Michelangelo Pistoletto é indicado ao Prêmio Nobel da Paz 2025 por seu impacto na arte e na sociedade

Artista italiano e ícone da Arte Povera, Pistoletto é reconhecido por seu compromisso com a inclusão e a transformação social

por Carolina Reis
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Michelangelo Pistiletto. Foto: João Gomes Caldas Filho

A nomeação de Michelangelo Pistoletto para o mais importante prêmio mundial é um reconhecimento não só do seu trabalho artístico mas também do esforço de sensibilização e do empenho que o artista dedicou e continua a dedicar à construção de um mundo mais justo, inclusivo e pacífico.

Nascido em Biella, Itália, Pistoletto é um dos nomes centrais da Arte Povera, movimento dos anos 1960 que subverteu a lógica do mercado ao transformar materiais comuns e transitórios em arte, questionando tanto a cultura de consumo quanto as instituições tradicionais. Além das suas famosas pinturas espelhadas, Pistoletto criou esculturas e instalações que utilizam materiais simples e cotidianos, ampliando as possibilidades da arte para além dos suportes tradicionais, além de sempre trazer uma crítica irônica e bem humorada à aspectos da sociedade.

Uma das peças mais conhecidas nesse contexto é “Venere degli stracci” (Vênus dos Trapos), de 1967. A escultura traz uma réplica clássica de Vênus diante de uma pilha de roupas usadas, criando um choque entre a idealização do corpo na antiguidade e os excessos descartáveis da modernidade. A justaposição sugere um embate entre permanência e decadência, beleza e consumo desenfreado. Em 2023, uma versão da obra em Nápoles foi incendiada e reacendeu debates sobre os limites da arte pública e os ataques a símbolos culturais.

Em 1998, Pistoletto fundou a Cittadellarte – Fondazione Pistoletto, um centro dedicado ao desenvolvimento social baseado na criatividade artística, que desde então fomenta a cultura local.

O Prêmio Nobel da Paz é concedido anualmente pelo Comitê Norueguês do Nobel a pessoas ou organizações que tenham contribuído para a promoção da paz mundial. Criado por Alfred Nobel, químico, engenheiro, inventor, empresário e filantropo sueco, o prêmio tem sido concedido desde 1901 a líderes, ativistas e instituições que lutam contra conflitos, promovem os direitos humanos e incentivam a cooperação internacional. O anúncio do vencedor se dará entre outubro e o evento da premiação, previsto para acontecer em dezembro.

A escolha de Michelangelo Pistoletto para o Nobel da Paz coloca a arte no centro das transformações globais, alinhando-se ao legado do prêmio de reconhecer indivíduos e instituições que trabalham ativamente para um futuro pacífico para a humanidade.

Michelangelo Pistoletto comemora a inauguração de sua “Eleven Less One” (2014), na Kunsten Gitte Ørskov em 2016

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