Amor sáfico: artistas que se inspiram

Hoje, no Dia da Visibilidade Lésbica, decidimos contar algumas dessas histórias de artistas que ajudaram a expressar as experiências sáficas e queer através de suas obras

Imagem: Zanele Muholi, “Beloved V”, da série “Only half the picture”, 2005.

Existem vários casais sáficos de artistas que tiveram impacto significativo na cultura, tanto colaborando em seus trabalhos, quanto influenciando uma a outra artisticamente através de colaborações profundas que acabam por ampliar o alcance de discussões e vivências da comunidade LGBTQIA+.

O relacionamento de Romaine Brooks e Natalie Barney fugia às normas da Paris que conheceram em vida, nos anos 1920. Brooks, uma pintora famosa por seus retratos em tons de cinza, e Barney, uma escritora americana que criou desde romances até poemas, hoje vistos como feministas, eram figuras centrais na comunidade lésbica e nutriram uma profunda troca intelectual e artística.

O ativismo acaba por atravessar as narrativas desenvolvidas por artistas, uma vez que sua vida influencia seu trabalho e seu trabalho é uma amostra de suas próprias experiências. Esse é também o caso das namoradas Tee Corinne e Honey Lee Cottrell, fotógrafas e autoras norte-americanas que trabalharam documentando a sexualidade feminina e a comunidade lésbica através de suas obras. Corinne escreveu: “Eu tentei, sempre, mover-me a partir de uma posição de honestidade, ser fiel às minhas paixões e seguir minha visão aonde quer que ela pudesse me levar”.

Elas são consideradas pioneiras na criação de uma visualidade do erotismo lésbico na fotografia, e em 1978 participaram do “A Lesbian Show”, considerada a primeira exposição autodenominada lésbica nos Estados Unidos, algo que só foi possível a partir do senso de comunidade em prol da resistência e sobrevivência.

Para a artista Tee Corinne, “a busca por uma estética lésbica é uma aventura; um mistério com muitas soluções possíveis”. O fator comum a toda essa pluralidade de vivências que se engloba quando falamos de amores entre mulheres é a força da comunidade para além das construções impostas culturalmente, juntas desenhando novas possibilidades de viver e criar.

Imagem: Honey Lee Cottrell, “Autorretrato refletido no espelho”, 1970s.

Zanele Muholi, artiste não-binárie, é sul-africane nascide durante o período mais grave do apartheid. Em 2009, conheceu a escritora Lerato Dumse por meio do coletivo que fundou na época. A partir de 2016, trabalharam juntes criando diversos projetos documentais e exposições, como a “Faces and Phases”, uma documentação da resistência e resiliência de mulheres lésbicas negras e de pessoas trans na África do Sul.

Imagem: Zanele Muholi, “Faces and Phases”, na Wentrup Gallery, em Berlim, 2014.

O questionamento das normas de gênero é um tema essencial nesse recorte e a visibilidade lésbica deve apoiar as mulheres trans e travestis, bem como as pessoas não-binárias que se consideram lésbiques. Nesse sentido, é importante olhar para casais como Genesis P-Orrige e Lady Jaye, que encontraram em seu amor uma forma de romper com imposições de gênero e sexualidade.

Imagem: Breyer P-Orridge é a fusão Pandrogênica de Genesis e Jaye.

Esse movimento sobrevive por causa de artistas como Claude Cahun e Marcel Moore, surrealistas que viveram em uma época em que as nomenclaturas que hoje nos ajudam a endereçar dissidências de gênero não eram tão desenvolvidas, mas que tiveram a coragem de viver se mantendo verdadeiras às suas identidades.

Imagem: Claude Cahun e Marcel Moore, c.1929.

Joan E. Biren, fotógrafa que participou do movimento feminista e lésbico dos anos 1970, afirmou que: “Sem uma identidade visual, nós não temos uma comunidade, não temos uma rede de apoio, não temos um movimento. Fazer-nos visíveis é um ato político. Fazer-nos visíveis é um processo contínuo”.

Imagem: Tee Corine, “Woman in wheelchair with able bodied lover”, 1979.
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