Começa amanhã, 16.3, a primeira edição da ArtSampa, que vai até domingo, dia 20.3, na OCA, construção de Oscar Niemeyer dentro do Parque Ibirapuera.
O evento, idealizado por Brenda Valansi, da ArtRio, chega para incrementar o calendário de feiras de arte em São Paulo neste primeiro semestre, num momento em que as atividades presenciais são retomadas com animação.
A ArtSampa inclui 39 galerias, com a proposta de que cada uma delas faça uma espécie de curadoria em seu estande, apresentando apenas um artista ou nomes relacionados; 9 instituições; o MIRA, programa dedicado a videoarte; ciclo de conversas e lançamento de livros.
Como Valansi afirmou ao AQA: “Nossa ideia é ir para outras cidades, levando o mercado da arte, que eu acredito ser uma ferramenta importante de impulsionamento cultural, para cidades menores com modelos menores”.
Dá uma olhada no que apuramos por lá.
Térreo
O estande da Fólio tem ares de antiquário e é uma oportunidade para ver artistas históricos, de alguma forma, inseridos no movimento modernista. Estão lá aquarelas de Cícero Dias e Emiliano Di Cavalcanti, desenhos de Ismael Nery e Tarsila do Amaral, além de uma monotipia de Vicente do Rego Monteiro e uma xilogravura de Lasar Segall. Nas mesas com tampo de vidro, versões raras de Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade, e Macunaíma, de Mário de Andrade.
Na data em que faria 90 anos, Nelson Leirner é homenageado no estande da Silvia Cintra + Box 4. “Me agrada o fato de banalizar o banalizado”, disse o artista, e esse é o mote que guia as obras expostas. Ao questionar a sacralização da arte e subverter imagens, Leirner encheu a cena clássica das meninas de Velázquez de ratos e insetos e fez Mona Lisa ganhar uma peruca de stickers.
A Superfície escolheu um projeto voltado ao grupo Poema/Processo para dialogar com o contexto político atual na ArtSampa. O movimento, que ocorreu durante a ditadura militar no Brasil, surgiu como um rompimento criativo com a comunicação institucionalizada na literatura, na poesia e nas artes plásticas. Estão presentes trabalhos de Álvaro de Sá, Neide Sá, Moacy Cirne e Falves Silva, além de O Brasil é meu abismo (1982), de Daniel Santiago.
Subsolo
No estande da Bordallo Pinheiro Brasil, saltam aos olhos as cerâmicas de Tunga e seus répteis com duas cabeças (ou dois rabos); os dedos coloridos saindo do acabaxi de A disciplina do sexo,de Carlito Carvalhosa; a releitura do beijo de Brancusi feita por Erika Verzutti entre um rabanete e um pimentão e figuras que lembram tentáculos de polvo, lançamento de Maria Klabin.
O estande de Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea reúne maioria de artistas mulheres — por acaso, segundo a própria galerista. São elas Caroline Veilson, Rosângelo Dorazio, Anna Paola Protasio, Bel Barcellos, Marcus André e Manoel Novello. Os delicados bordados de Bel Barcellos divagam sobre sonhos, angústias, escolhas, limites e afetos. No trabalho inédito da série Muda, ela aborda o tempo, o corpo como abrigo e o fluxo da vida, tecendo significados sobre a palavra “muda”. Segundo a própria artista: “Como ensinamento observado na natureza, as mudas nos apontam caminhos para renovação, transformação e crescimento”.
Janaina Torres – Galeria brinca com os limites do que é real e do que é ficcional e conta com curadoria de Heloisa Amaral Peixoto em seu estande. São cinco artistas expostos: Ricardo Siri, Osvaldo Carvalho, Kitty Paranaguá, Paula Juchem e Laiza Ferreira. Instigadas pela arquitetura da OCA, Heloisa e Janaina trouxeram também o círculo como um ponto em comum entre os artistas. Destaque para o diálogo entre as formas de Paula Juchem possíveis de serem observadas em suas esculturas e pintura.
Uma das paredes do estande da Rodrigo Ratton Galeria é inteiramente dedicada aos bonecos de madeira feitos pelo Mestre Geraldo Cabueta, escultor da região de Juazeiro do Norte, interior cearense. Eles dialogam com trabalhos de Maria Lira Marques que remetem a pinturas rupestres e obras do artista Desali, cujo intuito é promover contato entre a periferia e o universo da arte. O estande evidencia o espaço que finalmente vem sendo dado por museus e galerias para artistas não brancos, autodidatas e para além do sudeste.
O NFT estará presente nos estandes da Metaverse Agency, que apresentará obras de 11 artistas nacionais e internacionais em um espaço integrado de experiências imersivas, com realidade aumentada, projeções e holografia, e da Yaak Gallery, nascida no Metaverso. Visitantes do estande desta última, poderão, além de visitar as obras na galeria física, passear pela galeria no Metaverso a partir de um QR Code.
ArtSampa
Data: 16 (preview) a 20 de março
Local: OCA Ibirapuera
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 2
Funcionamento: de quarta a sábado, das 13h às 21h, domingo, das 12h às 20h
Ingresso: R$ 50 / R$ 25 pelo site www.artsampa.com.br/tickets