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Livros AQA: Arte como terapia

Mas afinal, para que serve arte? E como ela pode nos ajudar a viver melhor? Para iniciantes e iniciados, recomendamos uma leitura leve e com ótimos insights:  Arte como terapia,…

por Beta Germano
Arte como terapia, de Alain de Botton e John Armstrong

Mas afinal, para que serve arte? E como ela pode nos ajudar a viver melhor? Para iniciantes e iniciados, recomendamos uma leitura leve e com ótimos insights:  Arte como terapia, escrito por Alain de Botton e John Armstrong, e editado no Brasil pela Intrínseca.

Apesar de algumas gafes um tanto complicadas para o mundo de hoje, o livro, publicado originalmente em 2013, explica de forma concisa e objetiva os motivos pelos quais precisamos tanto da arte. Para começar, os autores enunciam sete motivos para ter arte em nossas vidas…sempre! Arte é uma forma importante de rememoração: os autores lembram que costumamos esquecer tudo e os considerados “bons artistas” são aqueles que sabem selecionar bem o que lembrar e o que excluir do nosso HD que já é tão lotado de informações.  Outra razão que não podemos esquecer é o fato da arte ser essencial para nos dar esperanças. Há, é claro, um medo no ar de que a arte nos torne completamente pouco críticos,quase acéfalos, achando que o mundo é um jardim japonês de Monet. No entanto, é certo que sem arte não suportamos planeta que nós mesmos criamos. “Os problemas do mundo nos são apresentados com tanta frequência que precisamos de instrumentos para preservar o ânimo”, garante o autor. E ele dá o gancho para o próximo assunto que cabe à arte: o sofrimento

Arte como terapia, de Alain de Botton e John Armstrong

Se a arte nos mostra o lado bom da nossa existência é ela também que nos ensina a encarar as mais sombrias e solenes emoções. E não nos deixa esquecer deles (como mostrado no primeiro capítulo!). Os autores usam a obra Fernando Pessoa, de Richard Serra, e uma pintura de Caspar David Friedrich para exemplificar como a arte pode nos encorajar a  reconhecer e vivenciar momentos profundos de tristeza, tensão e frustração. O quarto item que nos amarra à uma vida repleta de arte é o reequilíbrio. Os psicólogos alerta: “Tendemos a ser presunçosos ou inseguros demais, confiantes ou desconfiados demais, frívolos ou sérios demais” e é a arte que irá garantir doses do que nos falta. Um funcionário burocrático da Escandinava, por exemplo, precisa da ardência de Frida Kahlo. Por outro lado, um lar estilo Ludwig Mies van der Rohe pode ser perfeito para uma alma nervosa. Compreensão de si: eis a causa para conviver com arte que os psicólogos mais amam. O texto do livro deixa claro que não somos honestos com nós mesmos e a arte pode ser uma grande aliada na jornada ao eu interior. Já aconteceu com você? De vez em quando “topamos com obras de arte que parecem agarrar algo que sentimos, mas nunca havíamos notado com clareza”, relata Alain e John que sugerem as pinturas do Cy Twombly para mostrar o que o inconsciente pode fazer por uma tela e por você. 

A aversão a algum gênero de arte, garantem os psicólogos, pode nascer de experiências traumáticas e estruturas defensivas levam a um empobrecimento do ser: não avançamos na vida.  Ou seja: a arte tb nos ajuda a crescer. Crescimento. Como? “O envolvimento com a arte é útil porque aciona as defesas de tédio e medo”, declaram os autores. E orientam:  um primeiro e importante passo para superar a posição defensiva diante da arte “é nos tornarmos mais receptivos à estranheza “. Para completar a lista que fazem da arte algo imprescindível nas nossas vidas, a apreciação.  Afinal, um dos maiores problemas atuais da humanidade é a nossa incapacidade de perceber o que está ao nosso redor. O exercício de ver as mensagens detalhes e entrelinhas das obras de arte, e não simplesmente olhar, pode nos ser útil para a vida fora dos museus também.  

Depois de explicar detalhadamente e com bons exemplos cada um desses itens, os autores discorrem sobre outras questões que devem perturbar a mente de todos os que estão começando a entender esse mundo. Caso da pergunta “Afinal, o que conta como boa arte?”. Explicam-se, aqui,  as diversas leituras que podemos fazer de uma obra: técnica; política; histórica; do caráter contestador; e, terapêutica. Aos futuros artistas, colecionadores e galeristas, mais alguns questionamentos são respondidos: Como estudar arte? Que tipo de arte fazer? Como comprar e vender obras de arte? Como expor arte?

 Entendida a metodologia e princípios básicos de transformação que uma obra de arte pode oferecer, os autores começam a descrever os temas mais discutidos no divã e como a arte pode ajudar. Cada capítulo é dedicado a um assunto: amor, dinheiro, política e natureza.  Para Alain e John, a arte tem uma função clara: é uma ferramenta terapêutica que nos ajuda a ter uma vida mais plena. Agora é o momento para se agarrar nesse livro e tentar passar por essa pandemia sem enlouquecer.

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