O artista Hal Wildson apresenta a sua individual Re-Utopya, na Galeria Movimento, no Rio de Janeiro, com texto crítico de Divino Sobral. Nascido na cidade de Aragarças, cidade goiana que margeia o Rio Araguaia, Wildson produz suas obras a partir das narrativas de seu povo e de sua cidade de origem, que sofreram abusos e violências e que foram deslegitimados pela “Marcha pelo Oeste”, decretada pelo então presidente Getúlio Vargas em 1940, com o objetivo de “popular” e “progredir” um “vazio demográfico” no país.
Este vazio demográfico era populado por um povo enxergado como “não-civilizado”, o povo Xavante, a origem de Wildson. Com esta herança cultural, Wildson propõe então a sua própria Utopia, relendo e reescrevendo uma história mal contada. Com suas obras ele trabalha linguagens que permitam ao observador uma reflexão política que o leve a vislumbrar um lugar utópico. Para o crítico Divino Sobral, “a reinvenção do artista se dá olhando para o passado, buscando referências nos saberes da ancestralidade negra e indígena, nas formas de pensar a sociedade que sejam capazes de conduzir à reparação dos erros e dos equívocos cometidos pela civilização. É assim que tenciona fundar sua obra em uma utopia, um sonho de sociedade igualitária e justa”.
Ontem, dia 20 de julho, Wildson e a curadora e crítica Clarissa Diniz propuseram um debate crítico com o tema “Reflexões para um futuro possível”, com a mediação da curadora da Galeria Erika Nascimento. O debate discorreu sobre esta necessidade de retratar a história de uma forma diferente daquela que existem nos livros escolares e que permeiam o imaginário de muitos quando o assunto é o Brasil.
Na ocasião, Clarissa Diniz aproveitou para falar sobre o conceito de “Re-Utopia”, originado do termo “Utopia”, conceito originalmente apontado pelo pensador inglês do século XVI Thomas More e carregado por uma forte noção de colonialidade. Desta forma, nesta exposição o artista pretende apresentar uma releitura deste conceito, trazido ao universo e à realidade do aqui e agora no Brasil. Ainda, para Clarissa, ao colocar a letra Y no lugar da I, o artista propõe uma intervenção ainda mais profunda na palavra e no conceito.
Ainda durante este evento, o NFT da videoarte “Reflorestar Nossa Gente” foi lançado pela plataforma Tropix. Parte do valor da venda será revertido para a aldeia Rio Silveira, da etnia Guarani Mbyá, no litoral de São Paulo.
Serviço:
Re-utopya
Local: Galeria Movimento
Endereço: Rua dos Oitis, 15 – Gávea, Rio de Janeiro
Data: Até 30 de julho de 2022
Funcionamento: Terça a Sexta das 11h às 19h, Sábados das 13h às 18h
Ingresso: Grátis