No ano dedicado às histórias afro‑atlânticas no MASP — as histórias dos fluxos e dos refluxos entre a África e as Américas através do Atlântico —, a exposição de Maria Auxiliadora (1935‑1974) assume uma urgência. A pintura delicada, precisa e pungente da artista retrata seu cotidiano e sua cultura, atravessando muitos temas afro‑brasileiros: a capoeira, o samba, a umbanda, o candomblé, os orixás. Maria Auxiliadora representa também o dia a dia de seus familiares e de seus amigos nos subúrbios de São Paulo, especialmente nos bairros da Brasilândia e da Casa Verde. De origem humilde, descendente de escravizados, Maria Auxiliadora inventa um outro modo de pintura, longe dos preceitos acadêmicos e modernistas. Uma técnica singular se tornou sua assinatura: mediante uma mistura de tinta a óleo, massa plástica e mechas do seu cabelo, a artista construía relevos na tela. Num contexto e numa cultura em que, na história da arte, as coleções de museus são dominadas por representações e gostos eurocêntricos, brancos e elitistas, a obra de Maria Auxiliadora ganha o sentido de resistência.
“Maria Auxiliadora: vida cotidiana, pintura e resistência”
Curadoria: Adriano Pedrosa e Fernando Oliva
Abertura: 09/03
Visitação: até 10/06; terça a domingo, 10h-18h; quinta, 10h-20h
MASP: Avenida Paulista, 1578, São Paulo. Ingressos: R$ 35,00 (inteira) e R$ 17 (meia); grátis às terças