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Richard Serra: conheça 5 obras do escultor que celebram a relação entre indivíduo, espaço e objeto

por Julia Cachapuz
O artista Richard Serra posa para foto durante um encontro no Art Centre of Gijon, em 2010 | Imagem: REUTERS/Eloy Alonso

A noite do dia 26 de março deixou o mundo das artes um pouco menos grandiloquente, ao se deparar com a morte de Richard Serra, que por décadas pavimentou um caminho de glórias no hall da fama dos escultores. Presenteando a humanidade com um trabalho desafiador, o norte-americano passou a vida enfatizando os processos de fabricação pelos quais suas peças colossais passavam, assim como as características dos materiais nos quais eram inscritas. Para além de toda riqueza de detalhes, unida a um respeito admirável pelos processos artísticos, Serra nos deu a oportunidade de adentrar o campo do envolvimento entre indivíduo, obra e ambiente. 

Centroavante na cena artística sessentista, Serra e os artistas minimalistas de sua geração foram os responsáveis por libertar as esculturas de papéis tradicionalistas, que até então limitavam a contemplação artística. As esculturas então passaram a assumir uma nova relação com o espectador, cuja experiência  através do objeto tornou-se crucial para seu significado. Desde então, nos trabalhos de Richard Serra, os espectadores são encorajados a se mover ao redor — e às vezes dentro, sobre, ou através — das obras. 

Para celebrar a vida e obra de Richard Serra, separamos 5 obras permanentes do escultor que ressaltam um dos maiores objetivos do artista: obrigar as pessoas a confrontarem sua relação com o espaço. Conheça um pouco mais sobre os trabalhos do norte-americano através de uma ligação única entre espaço, indivíduo e objeto.

1. Torqued Ellipses 

Richard Serra, “Torqued Ellipes”, 2003-2004 | Imagem: Guggenheim Bilbao Museoa

Parte da classe de minimalistas sessentistas, que voltaram-se para materiais de indústria incomuns e começaram a acentuar as propriedades físicas de seu trabalho, Richard Serra deu à luz à obra “Torqued Ellipses”, que se inscreve enquanto uma reflexão do artista sobre a fisicalidade do espaço e a natureza da escultura. 

No Dia Beacon, “Torqued Ellipses” parece desafiar a gravidade e a lógica, fazendo com que o metal sólido pareça tão maleável quanto o feltro. Essas esculturas criam experiências diferentes de espaço e equilíbrio, enquanto provocam uma sensação vertiginosa de aço e espaço em movimento.

2. Slab for the Ruhr 

Richard Serra, Slab for the Ruhr, 1998 | Imagem: Route Industriekultur

Uma placa de aço de 67 toneladas que se ergue sobre 14,5 metros de altura, foi depositada sob o topo de uma montanha artificial feita de resíduos de mineração, cercada por rodovias movimentadas na região alemã de Ruhr. 

A obra “Slab for the Ruhr”, que incorpora em si os motivos industriais de Serra, é uma ode ambígua à indústria local mineradora. O sucesso da mineração é marca registrada nos entornos da cidade de Essen, apesar de também ser precedido pelo danoso acúmulo de resíduos no solo ao longo do tempo. Instalado em 1998, o monólito ecoa o legado sombrio, mas orgulhoso, da indústria de mineração. 

3. Echo

Richard Serra, Echo, 2019 | Imagem: IMS Paulista

Em 2019, o solo brasileiro foi presenteado com a primeira escultura de Richard Serra aberta à visitação pública permanente, na América Latina. Pesando um total de 70,5 toneladas, as duas eloquentes placas de aço descrevem um equilíbrio entre os conceitos distintos de peso e leveza. 

A escultura recebeu, então, o nome de “Echo” e foi pensada especificamente para o espaço do IMS, onde hoje pode ser encontrada no jardim externo do centro cultural, atrás do restaurante “Balaio”.

Echo também dialoga com outras obras monumentais de Richard Serra, que estão distribuídas por diversas partes do mundo. 

4. Fulcrum 

Richard Serra, Fulcrum, 1987 | Kevin C Lee

Parte do acervo colossal de Richard Serra, “Fulcrum” possui 16,7m de altura. No entanto, apesar de sua magnitude, a obra encanta os visitantes e moradores de Londres por trazer em suas placas de metal tons de simplicidade e elegância.

Em “Fulcrum”, Richard Serra fez o que sabia de melhor, e, assim, se utilizou das limitações do local onde a peça seria depositada, para beneficiar a própria escultura. O trabalho ficou conhecido por decorar os entornos da Octagon Arcade Broadgate com uma estrutura muito similar à uma catedral gótica, que convida o espectador a entrar e procurar refúgio.

5. Wake

Richard Serra, Wake, 2004 | Imagem: S/C

O nome sugere que acordemos para o mundo à nossa volta, dessa forma nos jogando diretamente dentro de uma das maiores missões de Richard Serra: obrigar as pessoas a confrontarem sua relação com o espaço. 

“Wake” se inscreve como 10 placas, de aproximadamente 4,26m cada uma, localizadas em um pequeno aterro em direção à Western Ave, em Seattle (Washington). As esculturas suavemente criam um padrão “S” de modo a formar uma onda, e são compostas de aço lavado com ácido resistente às condições climáticas, que reforça a natureza industrial desta obra de arte.

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