Filmes AQA: Duke

O filme dirigido por Roger Michell traz a verdadeira história de Kempton Bunton e levanta questões pertinentes ao mundo da arte

por Beta Germano
2 minuto(s)

Quanto vale uma obra de arte para uma sociedade? Vale o que o mercado define? Vale pagá-la com os impostos recolhidos da população? Aparentemente o filme Duke é só mais uma adorável e comovente comédia com boa interpretação de Jim Broadbent e Helen Mirren. O filme dirigido por Roger Michell, no entanto, traz a verdadeira história de Kempton Bunton e levanta questões pertinentes ao mundo da arte. 

Cidadão comum da Inglaterra dos anos 1960, Bunton era um idealista, um socialista comprometido, que tentava ser reconhecido por sua arte escrevendo peças de teatro para lidar com um luto. Mas ele era também um revolucionário de palanque que descreve como “uma injustiça social” os impostos cobrados pelo governo inglês para que a população tenha licença para ver televisão. “Eles não engolem o que o establishment fala para eles. Fico orgulhoso disso.”,  declara o aspirante a dramaturgo sobre seus filhos. 

Duke
Duke

À noite, ele está sentado na cama lendo livros de George Orwell; declarando que prefere Tchekhov à Shakespeare; e, escrevendo suas próprias peças. Durante o dia, está brigando com gerentes de chão de fábrica por justiça, organizando petições contra os impostos e preocupando sua esposa esgotada – Dorothy Bunton está constantemente limpando a bagunça deixada por seu marido e seus dois filhos adultos, enquanto pede ao  marido que “pare com essas insanidades” e que se comporte para “não sair mais nos jornais”.

Duke
Duke

Após uma fracassada sequência de protestos,  Bunton  se depara com uma matéria sobre o retrato de Arthur Wellesley, o duque de Wellington, pintado por Francisco Goya. A obra acabara de ser adquirida pelo Estado, sendo exposta na National Gallery como um grande “tesouro nacional”. “Um exemplo notável de Goya de período tardio”, suspira o curador na coletiva de imprensa. “Um retrato malfeito de um bêbado espanhol”, conclui  Bunton. Ele argumenta que o dinheiro teria sido mais bem gasto fornecendo licenças gratuitas de TV para todos os aposentados idosos do Reino Unido. 

Duke
Duke

Naquela mesma noite a obra é roubada do museu e, no dia seguinte, começam as especulações sobre o possível criminoso: enquanto as autoridades buscam uma “gangue internacional, possivelmente italiana, especializada em roubos de arte”, Bunton volta para Newcastle, onde vive com a mulher e o filho, e guarda a tela atrás do guarda-roupa, no quarto dos fundos, duvidando da qualidade da obra de arte comprada com os impostos que ele se recusa a pagar: “Não é muito boa, é?” . Para devolver a obra, ele pediu 140 mil libras (o valor pago para o Goya ficar na Inglaterra)  para comprar licenças para a população poder ver televisão. Faz sentido, afinal, usar dinheiro público para garantir que uma obra de arte fique em um país quando a população tem outras necessidades?

Duke
Duke

Você também pode gostar

© 2024 Artequeacontece Vendas, Divulgação e Eventos Artísticos Ltda.
CNPJ 29.793.747/0001-26 | I.E. 119.097.190.118 | C.C.M. 5.907.185-0

Desenvolvido por heyo.com.br