1. Allied with Power: African and African Diaspora Art no PAMM
Idealizado pelo escritório suíço de arquitetura Herzog & de Meuron para abrigar a coleção do argentino-americano Jorge M. Pérez, o Pérez Art Museum Miami é parada obrigatória na cidade. Além de abrigar importantes exposições itinerantes, o museu apresenta diferentes recortes da própria coleção que conta com nomes como John Baldessari, Olafur Eliasson, Dan Flavin, Joseph Cornell, Kehinde Wiley, Frank Stella, Diego Rivera, Damian Ortega, Joaquín Torres-García e Beatriz González, entre outros.
Há alguns anos, inspirado por sua formação em vários países latino-americanos, Pérez começou a colecionar obras de artistas cubanos e afro-latinos há vários anos – recebendo duas importantes doações em 2011 e 2012 que somavam 500 novas obras à coleção permanente. Recentemente, ele expandiu esse foco para incluir artistas de toda a diáspora africana e o resultado desta pesquisa pode ser visto e celebrado na coletiva Allied with Power: African and African Diaspora Art.
O resultado? Obras que incorporam diferentes possibilidades e complexidades diante de temas como representação, política, espiritualidade e raça. Dissolvendo fronteiras nacionais, os artistas da exposição aliam-se por meio de suas ancestralidades, representando um caleidoscópio de vozes que declaram sua autoridade. Entre os destaques estão Sonia Gomes, Nicholas Hlobo, Rashid Johnson, Isaac Julien, Arjan Martins, Zanele Muholi , Chéri Samba, Yinka Shonibare, Mickalene Thomas, Kara Walker, entre outros.
2.WITNESS: Afro Perspectives from the Jorge M. Pérez Collection, no El Espacio 23
Não satisfeito em expor sua coleção afro-diaspórica em Allied with Power, Jorge M. Pérez faz, esta ano, mais um statement decolonial ao convidar o curador zimbabuense Tandazani Dhlakama, curador assistente no Zeitz MOCAA, para idealizar uma coletiva no seu novo e badalado espaço expositivo, o El Espacio 23. WITNESS: Afro Perspectives from the Jorge M. Pérez Collection reúne mais de 100 obras de artistas africanos e da diáspora africana da coleção, abordando temas que giram em torno das ideias de opressão, trauma intergeracional, sincretismo, identidade e território.
O título da mostra é sugestivo: “Testemunhar é observar um ato, estar presente em um momento significativo. Pode envolver ver uma única transgressão, uma série de episódios cataclísmicos que imploram por interrogatório e introspecção. No entanto, também se pode testemunhar um instante regenerativo eufórico, um período de restituição”, explica o texto da mostra. Witness: Afro Perspectives convida os visitantes, portanto, a estarem presentes no momento atual e a testemunharem os desafios e traumas herdados por diferentes gerações.
Afinal, a experiência vivida pode ser carregada por muitas gerações e, nesse sentido, vale questionar o próprio conceito de “testemunha”. Ela pode estar implícita? Depende da proximidade e distância do assunto? Até que ponto o tempo e o espaço são intermediários, desafiando as fronteiras entre verdade, mito, imaginação e utopia? Será que a paisagem, a terra, é a testemunha mais objetiva de todos os tempos? É possível testemunhar, de forma palpável, a natureza cíclica da revolução, da crioulização e do deslocamento? Coletivamente, testemunhamos de diferentes pontos de vista. Para quem testemunhamos? Estes são alguns dos questionamentos sugeridos por Dhlakama ao selecionar as obras da mostra. Mas elas não serão necessariamente respondidas.
3. Betye Saar: Serious Moonlight, no IAC
Ícone da arte feminista negra, Betye Saar apresenta uma exposição no ICA que reúne obras em escala íntima das décadas de 1960 e 1970 – pense nas montagem de readymades e objetos encontrados que pontuam questões sobre raça e gênero. Em obras como The Liberation of Aunt Jemima (1972), por exemplo, a artista adicionou um rifle e um punho levantado ao familiar emblema comercial estereotipado. A ideia é alterar os objetos encontrados comercialmente a fim de destacar e desmantelar imagens racializadas que permeiam nosso cotidiano.
A exposição abriga, ainda, uma importante pesquisa sobre as instalações imersivas raramente exibidas de 1980 a 1998 baseadas na história da diáspora africana e na experiência afro-americana para criar monumentos tangíveis e poderosos que influenciaram profundamente artistas como David Hammons, Maren Hassinger e Senga Nengudi.
Influenciadas por viagens de pesquisa ao Haiti, México e Nigéria realizadas pelo artista na década de 1970, essas obras envolventes exploram conceitos de ritual e comunidade por meio de símbolos culturais e referências autobiográficas. Em House of Fortune (1988), o visitante vai se deparar com uma cena sinistra com uma mesa de cartas de tarô e bandeiras de Vodu como se fosse uma meditação sobre espiritualidade. The Ritual Journey e Wings of Morning (ambos em 1992) abordam as tradições de morte e luto.
