Sempre na hora de escolher um título na Netflix você fica horas procurando algum que valha a pena? Então aqui vai uma indicação de 30 minutos muito bem investidos, que agrada a todos os gostos!
Abstract é uma série original da Netflix cujos episódios mostram o dia a dia de diversos artistas do ramo do design, assim como suas mais famosas criações, influências e algumas histórias de suas vidas. Criada pelo ex-editor-chefe da Wired, Scott Dadich, a série conta com duas temporadas, a primeira tendo sido lançada em fevereiro de 2017 e a segunda em setembro de 2019. A série toda é incrível e vale muito a indicação, mas o nosso assunto de hoje é o primeiro episódio da segunda temporada: Olafur Eliasson: o design da arte.
Artista dinamarquês-islandês é conhecido por esculturas e instalações de arte em larga escala, empregando materiais elementares como luz, água e temperatura do ar para aprimorar a experiência do espectador. Em 1995, ele fundou o Studio Olafur Eliasson em Berlim, um laboratório de pesquisa espacial. Em 2003, ele representou a Dinamarca na 50ª Bienal de Veneza e, mais tarde naquele ano, instalou o The Weather Project no Turbine Hall da Tate Modern, em Londres.
“Quero criar um experimento com você. Isso quer dizer que vamos colaborar.” Com essas palavras, o artista começa o episódio se dirigindo diretamente a nós que estamos assistindo. “Você é meu coautor”, ele continua, e com essa interação ele ainda sugere para pararmos de olhar para a tela onde estamos assistindo, e passarmos a perceber nosso espaço com alguns exercícios extremamente simples que ele nos guia. O episódio altamente interativo não depende de recursos como outros títulos do streaming onde em determinado momento surge na tela duas decisões a serem tomadas e você precisa clicar em uma delas. A tecnologia utilizada pelo artista é extremamente analógica e simples, como o uso de uma folha de sulfite, espelhos e um convite à atenção. Aliás, Eliasson é um artista que trabalha com site-specific, ou seja, ele está sempre pensando sobre o espaço e a relação com o visitante, e por isso num episódio da Netflix não poderia ser diferente, ele não esquece como plataforma influencia na sua compreensão e percepção do seu arredor. Com tudo isso, ele consegue explorar a potência máxima de cada elemento mínimo, como a cor.
Ao acompanharmos o processo criativo do artista em seu ateliê, recebemos mais uma chuva inspiradora! E por falar em inspiração, Eliasson subverte a ideia comum criação que vem de uma força impetuosa que nos toma subitamente, como uma espécie de aura de artista: “Eu tenho ideias quando trabalho duro”, ele diz.
Com tantas questões que o artista levanta, ele ainda explica que seu papel é garantir que seus trabalhos sejam uma obra de arte, a equipe se encarrega do ‘como’ e ele do ‘por quê’. Ao final, Eliasson fecha o episódio perguntando gentilmente ao espectador: por que você está assistindo esse episódio? O que há nele para você? O que você está realmente fazendo aqui? E mais uma vez suas questões nos levam a contemplar os espaços que ocupamos. Suas sugestões nos permitem pensar sobre o que percebemos como realidade e atuam como um lembrete para considerar uma infinidade de perspectivas ao criar uma obra de arte. Esse episódio da Netflix quase consegue ser tão imersivo quanto as obras do artista.