Talvez você tenha lido o ensaio pioneiro da teoria feminista na arte de Linda Nochlin, que, em 1976, indagava “Por que não existiram grandes artistas mulheres?”, e ficou procurando por outras leituras que lhe ajudassem a avançar no debate e a conhecer estas artistas que não foram reconhecidas em seu tempo. Por isso, viemos tentar te ajudar nessa empreitada e listamos 9 livros que circundam as temáticas de arte e feminismo sob diferentes propostas, desde mais didáticas e conceituais até bem-humoradas.
Mas, não podemos deixar de dizer que o feminismo negro e indígena ainda é pouco abordado na literatura de arte – especialmente em obras em português. E aqui não estamos falando somente de conteúdos com esses recortes em exclusivo, mas sobre a falta de interseccionalidade dentro dos próprios livros que se propõem a reescrever a história da arte, mas acabam por fazer isso sob uma perspectiva bastante colonial. Torcemos pela fomentação e complexidade das temáticas em abordagens e distribuições acessíveis, mas, enquanto isso, vamos desfrutar de grandes trabalhos realizados até aqui:
O livro, lançado no mês passado pela editora W. W. Norton & Company, foi escrito por Katy Hessel, historiadora da arte e fundadora da @thegreatwomenartists, que traça um arco histórico desde o Renascimento até a Arte Contemporânea. As mais de 300 obras de arte de artistas mulheres nos apresentam, por exemplo, à Elsa von Freytag-Loringhoven, artista que realmente inventou o “readymade”, e à Sofonisba Anguissola, pintora renascentista admirada por Michelangelo, mas quase completamente apagada do movimento.
Breve História das Artistas Mulheres
Mas se você está procurando por uma escrita em português, mais concisa – e com um preço um pouco mais em conta – “Breve História das Artistas Mulheres”, da artista e historiadora da arte e escritora Susie Hodge, pode ser uma alternativa. O livro é organizado como um guia, dividido entre os temas “Movimentos”, “Obras”, “Inovações” e “Temas”, permite uma leitura dinâmica e guiada pelo interesse do leitor.
Feminismo y Arte Latinoamericano
Escrito pela professora e pesquisadora Andrea Giunta, o livro resgata narrativas essenciais da arte latina dentro do contexto do movimento feminista e do empoderamento de artistas que contribuíram para a emancipação feminina no continente. Perpassando temas como maternidade, assédio, prostituição e corpos “divergentes”, Giunta questiona as relações de poder inscritas nas formas de ver e representar.
Mas não é porque o assunto é tenso e complexo, que a gente não possa se divertir com ele ou ter leituras descomplicadas. “Men to Avoid in Art and Life” nasceu quando a autora Nicole Tersigni estava navegando no Twitter e se deparou com um – clássico – caso de um homem explicando para uma mulher uma piada feita por ela mesma. Então Tersigni passou a adicionar falas aos personagens retratados em pinturas clássicas, criando memes que resumem o espírito de mansplaining.
No livro da historiadora Anne Lafont, um quadro mítico da história da arte francesa, pintado em 1800 por Marie-Guillemine Benoist, ganha uma análise inédita a partir do resgate da história de sua modelo Madeleine e de uma perspectiva renovada da diáspora africana na época da escravidão. A obra também conta com uma entrevista com a Lafont realizada pela pesquisadora e curadora Amanda Carneiro.
No domingo, 10 de junho de 2018, dezenas de milhares de mulheres vestindo lenços verdes, brancos e violetas saíram às ruas em Belfast, Cardiff, Edimburgo e Londres como parte de “Processions”, uma obra de arte criada em massa para marcar o centenário da autorização do voto feminino no Reino Unido. A marcha também contou com a exibição de 100 obras inéditas, inspiradas nas faixas feitas pelas sufragistas e que traziam fortes declarações em tecido, que agora estão reunidas em forma de livro.
Posing Modernity: The Black Model from Manet and Matisse to Today
Apresentando mais de 175 ilustrações, a curadora Denise Murrell reflete de forma crítica e revolucionária sobre o papel da “musa negra” no Modernismo europeu. Com foco sobre a “Olympia” de Édouard Manet (1863), Murrell aponta a pintura como um marco entre os retratos modernistas visto que ela representa Laure, uma serviçal negra, como participante ativa na vida cotidiana, e não como um “outro” exótico. A autora também se debruça sobre as histórias de quando Henri Matisse visitou os clubes de jazz do Harlem e mais tarde produziu retratos transformadores de dançarinos negros como ícones da beleza moderna.
A Little Feminist History of Art
Não sabe por onde começar? Este livro pode ser uma ótima indicação. Ele consiste em introdução curta e concisa a algumas das obras de arte mais importantes do que se entende por movimento artístico feminista. Explorando temas como desigualdade de gênero, sexualidade, vida doméstica, experiências pessoais e o corpo feminino, o livro apresenta cinquenta obras notáveis do final dos anos 1960 até o presente refletem a vida e a experiência das mulheres, bem como o impacto dos ideais feministas na cultura visual.
Louise Bourgeois e modos feministas de criar
A artista e pesquisadora Gabriela Barzaghi De Laurentiis destaca obras nas quais Louise Bourgeois explora formas corporais fragmentadas, distorcidas e metamorfoseadas, e em que prevalecem temas como a maternidade, o lar, o desejo e a sexualidade. A partir disso, a autora tensiona a identidade Mulher, convenções e noções binárias e antitéticas, que tradicionalmente refletem a hierarquização social moderna.