Até onde pode ir o amor? E o ciúme? É possível amar mais de uma pessoa? Qual o papel da sociedade heteronormativa e monogâmica quando nos sentimos traídos? Pode este sentimento destruir a cumplicidade?
O filme My Policeman, uma adaptação do romance de Bethan Roberts, apresenta o drama de triângulo amoroso que nos faz refletir sobre a fragilidade do amor numa sociedade cheia de regras e opressões. O que está certo ou errado? O que “é normal” ou “anormal”? Prepare também os lencinhos para acompanhar a história do casal Marion (Emma Corrin) e Tom Burgess (Harry Styles) que acaba se envolvendo com o curador Patrick Hazelwood (David Dawson), nos anos 1950.
Logo nas primeiras cenas já temos indícios de que se trata de uma narrativa costurada pelo mundo da arte e as múltiplas interpretações de obras de arte que acabam nos sugerindo lições sobre a vida. Muito provavelmente o ano é 1999. Sabemos disso porque Patrick está doente e Marion começa a ler uma notícia sobre o Turner Prize daquele ano: uma jovem artista acabava de ganhar o prêmio com uma obra chamada My Bed. Marion explica que ela é o assunto do momento e a obra é literalmente a cama vazia da artista cuja intenção é evocar uma narrativa sobre depressão, automutilação e eventual redenção. E isso não é invenção de Roberts: a personagem fala sobre a obra que garantiu o Turner a Tracey Emin – artista conhecida por relatar, entre outras coisas, as delícias e decepções do amor. Tudo a ver com a história do trio?
Cerca de 40 anos antes Patrick conhecia seu muso inspirador, descrito em seus diários como “meu policial”. Logo o convida para posar em sua casa-ateliê, pois estava interessado em sua beleza ordinária. É claro que o affair começou na mesma noite entre pincéis e telas. O grande problema é que na época era proibido ser homosexual e as consequências podiam ser violentas e humilhantes. Preocupado com os próprios desejos naquela sociedade, Tom acaba se casando com Marion – uma professora que rapidamente se conecta com o curador. Começa então uma envolvente história sobre segredos e repressões costurada por obras de arte e inspiradoras cenas em Veneza, para onde os dois viajam com a desculpa da montagem de uma exposição deixando Marion furiosa.
O clímax da relação gira em torno de uma pintura de William Turner: Tom para na frente da pintura de mar revolto quando Patrick chega para discorrer sua explicação sobre como observar uma obra de arte: “Gosto é apenas saber como algo te faz sentir. O que você sente vendo essa obra?”, desafia. Quando o policial diz sentir a força das ondas, o curador divaga sobre a obra, mas também para os próximos encontros deles: excitante e assustador. Como o amor.
Disponível na Amazon Prime.