O ano já recomeçou trazendo boas novidades. Como vocês já sabem, o AQA é fã de cinema e quando o assunto é a produção e vida de artistas, fica melhor ainda. Por isso, passamos por aqui para dar uma dica boa: a Almeida & Dale Galeria de Arte está organizando em seu canal de youtube uma mostra de curtas feitos por e sobre artistas como Waltércio Caldas, Maria Leontina, Flávio de Carvalho, Mário de Andrade, Mestre Didi, Leonilson, entre outros.
Poéticos, documentais ou conceituais, a seleção traz filmes lançados em diferentes épocas que despertam uma relação singela com a arte brasileira do século XX. Cada semana eles disponibilizam um filme que fica no ar de quarta a domingo.
Hoje é a estreia de Maria Leontina – Gesto em Suspensão, documentário poético produzido em 2004 por Alexandre Dacosta, filho da artista, com imagens de suas telas e cadernos de desenhos, textos intimistas de autoria de Maria Leontina, interpretados pela atriz Marília Pêra e filmes Super 8 da década de 1970 que mostram a artista com seu marido, o pintor Milton Dacosta. Exibido em mais de uma dezena de festivais pelo Brasil, o filme recebeu o Prêmio de Melhor Edição do Recine – Festival Internacional de Cinema de Arquivo – Rio de Janeiro.
Semana que vem, a partir do dia 19 de janeiro, você poderá ver uma seleção única de imagens de Flávio de Carvalho. Sob direção de Alfredo Sternheim o documentário curta-metragem editado em 1968 traz registros raros de Flávio de Carvalho em sua residência, construída e projetada por ele entre 1936 e 1938 como sede da Fazenda Capuava em Valinhos.
Além do próprio Flávio de Carvalho, o filme conta com os depoimentos de José Geraldo Vieira (escritor e crítico, Integrante da Academia Paulista de Letras), Yara Bernette (pianista de projeção internacional e retratada por Flávio) e João Carvalhal Ribas (Professor Doutor, um dos fundadores das psiquiatria paulista). Apresenta os momentos mais significativos na trajetória do artista, o experimentalismo de vanguarda e polêmico, assim como sua personalidade controversa.
A partir do dia 26 de janeiro, estará disponível o filme A casa do Mário, onde Luiz Bargmann apresenta a residência de Mário de Andrade, na Rua Lopes Chaves, 546, na Barra Funda, São Paulo. Com imagens de arquivo, filmes, fotografias e peças de sua coleção de artes, livros e discos, a produção cinematográfica traz um olhar sobre a morada do escritor – o espaço de vivência familiar, social e de trabalho, que marcou sensivelmente o ilustre paulistano em grande parte de sua vida, de 1921 a 1945, quando faleceu.
A programação segue em fevereiro! A partir do dia 2 estará disponível o documentário dirigido em 1970 por Olívio Tavares de Araújo sobre o artista plástico Farnese de Andrade, que constrói objetos ‘assemblages’ a partir da reunião de diversas matérias-primas: peças de antiquário, caixas, oratórios, fragmentos, imagens e bonecos. A câmera o acompanha em sua tarefa de recolher esses elementos, depois na fabricação de um objeto, observa-o dentro de sua casa e finalmente, contempla o resultado da criação. Na trilha, em off, um depoimento com as confidências do artista. Farnese dá vazão a uma visão peculiar, densa e pessimista da vida. Trata do risco da catástrofe atômica, da solidão e incomunicabilidade humanas e da morte. Pertence ao universo do belo terrível.
Na semana seguinte, dia 9 de fevereiro, é a vez de Alápini – A Herança Ancestral de Mestre Didi Asipá , com direção de Silvana Moura, Emilio Le Roux e Hans Herold. A obra é uma homenagem ao escultor, escritor e supremo sacerdote reconhecido mundialmente pela sua produção artística, intelectual e do seu papel fundamental na preservação da cultura afro-brasileira. O documentário revive a história do sacerdote através das memórias e relatos dos membros do terreiro Asipá e de sua família, pessoas que conviveram bem de perto com ele.
Last but not least, no dia 16 de fevereiro é a estreia do Com o oceano inteiro para nadar‘, curta-metragem sobre a vida e obra de Leonilson, dirigido em 1997 por Karen Harley. O filme expõe o universo poético e intimista do artista reunindo fragmentos de um diário gravado por ele entre 1990 e 1993, onde Leonilson fala de arte, sexo, memória e poesia. Anota na agenda para não perder!