência direta de seu entorno, da Matta se inspira nas “informalidades” do trabalho e no sobrevivencialismo, utilizando detalhes do cotidiano como ferramentas narrativas e cenários deslocados. Desta forma, ele constrói uma representação sensível da vida na região, e reflete sobre o que emerge dessas interações e como elas compõem identidades culturais e sociais.

Seus projetos selecionados incluem a residência artística Narrativas Visuais SESC (2023), a criação de uma intervenção artística no Instituto Ling (2023) com curadoria de Bitú Cassundé; e a participação na “Death & Life Art residence open studio” (2019) pela 0101 Art Platform. Atualmente da Matta é integrante do grupo de artistas Práticas Desobedientes.

Licida Vidal | São Paulo
Luis Maluf Galeria

Licida Vidal, “Terral”, 2020/21. Cortesia Luis Maluf Galeria

Ao investigar a relação conflituosa entre o ser humano e a natureza, Licida Vidal aborda temas como a colonização das paisagens, a vulnerabilização de corpos e territórios, e as questões de gênero. Nascida entre as montanhas do Vale do Paraíba, São Paulo, e vivendo na fronteira entre a floresta e a cidade, Vidal se afasta do meio urbano para desenvolver sua pesquisa, utilizando ações performáticas, fotografia, vídeo e instalações como principais linguagens de trabalho. A prática artística de Vidal é inseparável de sua pesquisa em cerâmica, que a levou inicialmente à escultura. O contato cotidiano com a argila, uma matéria simbólica e fecunda, a estimulou a explorar outras linguagens mais fluidas, guiada por um desejo de revelar a parte líquida da terra. A argila e a água permanecem centrais em seu trabalho, carregando significados relacionados à interdependência, diversidade e coexistência, especialmente no contexto do colapso da era do combustível fóssil.

Recentemente a artista teve sua primeira exposição individual na Luis Maluf Galeria. Também participou de outros programas de residência artística além do programa da Luis Maluf, sendo: Residência Respiro Rural, Parceria Vozes Agudas, Ateliê 397 e Usina da Arte. Em 2023, suas obras estiveram presentes em “Zonas de Sombra” na Pinacoteca Municipal de São Bernardo do Campo. Em 2022, participou da exposição “Estamos Aqui” no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

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