“Pode-se viajar pelo mundo e não ver nada. Para alcançar a compreensão, é necessário não ver muitas coisas, mas olhar atentamente para o que você vê. ”, exclamou o pintor Giorgio Morandi cujas obras aparecem ao lado de trabalhos de Josef Albers na mostra Albers and Morandi: Never Finished, organizada pela Galeria David Zwirner. Uma dupla improvável revela-se perfeita. Qual seria o ponto em comum entre Albers e Morandi? O profundo compromisso com a essência das formas e a quase religiosa pesquisa cromática.
Enquanto o alemão empregou seu formato de quadrado “aninhado” para experimentar infinitas combinações cromáticas e efeitos perceptuais, o italiano, em suas naturezas mortas íntimas, buscava jogar com a compreensão perceptiva dos espectadores e a memória de objetos e espaços do cotidiano.
A exposição, curada pelo sócio da galeria David Leiber, coloca o tratamento distinto de cor, forma, morfologia e serialidade de cada artista em diálogo. Embora Albers e Morandi tenham criado abordagens formalmente únicas para a pintura, suas explorações individuais da cor revelam conexões visuais que ressoam por toda a exposição.
É perceptível como ambos os artistas tiveram uma nova compreensão de como a interação de cores em um formato serial estruturado pode resultar em composições distintas e visualmente vibrantes. Como Heinz Liesbrock, diretor do Josef Albers Museum, observa: “Qualquer pessoa que faz contato com Morandi e Albers rapidamente descobre a importância central da cor na constituição de seu cosmos pictórico: Para Morandi, a cor define as formas e o espaço, ou seja, diferencia os dois planos e, ao mesmo tempo, os aproxima mais …Os campos de cor de Albers, por outro lado, embora sejam linearmente definidos e, portanto, pareçam claramente separados uns dos outros na imagem individual, fundem-se uns nos outros no processo de ver, formando novas conexões e, assim, borrando os níveis da superfície e do espaço”.