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Museus de São Paulo intensificam a programação online e no instagram

Ainda não sabemos quanto tempo os museus ficarão fechados e nem podemos calcular o tamanho do prejuízo desses dias sem público e sem vendas de ingressos, pois não há uma…

por Beta Germano
Obra de Liane Chammas, da série #MASPemcasa

Ainda não sabemos quanto tempo os museus ficarão fechados e nem podemos calcular o tamanho do prejuízo desses dias sem público e sem vendas de ingressos, pois não há uma previsão concreta de reabertura – o Metropolitan calcula que terá uma perda de de 100 milhões de dólares por causa do fechamento previsto até Julho. No entanto, os maiores museus de São Paulo já deixaram claro que pretendem manter o público próximo dos espaços expositivos criando conteúdo digital com as obras dos acervos e  de mostras atuais, além de ativar falas com os personagens que movimentam as instituições: artistas, curadores e críticos. Além do Google Arts & Culture (antigo Google Art Project), as maiores ferramentas em tempos tão difíceis são o Instagram, Facebook e Youtube – por isso, o investimento ( de orçamento, tempo e energia) está 100% focado nesses canais.  

Obra de OSGEMEOS que integra a retrospectiva da dupla na Pinacoteca

A Pinacoteca  (@pinacotecasp) criou a iniciativa #pinadecasa, para a qual publica em suas redes sociais diariamente uma obra da coleção do museu acompanhada de curiosidades, dados históricos e explicações dos curadores. Para fortalecer a ação, começou a fazer LIVEs que ficam no IGTV com os curadores do museu.  No próximo sábado, dia 11 de abril, a curadora Fernanda Pitta fala da exposição Marcia Pastore: Arapuca. Dia 18, José Augusto Ribeiro comenta Vanguarda brasileira dos anos 1960 – Coleção Roger Wright. Fechando o mês, a curadora chefe da Pinacoteca Valéria Piccoli aborda o Modernismo. 

Obra de Dalton de Paula no acervo do MASP

O Masp (@masp) também preparou um conteúdo especial para seus seguidores: a partir de hoje, segunda dia 6 de abril, o museu começa a receber seus curadores e outros críticos para papos em LIVEs na sua conta de Instagram. Começam com o pé na porta: no encontro de Adriano Pedrosa e Lilia Schwarcz, diretor artístico e curadora-adjunta de histórias do museu, em torno das histórias no MASP, você entenderá noção plural e polifônica que guia a programação do museu anualmente desde 2016. 

O museu estreou, ainda,  a série masp [curadoria] em casa leva ao Instagram, Facebook e Twitter comentários de curadoras e curadores sobre uma imagem relacionada ao museu a partir de uma perspectiva pessoal. Pode ser uma obra, um detalhe da arquitetura, uma exposição, uma atividade, uma palestra ou um seminário, do passado recente ou remoto. 

Já o MASP Áudios, aplicativo gratuito disponível para download, reúne cerca de 170 comentários feitos por curadores artistas, professores, pesquisadores e crianças sobre as obras mais icônicas do acervo. Está disponível para download na App Store e no Google Play.  E mais: o canal do YouTube  do museu traz os vídeos de seminários e palestras, entrevistas com os artistas e outros detalhes sobre algumas exposições

Projeto Parede no MAM do artista Gustavo Rezende

A equipe educativa do MAM (@mamoficial) estará online todas as quartas-feiras, às 14h30, para contar histórias sobre as obras do acervo. E, por meio do próprio Instagram do museu, pais e crianças podem participar sem sair de casa! Outra ação do educativo é a experiência poética pela exposição online “Os anos em que vivemos em perigo”. A atividade propõe algumas charadas e a resposta para cada enigma é uma obra presente na mostra. Ao encontrar, dê um print na tela, e compartilhe com a #MAMEducativo ou marcando o perfil do museu @mamoficial. Você será repostado. 

Também vale procurar pela hashtag #ArtistaDaSemana: toda quarta-feira é publicado conteúdo sobre artistas cuja trajetória tenha se entrelaçado à do MAM. Às sextas, o #MAMParaOuvir compartilha com o público as playlists do perfil do museu no Spotify. A primeira, intitulada Verão Moderno Vol.1 , foi produzida pelo Clube Lambada e reúne músicas brasileiras, contemporâneas e jovens clássicos.  Há, ainda, um tour virtual por mais de dez exposições que já foram exibidas no museu – como Mira Schendel, Ismael Nery e  Leda Catunda.

Pintura de Mariana Palma, em exposição no Tomie Ohtake

Já o Tomie Ohtake fez uma ótima visita guiada com a artista Mariana Palma na exposição LUMINA. Em sua primeira individual em uma instituição cultural na capital paulista, Palma reúne cerca de 50 trabalhos que repassam os quase vinte anos de sua carreira, fundamentada, sobretudo, na pintura e aquarelas. Articulando composições ricas em texturas, quase sempre com cores intensas, a obra de Mariana Palma provoca a ilusão de sensações táteis, seduzindo o olho do espectador com sua habilidade técnica. E é daí que nasce o título da mostra:  Lumina se refere ao mito de Orfeu, sintetizado no instante em que ele fica cara a cara com Eurídice e a luz dos seus olhos emite um raio em sua direção. 

Na exposição, como uma série de atos, tal qual uma ópera adaptada, o visitante pode explorar as composições feitas a partir de elementos provenientes da botânica, de estampas, organismos marítimos e fragmentos arquitetônicos. No início, conchas, frutos e flores dão o ar mais erótico da mostra, representando o momento do apaixonamento de Orfeu. Em seguida, a artista mostra telas para as quais pensou em movimento e ritmo como uma música visual. “O corpo está presenta na tela inteira, apesar de não aparecer claramente”, explica Palma. Ainda percorrendo a “ópera” de Orfeu, o espectador vai se deparar com uma tela repleta de coquinhos que representam o grande choro dele no momento e que sua mulher morre. O corredor com vídeos de flores que resistem aos danos de uma intensa ventania representa a travessia do personagem da mitologia grega. Para o suposto vale da morte, a artista escolhe obras mais silenciosas, monocromáticas. E, no último encontro dos amantes, duas instalações de coquinhos representando cachoeiras que choram. Tudo isso para entrar numa grande sala onde estão trabalhos de diversos períodos da artista, o clímax da retrospectiva. Não chega perto de uma visita presencial – especialmente tratando-se de obras tão hipnotizantes ao vivo – mas é interessante acompanhar a visita da artistas explicando suas intenções. Quem sabe você não poderá visitá-la de verdade logo mais? 

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