4.Arte Povera, na The Margulies Collection
Um dos momentos mais importantes da História da Arte, a Arte Povera é homenageada pela The Margulies Collection cujas aquisições mais recentes foram pautadas pela cultura italiana do pós-guerra. Reunindo trabalhos de mestres como Alighiero Boetti, Pier Paolo Calzolari, Luciano Fabro, Jannis Kounellis, Giulio Paolini, Michelangelo Pistoletto, Mario Merz e Gilberto Zorio, a coletiva é uma ótima oportunidade para visualizar e compreender as motivaçòes e conceitos desenvolvidos pelo grupo apadrinhado por Germano Celant.
“Povera” é uma palavra italiana que significa “pobre” e o termo “Arte Povera” foi cunhado por Celant, na década de 1960, na Itália. Esse tipo de arte recebeu esse nome porque seus adeptos utilizavam materiais não-convencionais, orgânicos e, muitas vezes, precários como areia, pedras, jornais, cordas, feltro, terra e trapos. O uso dos materiais tem um objetivo claro: exprimir a poética da efemeridade, materialidade e espontaneidade.
O intuito era, também, “empobrecer” a obra e criticar a decadência da sociedade que se baseia no acúmulo de riquezas materiais.Trata-se, portanto, de uma crítica ao consumismo exagerado e dos processos industriais que marcavam a época.
Nesse sentido, os artistas da “Arte Povera” estavam bastante conectados com os que pesquisavam Performance e Land Art…todos buscavam formas alternativas de quebrar o sistema da arte que tratava a obra como um produto a ser publicitado com cunho fundamentalmente comercial. Também como na Land Art, os artistas da “Arte Povera” voltaram a atenção para as temáticas da natureza e seus derivados, rompendo com os processos e percepções industriais. Quer saber mais? Então visite a exposição.
5.Anselm Kiefer na The Margulies Collection
Kiefer é sempre Kiefer e sempre vale ver! A The Margulies Collection tem a maior coleção do artista dos EUA e quem visitar o museu essa semana também poderá conferir a mais nova aquisição da instituição: Leviathan und Behemoth, um trabalho fotográfico de seis metros. Um dos mais relevantes nomes do pós-guerra, Anselm Kiefer ficou conhecido pelas pinturas que misturam materiais como naturais como palha, cinza, argila e chumbo, tendo a fotofrafia como base para relatar, de forma bastante particular, a história alemã – marcada pelo horror do Holocausto – além de conceitos teológicos da cabala.
Pupilo do lendário Joseph Beuys, o artista desenvolveu um trabalho monumental e dramático, quase depressivo e destrutivo. Kiefer também tem uma forte conexão com a literatura: busca inspiração nos poemas de Paul Celan e usa escritos, personagens lendários ou lugares históricos em quase todas as suas pinturas.
6. James Turrel no Superblue Miami
“Meu trabalho é sobre o espaço e a luz que o habita. É sobre como você pode confrontar esse espaço.”, declarou o artista James Turrell. Se você visitar o Superblue Miami poderá experimentar e entender o que o artista quer dizer. Expoente do minimalismo americano, Turrell explora, desde os anos 1960, as formas de percepção e como o que é percebido afeta e forma a realidade vivida.
As instalações são criadas para aguçar o sentido da visão transformando o olhar para o que nos rodeia. É bastante conhecido pela série Skyspaces: espaços com um rasgo no teto e entrada de luz natural ou artificial ( geralmente colorida). Também é famoso por idealizar uma land art bastante esperada: Em 1979, Turrell adquiriu um vulcão no Arizona e, desde então, passou a mover toneladas de terra para construir túneis e aberturas que transformarão esta cratera em um enorme observatório a olho nu para a experiência de fenômenos celestes.
Para Miami, ele criou um túnel que termina num quadrado luminoso rosa – Bridget’s Bardo é uma experiência mágica que você não pode perder.
7.”Just Breathe…”, no espaço pop up do The55project
Uma exposição só com artistas brasileiros sobre respeito, responsabilidade e coletividade. “Just Breathe…”, com curadoria de Felipe Hegg, promete mostrar uma nação consciente de que precisamos trabalhar juntos, respeitando a nossa própria pluralidade, para construir um futuro melhor.
Na série “Brasões”, Kika Carvalho pinta pipas que foram realmente confeccionadas e doadas para crianças no Morro da Piedade, em Vitória, onde a artista vive e trabalha, e demais localidades da cidade e país como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. As geometrias de cada pipa representam Exu e Yansan, entidades da Umbanda e Candomblé. Trata-se de uma tentativa de retomar símbolos do sagrado pertencentes ao movimento afro diaspórico que são afastados da população afro-brasileira, sobretudo das crianças. O trabalho acaba dando, ainda, visibilidade à cultura negra e propondo uma reconexão das crianças com sua ancestralidade. Entre os destaques da coletiva também estão Alice Quaresma, Mano Penalva, Marina Weffort, Rafael Baron e Regina Parra.