MuBE abre mostra para comemorar o centenário de Amilcar de Castro

A exposição é uma ótima oportunidade para ver as obras do artista neoconcreto em diálogo com as linhas de Paulo Mendes da Rocha e de jovens artistas como max willà morais, Moisés Patrício e Rubiane Maia

por Beta Germano
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Amilcar de Castro /foto Duda Carvalho
Amilcar de Castro /foto Duda Carvalho

No dia 8 de junho de 2020 o escultor Amilcar de Castro faria 100 anos. Um dos maiores nomes da arte brasileira teve a comemoração de seu centenário, no entanto, atravessado pela pandemia. Inúmeras exposições e homenagens que estavam programadas para o ano passado começam a abrir agora aos poucos. A principal delas é a mostra Amilcar de Castro: na dobra do mundo, aberta no dia 11 de fevereiro de 2021, no MuBE, e conta com 120 obras do artista plástico. 

Um dos expoentes do movimento neoconcreto, o artista mineiro mudou-se para o Rio de Janeiro em 1952 e, depois de entrar em contato com o trabalho de Max Bill, na 1ª Bienal de São Paulo, realiza sua primeira escultura construtiva, que exposta na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1953. Participa de exposições do grupo concretista, no Rio de Janeiro e em São Paulo, em 1956, e assina o Manifesto Neoconcreto, em 1959, ao lado de  Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark , Lygia Pape, entre outros. 

Amilcar de Castro /foto Duda Carvalho
Amilcar de Castro /foto Duda Carvalho
Amilcar de Castro
Amilcar de Castro

Logo no início da carreira Amílcar se afasta da figuração e torna-se um mestre das formas e dobras no aço corten. Mas o rigor matemático dos concretos ganha movimento como uma dança de objetos extremamente pesados, mas com um equilíbrio perfeito que remete à leveza – um dos destaques da exposição é uma escultura, de 1999, que mede 18 metros de altura e pesa mais de 20 toneladas!  Em vez de adicionar ou subtrair matéria, Amílcar parte de um plano (circular, retangular, quadrado etc.) que é cortado e dobrado, formando um objeto tridimensional articulado por intenso diálogo com o espaço. Sem fragmentar a matéria, a separação provocada pelos cortes e dobras mantém a unidade da escultura e ressalta a forma.  A ausência da solda convive com a presença do tempo ressaltada pela ferrugem explícita. 

Amilcar de Castro
Amilcar de Castro
Amilcar de Castro
Amilcar de Castro

Na seleção, algumas obras inéditas:  caso da escultura horizontal, composta por duas partes, da década de 1990, disposta debaixo da marquise do museu, e a alta e esbelta escultura, sem título, também da década de 1990, instalada no jardim. A mostra traz, ainda, uma seleção de trabalhos contemporâneos de artistas brasileiros que dialogam com as obras do Amílcar: Carmela Gross, Lia Chaia, max willà morais, Moisés Patrício, Rubiane Maia e Carla Borba, Tomie Ohtake e Wlademir Dias-Pino aparecem para propor conversas em torno da ideia de linha…Proposta interessante para dialogar também com a própria arquitetura moderna e bruta do museu, idealizado por Paulo Mendes da Rocha. “O contraste entre a horizontalidade do prédio e a verticalidade das esculturas de aço corten de Castro resultam em uma fricção única entre arte, arquitetura e história”, destaca Guilherme Wisnik curador da mostra ao lado de Rodrigo de Castro (filho do artista) e Galciani Neves.

Amilcar de Castro: na dobra do mundo

Local: MuBE

Endereço: Rua Alemanha 221, Jardim Europa – São Paulo

Amilcar de Castro /foto Duda Carvalho
Amilcar de Castro /foto Duda Carvalho
Amilcar de Castro /foto Duda Carvalho
Amilcar de Castro /foto Duda Carvalho

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