“Nosso assunto é o mundo. É dor. Dor. Só de ouvir o mundo girando é doloroso, não é?Nossa inspiração são todas aquelas pessoas vivas hoje no planeta, o deserto, a selva, as cidades. Estamos interessados na pessoa humana, na complexidade da vida.”, relataram os artistas britânicos Gilbert Prousch e George Passmore, conhecidos como Gilbert & George.
Irreverentes e bem humorados, a dupla apresenta nova série de trabalho em exposição na White Cube. NEW NORMAL PICTURES começa hoje como uma mostra online com 26 imagens trabalhadas criados nos últimos dois anos e deve abrir fisicamente, na sede da galeria em Londres, no dia 13 de Abril – se a pandemia do coronavírus estiver controlada e o governo nacional permitir a abertura de galerias de arte.
Conhecidos pelo trabalho conceptual em que ele próprios se definem com “escultura vivas” – costurando as ideias de body arte e formas mais tradicionais, a dupla inglesa criou uma série de imagens a partir de jornadas a pé pelas ruas de Londres com um ar de “pós-tudo”, como se tivessem acabado de atravessar uma fissura no tempo para um lugar que é quase, mas não muito familiar – um lugar que assemelha-se ao normal, mas não é normal – afinal, o que é normal agora? São cenas de abandono que incluem moradores de rua, construções esquecidas e elementos da vida doméstica descartados. Trata-se de um futuro decadente não muito distante onde os contrastes tonais entram em guerra e vibram.
“De placas de rua a árvores Ginkgo, de manchas chicletes nas calçadas a vistas da grandeza e decadência urbana, seu trabalho é um retrato contínuo de uma cidade e uma reflexão sobre a condição humana”, relata o texto da galeria.
Além das esculturas performáticas, Gilbert & George criam colagens e fotomontagens, onde muitas vezes se representam a si mesmos, junto a diversos elementos fazendo referências à cultura urbana e adotando uma postura crítica frente a questões fundamentais da existência: sexo, religião, corrupção, violência, esperança, medo, tensão temas raciais, patriotismo, vício e morte.
Os artistas trabalham juntos desde 1967 e acreditam que tudo é um assunto potencial para sua arte e sempre abordaram questões sociais, tabus e convenções artísticas. Um exemplo? Eles se retrataram nus em seus próprios quadros, reformulando a ideia de nu masculino como algo vulnerável e frágil, em vez de uma poderosa figura de força.