Uma casa branca, com um volume semicircular protuberante na fachada, coroado por uma marquise redonda apoiada numa coluna central, que atravessa todo o volume da casa e se solta no andar térreo, marcando o plano de entrada. Importante expoente do movimento modernista em São Paulo, a casa-óvni, inaugurada em 1938, faz parte de um conjunto de 17 residências projetadas por Flávio de Carvalho em um terreno de sua família entre a Alameda Lorena e a Alameda Ministro Rocha Azevedo. A chamada Vila Modernista começou a virar um hub cultural com a chegada de Maria Monteiro e sua Sé Galeria; e, em seguida, chegou no local a turma do projeto C.A.M.A. Hoje, a lendária casa a situada na esquina do conjunto, onde o próprio Flávio manteve uma loja onde vendia laticínios produzidos na sua fazenda, abriga a nova sede da Bergamin & Gomide, que anunciou recentemente novos investimentos no mercado primário, representando nomes como Lenora de Barros e Pedro Caetano.
Para inaugurar o novo espaço expositivo, Antonia Bergamin e Thiago Gomide escolheram peças de José Resende, que apresenta peças criadas desde 1975 até duas obras inéditas criadas em diálogo com o espaço urbano e a própria arquitetura de Flávio de Carvalho. Desde o trabalho feito para a entrada da construção até a obra no principal cômodo da casa, o artista conduz o olhar do espectador-transeunte o tempo inteiro para as linhas de Carvalho – instigando uma interessante percepção do espaço. Entre os destaques do trabalho de Resende, está a “noção de continuidade na estrutura”, como ressaltou Rodrigo Naves, que é construída de modo que suas partes apareçam como um todo, apesar de haverem secções e colagens dos materiais.