No Reino Unido, o “King’s Birthday Honours” é uma celebração anual em que novas condecorações são concedidas pelo monarca. Essas honrarias são parte de um sistema tradicional de premiação que reconhece cidadãos por suas realizações excepcionais ou serviços prestados à comunidade em diversos campos, como artes, ciências, medicina, educação, entre outros. A lista é divulgada por ocasião do aniversário oficial do rei, que é celebrado em um sábado de junho, apesar do aniversário real do monarca poder ser em outra data.
Nascida em 1963 e uma figura importante na arte contemporânea a mais de 25 anos, Tracey Emin se consagrou como pioneira na arte autobiográfica, explorando temas íntimos e experiências pessoais com franqueza e autenticidade. Seu trabalho é cru e muitas vezes chocante, provocando conversas sobre assuntos tabus – como sexualidade, trauma e vulnerabilidade feminina, inspirando gerações de artistas a seguirem seus próprios caminhos criativos.
Obras como “My Bed” (1999), que consiste em sua cama desfeita cercada pelos detritos acumulados durante os dias em que ela permaneceu deitada após o término de um relacionamento, e “Everyone I Have Ever Slept With 1963–1995” (1995), uma tenda bordada com os cento e dois nomes das pessoas com quem Tracey Emin já havia dormido até então, muitas vezes interpretada literalmente como uma obra que indica o número de seus parceiros sexuais, mas que na verdade inclui também familiares, amigos, parceiros de bebida e amantes, abriram espaço para diálogos sobre abuso sexual e saúde mental, mesmo antes de mobilizações como #MeToo, um movimento contra o assédio e a agressão sexual popularizado nas redes sociais em 2017.
Ganhando reconhecimento juntamente de outros YBA (Jovens Artistas Britânicos) no final dos anos 1980, ela enfrentou duras críticas da mídia por seu trabalho e vida pessoal. No entanto, Tracey Emin perseverou em sua visão artística, e hoje ela figura na lista do King’s Birthday Honors ao lado da atriz Imelda Staunton e da escritora Monica Ali.
Defensora incansável das artistas mulheres, Emin combate a disparidade de gênero na arte através de seu trabalho e iniciativas como a Tracey Emin Artist Residency, promovendo e contribuindo para o reconhecimento e a valorização de artistas subestimadas e esquecidas, tanto contemporâneas quanto do passado.
Seu impacto na arte contemporânea também foi reconhecido por diversas instituições e honrarias. Em 2013, ela recebeu o título de Comendadora da Ordem do Império Britânico (CBE) por seus serviços às artes e foi nomeada uma das 100 mulheres mais poderosas do Reino Unido pela BBC. Ainda, em 2023, ela se tornou a primeira mulher da Royal Academy nomeada para o Conselho de Curadores do Museu Britânico e revelou três portas de bronze esculpidas para a reabertura da National Portrait Gallery, em Londres.
A artista também coleciona exposições memoráveis ao longo de sua carreira. Em 2020, realizou uma exposição intitulada “The Loneliness of the Soul” na Royal Academy of Arts, exibindo 19 obras de Edvard Munch ao lado de 25 peças suas. Esta exposição foi a primeira a ser apresentada no recém-inaugurado Museu Munch em Oslo.
Hoje, suas pinturas estão entre as obras mais procuradas por mulheres artistas nos mercados primário e secundário e sua produção integra grandes coleções como a da Tate Britain e a do MoMA. Sua exposição mais recente estará em exibição na Xavier Hufkens, em Bruxelas, até 27 de julho, antes de passar para a galeria em Londres em setembro.