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Novos modelos de feira de arte renovam o mercado

Com a expansão do mercado de arte no Brasil – e no mundo –, novos modelos de negócio vem sendo propostos: galerias baseadas em projetos ou com funcionamento itinerante, instituições…

por Julia

Com a expansão do mercado de arte no Brasil – e no mundo –, novos modelos de negócio vem sendo propostos: galerias baseadas em projetos ou com funcionamento itinerante, instituições independentes com estruturas inovadoras e, principalmente, feiras de arte com distintas propostas.

Um exemplo recente foi o sucesso da The Other Art Fair, criada em 2011 para exibir e comercializar o trabalho de artistas independentes, sem a participação de galerias. O projeto fez tanto sucesso que passou a integrar a plataforma Saatchi Art (que pertenceu ao polêmico colecionador inglês Charles Saatchi e hoje faz parte do Leaf Group), e hoje tem edições bianuais em várias cidades do mundo: Chicago, Sydney, Londres, Nova York.

Já a Future Fair, criada este ano como uma startup em Nova York, surge com um conceito inovador – a feira pretende dividir os lucros dos eventos com as galerias participantes. A primeira edição, marcada para março de 2020, terá a participação de 36 galerias que já são parceiras do projeto, e que irão dividir 35% do lucro total da feira.

No Brasil, para além das feiras SP-Arte, Semana de Arte (que acabou em sua 3a edição), e Parte (que teve seu fim em 2019), existem outros formatos sendo idealizados ao longo dos últimos anos. Um modelo que tem se mostrado interessante foi o elaborado pela dupla Lica Pedrosa e Gisele Rossi, que juntas vem há seis anos realizando a edição anual da Arte/Formatto. O evento traz obras de diversos artistas selecionadas a partir de uma cuidadosa e extensa pesquisa que dura meses: muitos estão em estágios iniciais de carreira, outros já têm galerias e reconhecimento de mercado, e ainda alguns têm uma produção sólida com pouca exposição comercial. Os valores mais acessíveis também tornam a feira atrativa para colecionadores iniciantes e amantes da arte que não tem como investir grandes valores em obras.

Com a sexta edição acontecendo entre 2 e 9/10/19, o ARTEQUEACONTECE foi conversar com a dupla, e também com duas artistas que participam da sexta edição da feira, para perguntar: qual é o papel dos novos modelos de feira de arte na inserção de jovens artistas no mercado?

Lica Pedrosa: Acredito que o papel dos novos modelos de arte começa através da pesquisa dos artistas que estão iniciando, que já possuem trabalhos singulares e potentes,  com pesquisas profundas e intenção de transformar e impactar o contexto no qual vivem. Diferentemente do que já existe no mercado, a nossa intenção é fazer essa conexão entre artistas qualificados, tanto novos como que estão fora de galerias em São Paulo, ao grande público, dando uma oportunidade a ambos de compartilharem esta experiência.

Gisele Rossi: Artistas de excelência, pesquisa e percurso sólido não existem apenas dentro do circuito das galerias. Estão produzindo, participando de salões e prêmios importantes e estes novos formatos criados, por exemplo por nossa feira e galeria Arte/Formatto, cria visibilidade para estes artistas, suas obras e seus percursos, tornando o circuito de arte contemporânea muito mais amplo para o conhecimento do público, colecionadores, críticos de arte e curadores. São caminhos importantes e que impulsionam estes artistas a trilharem e despontarem em suas carreiras. Destaco,  por exemplo, dois artistas como Marcos Cardoso, artista carioca que foi descoberto no inicio de seus estudos por Lygia Pape e que mostra em seus trabalhos a cultura e arte brasileira de forma muito proeminente e a artista paulistana Erica Ferrari que pesquisa e ressalta em sua obra a memória dos monumentos nacionais.

Érica Ferrari: Acho que um papel interessante que novos formatos de feiras de arte podem desempenhar para artistas, sejam jovens ou estabelecidos, é de um ‘patrocínio’ para a pesquisa e produção, sendo a renda obtida nesse evento de curta duração proveitoso ao longo dos próximos meses para a continuidade do desenvolvimento dos trabalhos. Também a apresentação de um conjunto de obras é interessante para tornar evidente um corpo de trabalho recente.

Bruno Novaes: Vejo que muitos desses novos modelos têm ajudado a mostrar e financiar os trabalhos, além de fomentar a discussão e a troca em suas programações paralelas. Os salões e editais institucionais, embora muitas vezes herdem a atmosfera da competição, também são valiosos para corroborar na consolidação de nosso percurso. E outros modelos auto-geridos e experimentais são essenciais para a descoberta de novos caminhos e para o aprofundamento nos interesses e pesquisas.

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