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Livros AQA: Breve História das Artistas Mulheres

Editora Olhares publica o guia de Susie Hodges, que tem um olhar panorâmico para a presença feminina na arte desde o Renascimento

por Beta Germano
Do Women Have To Be Naked To Get Into the Met. Museum? Guerrilla Girls, 1989.
Do Women Have To Be Naked To Get Into the Met. Museum? Guerrilla Girls, 1989.

As mulheres precisam estar nuas para entrar nos museus?

A famosa e provocativa frase do coletivo estadunidense Guerrilla Girls jogou luz a uma problemática já há muito conhecida: ao longo da história da arte, a presença das mulheres foi rechaçada ou negligenciada de diversas formas. Ao olhar mais leigo, sua relevância acaba até mesmo por passar despercebida, e levantar questionamentos infundados como “Por que é que há mais grandes artistas do gênero masculino do que do gênero feminino?”. No entanto, basta uma pesquisa superficial para que se confirme: não faltaram artistas mulheres de enorme relevância ao longo dos séculos.

Timoclea matando o capitão trácio. Elisabetta Sirani,1659.
Timoclea matando o capitão trácio. Elisabetta Sirani,1659.

Seguindo a literatura tradicional sobre o tema, no entanto, pode ser difícil ter um panorama de sua onipresença em movimentos de diversos viéses estéticos e de diversas localidades – em nichos que, geralmente, tornaram-se conhecidos por seus representantes do sexo masculino.

Pensando nesse déficit bibliográfico, a Editora Olhares traz ao Brasil em 2022 a obra Breve História das Artistas Mulheres, da artista e historiadora da arte e escritora Susie Hodge. Buscando servir como uma ajuda para navegar a imensidão da arte ocidental, o livro permite uma leitura dinâmica e guiada pelo interesse do leitor. Suas mais de 200 páginas estão divididas em quatro grandes capítulos – Movimentos, Obras, Inovações e Temas -, com uma profusão de referências remetendo ao seu próprio conteúdo, de forma a ampliar e solidificar a noção da trama de diálogos e influências recíprocas no mundo da arte, bem como das evoluções e mudanças estéticas.

O Quarto Azul. Suzanne Valadon, 1923.
O Quarto Azul. Suzanne Valadon, 1923.

O livro, de linguagem acessível, profusamente ilustrado e facilmente navegável – contando até mesmo com um índice remissivo –, está alinhado com o estilo da autora. Autora profícua de livros sobre arte, alguns voltados ao público infantil, Hodge afirma que, ao escrever, se imagina como alguém que faz companhia ao leitor ao caminhar por um museu ou galeria de arte. “É como estar ‘batendo um papo'”.

Autorretrato com pequeno macaco. Frida Kahlo, 1945.
Autorretrato com pequeno macaco. Frida Kahlo, 1945.

Na abordagem aos movimentos artísticos, o recorte da participação do gênero feminino é feito a cada página, trazendo as principais artistas em cada movimento, suas inovações e contribuições e relações com outros artistas e movimentos conhecidos. É o caso de Gabriele Münter e Marianne von Werefkin, expressionistas alemãs que fundaram, em 1911, ao lado de Franz Marc e Wassily Kandinsky, o inovador grupo expressionista Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul) em Munique.

Rua da Aldeia em Murnau. Gabriele Münter, 1908.
Rua da Aldeia em Murnau. Gabriele Münter, 1908.

Para além da questão estética, Susie Hodge também são abordadas pautas políticas ao tratar da seção Inovações – entre os tópicos estão temas como a rejeição à autoridade masculina, a independência, a contradição ao chamado ‘sexo passivo’, entre outras marcantes discussões possibilitadas pela presença feminina na arte não apenas posando, mas produzindo obras de grande significado e relevância na história da arte ocidental.

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