O Los Angeles County Museum of Art (LACMA) inaugurou em 2022 a exibição Black American Portraits, co-curada por Christine Y. Kim e Luz Andrews, provocando um burburinho tão significativo quanto a tarefa a que se propõe: traçar uma linha do tempo do retrato no universo da comunidade negra estadunidense, a partir de uma pintura rara de 1800. Assim, oferece um vislumbre de como é a narração do país nos retratos criados pelos negros norteamericanos.
Quarenta e cinco anos depois da icônica Two Centuries of Black American Art, curada por David Driskell também no LACMA, Black American Portraits atualiza a proposta dos artistas negros estadunidenses de utilizar os retratos para criar uma representação a partir do olhar sobre si mesmos.
A exposição abrange retratos em diversos de suportes, que incluem o daguerreótipo, o ferrótipo e outras técnicas antigas de fotografia, e contrapõe o viés da cultura visual que recorrentemente espetaculariza e fetichiza o sofrimento negro, ao evocar amor, abundância, comunidade e exuberância. Incluindo obras em preto e branco de fotógrafos contemporâneos como Roy DeCarava e Dawoud Bey, a mostra aproveita a oportunidade para imprimir nova forma de relação entre a fotografia e os corpos negros, historicamente ligadas a empreitadas científicas que tratava os sujeitos retratados como meros objetos.
A coletiva conta, ainda, com uma seção de pinturas monumentais impressionante, incluindo trabalhos de artistas como Barkley L. Hendricks, Amy Sherald, Kehinde Wiley e Mickalene Thomas. O resultado é não só um panorama formal da história da arte na pintura figurativa, mas também a história da amizade entre artistas trabalhando dentro de uma mesma tradição.