Existem muitas formas de se discutir as ideias feministas. Há quem seja didática, há quem seja prática e há quem seja… Debochada. A artista britânica Sarah Lucas é das que preferem a última opção, sem deixar, porém, de ser didática e prática. Ela é uma mulher que não tem receio algum de ser vista como uma mulher é “mal comportada”. Não faz questão alguma de ser recatada e do lar. Muito pelo contrário, a artista é ousada e atrevida.
A artista mistura formas visuais que buscam um certo rompimento com o comportamento conservador/convencional tanto na arte quanto na sociedade. Seus esforços em torno da luta feminista estão sempre voltados ao futuro, ao olhar para frente, buscando formas de combater o patriarcado no dia a dia. Em 1962, ela nascia em Holloway, em Londres. Ela foi a terceira dos quatro frutos da relação entre um leiteiro e uma jardineira! Ela cresceu brincando com as crianças da rua, que eram na maioria meninos, sendo vista como uma menina que tinha o estilo “tomboy”.
Hoje é considerada uma das principais artistas de sua geração, formada por jovens britânicos ganharam espaço durante os anos 90. Ela estudou no Working Men’s em 1982, onde conseguiu criar um portfólio que levou-a para estudar na London College of Printing no ano seguinte. Logo depois, passou a estudar na Universidade Goldsmiths, onde cursou Belas Artes durante 1984 e 1987. Foi lá que fez as amizades que formaram o movimento Young British Artists (YBA), que incluiu, dentre outros, Damien Hirst, Tracey Emin e Gary Hume.
Outro grupo que participou foi o Freeze, do qual o YBA resultou como um “spin off”. Ele surgiu com a organização de alguns artistas da universidade para a realização de uma exposição que tinha como objetivo mostrar algumas das novas caras e ideias que vinham junto a jovens artistas. Ela foi o ponto de partida para muitos dos artistas que se envolveram.
Os trabalhos provocantes e provocadores de Lucas fizeram com que ela ganhasse uma notoriedade internacional. Entre as brincadeiras, metáforas e afrontas que compõem suas obras adicionou doses de humor e obscenidade, em suportes como a fotografia, a colagem, objetos e instalações.
O corpo e suas partes erógenas, comumente sexualizados e colocados como proibidos, são objetos frequentes do desenvolvimento artístico de Lucas, que trabalha essas questões de forma natural e extremamente despojada, tirando o peso de tabu colocado sobre isso, dando uma faceta extremamente espontânea. É imprescindível conferir registros da exposição Good Muse. no Legion of Honor Museum, em São Francisco, que colocou trabalhos da artista em diálogo com obras de Rodin, colocando o corpo em evidência.
Suas exposições individuais já passaram por lugares muito importantes, como o New Museum, a Tate e o Hammer Museum. Além disso, obras suas foram adquiridas por coleções como as do MoMA, do Pompidou e do Museu de Arte Contemporânea de Chicago.