A partir de 20 de julho, a Luis Maluf Galeria, unidade Barra Funda, inaugura a exposição individual de Licida Vidal, “Oceano Febril”. A mostra apresenta obras inéditas, incluindo duas grandes instalações, seis trabalhos em menor escala e uma série de três vídeos que se articulam como sistemas em atividade. Os visitantes terão uma experiência única e dinâmica, com obras que mudam e evoluem ao longo do tempo. Elementos naturais como plantas, água, terra e sementes são incorporados às peças, atraindo e interagindo com animais como insetos, transformando a exposição diariamente.
“Oceano Febril” é um testemunho da capacidade de Licida Vidal de criar um ambiente vivo e em constante mudança, proporcionando uma experiência sempre renovada. A curadora Thais Rivitti explica: “os trabalhos poderiam ser descritos como organismos vivos ou, talvez mais precisamente, como construções orgânicas que se associam a elementos como minerais, vegetais, fungos e, eventualmente, pequenos animais como larvas e insetos que interagem e se relacionam nesses ambientes construídos.”
Entrelaçando-se à arquitetura da galeria, as obras “terral” e “entre a fonte e a foz” levam o espectador à urgente reflexão da importância, e da potência, da água para o mundo com todos os seus seres vivos. Utilizando em suas composições terra, argila e água, as obras criam um movimento natural ao pendurar-se no teto, contornarem paredes e transformarem o ambiente em um espaço vivo no qual outras formas de vida e estruturas podem surgir, de forma orgânica. Nesses trabalhos em especial, a artista faz circular a água que penetra volumes de terra, alimenta sementes e, em outros pontos, goteja limpa, remetendo à chuva ou mesmo a uma queda d’água, “minguada em tempos de seca”, pontua a curadora.
Trata-se de uma exposição que vai ao encontro das pesquisas de Licida, que tem formação em Ciências Sociais e Antropologia, nas quais enfatiza a conservação e a harmonia com a natureza e cujo foco é induzir à reflexão sobre a importância da conexão humana com o meio ambiente e o cuidado mútuo. “Uma exposição aquosa, germinativa, que exige o olhar para o mínimo, em um mundo onde é impossível separar as condições sociais e culturais das ambientais. Os ambientes com os quais nossos corpos lutam são materiais, compreendendo partículas, gases, forças, pressões, contaminantes e outras matérias; as condições meteorológicas são apenas uma manifestação destas condições estruturantes externas. Instalações onde a água flui, extravasa e transborda revelando agências, o caráter nutritivo da terra, e a farsa dos corpos autônomos que terminam nas suas próprias peles”, revela a artista.
Assim como o planeta, o corpo humano é formado majoritariamente por água – eis aqui um ponto de intersecção entre o ser humano e a natureza – e usar esse elemento como matéria-prima protagonista é um dos grandes desafios propostos no trabalho de Licida. “Brigar com a água é batalha perdida – as recentes inundações no Rio Grande do Sul talvez evidenciem isso da forma mais bruta e trágica. O trato com água exige cuidado: respeito aos fluxos, vazões e a sua forma própria de movimento. Seu peso e pressão aparecem como fortes resistências ao ser manipulada”, pondera Thais. “Oceano Febril” é resultado de longos períodos de experimentação da artista e, devido à clareza da vida que percorre essa exposição, se mostra delicada e frágil e ressalta a óbvia necessidade de cuidados que, igualmente ao planeta, precisa dessa responsabilidade ‘de amor’ para existir.
© 2024 Artequeacontece Vendas, Divulgação e Eventos Artísticos Ltda.
CNPJ 29.793.747/0001-26 | I.E. 119.097.190.118 | C.C.M. 5.907.185-0
Desenvolvido por heyo.com.br