A tela The Red Studio (O ateliê vermelho), do artista francês Henri Matisse, é o fio condutor da mostra homônima em cartaz no MoMA, em Nova York. Na tela, pintada em 1908, Matisse retratou seu próprio ateliê com uma distribuição peculiar de objetos e obras acabadas ou em processo. A mostra, que estará em cartaz até o dia 11 de setembro deste ano, também reúne outros trabalhos do artista que dialogam com a tela-tema, além dos objetos que nela foram retratados: seis pinturas, três esculturas e uma cerâmica.
Matisse, o gênio do Fauvismo
Henri Matisse é, sem dúvidas, um dos maiores nomes da arte do século XX. Nascido em 1869, em uma pequena comuna francesa chamada Le Cateau-Cambrésis, Matisse começou a pintar aos 20 anos, descobrindo o que chamaria mais tarde de “um tipo de paraíso”. Em seus primeiros trabalhos, ele começou a explorar as cores e suas infinitas possibilidades inspirado pelas obras do pintor pós-impressionista Paul Cézanne. Chegou também, no fim dos anos 1890, a pintar usando o pontilhismo, técnica característica do período neo-impressionista que consiste na justaposição de pequenos pontos de tintas de diferentes cores que produziam um efeito surpreendente à distância.
Mas, no início dos anos 1900, com mais de uma década de carreira, Matisse já demonstrava os primeiros traços de um movimento que seria inconfundível no futuro e que mudaria o rumo da História da Arte. No salão de outono de 1905, ele expôs, pela primeira vez, a tela Mulher com chapéu, pintada naquele mesmo ano. Louis Vauxcelles, renomado crítico de arte da época, teceu um fervoroso texto de repúdio às obras que haviam sido apresentadas na ocasião, dentre as quais estava a tela de Matisse. Para qualificar aquilo que Vauxcelles julgava ser horrível, ele usou a palavra francesa “fauves”, que significa em português “feras” e os responsáveis pelas detestáveis obras não poderiam ter ficado mais satisfeitos.
Os artistas de vanguarda eram rebeldes por natureza. Ir contra o cânone impressionista vigente à época, inovar as técnicas, chocar o público e recriar a cena artística era, para eles, um sonho que se tornava realidade. Em seguida à crítica, os próprios artistas passaram a se chamar de “Fauvistas” e o “Fauvismo”, uma das mais aclamadas vanguardas artísticas do século XX, acabava de nascer. No Fauvismo, a investigação das cores e suas capacidades era a prioridade absoluta, para os fauvistas a cor era forma, modelagem e expressão de sentimento. Além de Henri Matisse, os artistas mais importantes do movimento são Raoul Dufy, André Derain e Maurice de Vlaminck.
O ARTEQUEACONTECE selecionou as cinco pinturas mais importantes da carreira de Henri Matisse. Confira quais são elas!
Mulher com chapéu, 1905 – A mais controversa
Esta foi a tela exposta no Salão de Outono, em 1905, que estava entre os trabalhos considerados horríveis pelo crítico Louis Vauxcelles e por muitos outros espectadores. As cores vibrantes usadas por Matisse de forma não convencional chocaram o público e acabaram por se tornar a marca registrada do movimento Fauvista.
A alegria de viver, 1906 – A mais aclamada
Esta tela monumental foi exibida pela primeira vez no Salão dos Independentes de 1906. Ao lado de Les Demoiselles d’Avignon, de Pablo Picasso, esta tela é tida como um dos pilares do modernismo. Acredita-se que esta tela foi uma espécie de resposta à hostilidade que sua obra recebeu no salão de outono, um ano antes. Mas esta obra também foi alvo de críticas ferozes ao ser exibida. Até mesmo Paul Signac, que apoiou as primeiras produções do artista e que foi, para Matisse, uma inspiração no início de carreira, não poupou críticas. Entretanto, na década de 1920 esta obra já era considerada uma das mais importantes obras do artista e é, até hoje, uma das mais aclamadas. Ela pertence ao acervo da Fundação Barnes, na Philadelphia, EUA.
Harmonia em vermelho, 1908 – A obra prima
Para muitos estudiosos e entusiastas de Matisse, esta é a sua obra prima. A pintura foi encomendada por Sergey Shchukin, um colecionador de arte russo, para decorar uma sala de jantar. Matisse, conforme fora encomendado, pintou a tela em azul, mas não gostou do resultado e reproduziu a obra em vermelho. Com esta tela, o artista iniciou um período de sua produção marcado por experimentações e investigações com a cor vermelha, o que inclui a obra The Red Studio (citada no início desta matéria). Ela faz parte da coleção permanente do museu Hermitage, na Rússia.
Dança, 1910 – A mais famosa
Esta é, sem dúvidas, a primeira tela que vem à nossa cabeça quando pensamos em Matisse. É sua obra mais famosa – e uma das mais complexas também. Pintada em 1910, ela reúne diferentes elementos-chaves da produção do artista. Aqui a expressão das cores e a ausência de profundidade são evidentes, mas essa tela possui também a temática primitivista, tão explorada por Paul Gauguin e, mais tarde, por Pablo Picasso.
A cena possui duas versões, a Dança I, que está no MoMA, em Nova York, foi um estudo preliminar para a concepção futura desta obra que está demonstrada acima, a Dança II, também encomendada por Sergey Shchukin. A obra ficou pendurada em sua casa até a nacionalização das obras de arte privadas ocorrida em função da Revolução Russa de 1917. Hoje, Dança II também faz parte da coleção do Hermitage.
Katia de camisa amarela, 1951 – A última
Katia de camisa amarela foi a última tela pintada por Henri Matisse, em 1951. A mulher retratada na obra é a suiça Carmen Leschennes, apresentada a Matisse por Lydia Delectorskaya, assistente e modelo russa do pintor. Katia, como Matisse decidiu chamar Carmen por julgar que o nome combinava melhor com ela, inspirou diferentes obras produzidas pelo artista entre 1950 e 1952. Sua última tela pertence hoje ao Museu de Belas Artes de Lyon, na França.