Quem são os artistas indígenas que o ator Steve Martin coleciona?

Tjapaltjarri, Napangati, Carlene West, Nakamarra e Bill Whiskey são alguns dos grandes nomes da arte indígena contemporânea australiana que compõem a coleção de Martin

por Giovana Nacca
3 minuto(s)
Steve Martin
Steve Martin

O ator e comediante Steve Martin há muito tempo tem uma paixão por colecionar obras de arte. No apartamento que ele divide com sua esposa, Anne Stringfield, há pinturas de Francis Bacon, Lucian Freud e David Hockney, e uma série de grandes modernos americanos, incluindo Edward Hopper. Porém, mais recentemente, ele mudou seu foco para obras feitas a partir da década de 1970 por artistas contemporâneos indígenas australianos. Atualmente, essa coleção reúne cerca de 100 peças.

É muito necessário que personalidades como Steve Martin usem seu privilégio e visibilidade para impulsionar a carreira de grandes artistas que costumam estar à margem do circuito. Martin já exibiu sua coleção na Gagosian de Nova York e Beverly Hills, e no National Arts Club, também de Nova York. Mas quem são esses artistas que despertaram o interesse do ator? Confira aqui alguns highlights de artistas que compõem a coleção:

Warlimpirrnga Tjapaltjarri é o artista que pintou, aos 88 anos de idade, a primeira tela desta coleção de Martin. Ele utiliza pontos e linhas para criar composições vertiginosas que expressam sua relação espiritual e conexão de sua ancestralidade com a paisagem da Austrália Ocidental. Suas obras são aclamadas internacionalmente e já foram exibidas em grandes exposições como a Documenta, em 2012. 

Yukultji Napangati, assim como Tjapaltjarri, fazia parte do chamado Pintupi Nine ou “grupo de primeiro contato” – um grupo indígena que vagava pelo deserto vivendo uma existência tradicional e que só entrou em contato com a sociedade australiana em 1984. Inclusive, muitas das representações de locais sagrados de Tjapaltjarri são inspiradas em memórias de sua criação semi-nômade. Já a produção de Napangati é inspirada nas histórias ancestrais transmitidas por gerações. O resultado se revela em repetitivas pinceladas de tinta acrílica em grandes telas de linho compostas por ilusões de ótica que representam fenômenos encontrados na natureza.

Carlene West
Tjitjiti, 2015, Carlene West

Carlene West nasceu entre as colinas de areia no extremo oeste de Tjitjiti, um vasto lago salgado em Terras Spinifex – o povo Spinifex é um povo aborígene australiano cujas terras se estendem pelo Grande Deserto de Vitória e pela planície de Nullarbor. Em 1959, West e sua família deixaram o deserto para escapar dos testes nucleares do governo britânico em Maralinga, mudando-se para uma missão em Cundeelee.

Apesar do povo Spinifex pintar desde sempre, West foi a prieira a abraçar o pincel, começando a pintar em 1997. Hoje suas obras são aclamadas e foram adquiridas pela National Gallery of Australia, pelo British Museum e por colecionadores em todo o mundo. Suas imagens são dominadas por vazios arrojados pintados em paletas de fundo preto e vermelho, que servem como poderosas âncoras de composição para suas narrativas.

Doreen Reid Nakamarra já foi premiada com o Prêmio Telstra e hoje compõe a coleção do Metropolitan Museum of Art. Ela foi uma importante artista e porta-voz da cooperativa de artistas Papunya Tula, de propriedade e operada pelos aborígenes do deserto ocidental da Austrália.

Seu estilo pessoal re-figura a paisagem australiana e apresenta o buraco na rocha Marrapinti – uma fonte de água vital perto de Pollock Hills, na Austrália Ocidental. A obra Marrapinti, por exemplo, retrata um grupo de mulheres ancestrais que viaja para o leste do local. As linhas horizontais atravessam a tela, evocando as planícies desérticas, enquanto um padrão finamente executado de traços verticais registra o movimento das mulheres ao atravessar a paisagem arenosa.

 

Doreen Reid Nakamarra
Mulher sonhando, s.d., Doreen Reid Nakamarra


Nascido em Pirupa, Alka Bill Whiskey Tjapaltjarri foi conhecido como um poderoso ngankari ou curandeiro tradicional e guardião do conhecimento sagrado. Ele começou a pintar no final de sua vida, aos 84 anos, portanto completou um número relativamente pequeno de pinturas. Entre seus interesses poéticos estavam os buracos nas rochas, colinas e afloramentos rochosos em toda a extensão de seu país, de maneira que ele foi mapeando os lugares que ocupavam suas memórias.

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