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Luiz Sacilotto tem individual com recorte entre 1970 e 2000 na Almeida e Dale

Exposição com curadoria de Denise Mattar e Gabriel Pérez-Barreiro coloca olhar especial acerca da produção do artista, incluindo também alguns de seus pigmentos e escalas cromáticas como usava no ateliê

por Jamyle Rkain
Sacilotto, C 8722, 1987. Obra de Coleção Particular

Desde 2020, a Almeida e Dale Galeria de Arte passou a representar o espólio do artista Luiz Sacilotto (1942-2003). O artista, que trabalhou com pintura, escultura e desenho, foi um dos maiores nomes do concretismo brasileiro. A mostra individual Sacilotto – A Vibração da Cor tem inauguração em 28 de agosto na sede da galeria em São Paulo e será estendida até 23 de outubro. Com curadoria de Denise Mattar e Gabriel Pérez-Barreiro apresentará uma seleção de cerca de 50 obras que o artista produziu entre os anos de 1974 e 2003. Para visitar a exposição, é preciso fazer agendamento prévio.

A ideia de fazer esta mostra, conta Mattar, surgiu ainda antes do acerto da galeria com o espólio do artista. No início da pandemia, a curadora realizou algumas lives nas redes sociais da Almeida e Dale, sendo uma delas sobre Sacilotto, suscitando ainda mais uma vontade de realizar esta exposição. Ela conta ao ARTEQUEACONTECE que esta exposição é apenas uma faceta do artista, parte de uma série de ações que a galeria está fazendo, que inclui um livro que conta com 250 obras, passando por toda a trajetória do artista. O volume trará obras de museus de todos os cantos, desde o MoMA até o MAM Rio, além de alguns pertencentes a várias coleções particulares importantes.


Na exposição na Almeida e Dale, os curadores optaram por trabalhar apenas o segundo momento da produção do artista, que compreende um período entre as décadas de 1970 e 2000. Apesar disso, o visitante também poderá ver um trabalho do artista realizado no início de sua carreira, nos anos 40. Mattar explica que o Sacilotto tem vários momentos, começando como expressionista (como a grande maioria de sua época). Mas desde o início sempre teve o concretismo em seu íntimo, sendo o que ela chama de “concretista de raiz”, em seu íntimo.

Mas o artista só adentrou o movimento concretista quando conheceu Waldemar Cordeiro, que categorizou Sacilotto como ‘a viga mestra da arte concreta’. “Quando ele conhece o Cordeiro, ele já trabalhava na industria, como letrista, então já tinha essa paixão pela precisão e começa a fazer parte de todo o movimento concreto”, explica a curadora.

O momento da produção do artista que a Sacilotto – A Vibração da Cor abrange é quando ele volta a pintar nos anos 70, após quase 10 anos parado, até o final de sua vida, em 2003. A curadora acredita que a erupção da pop art e a exigência por uma arte política que começa a ganhar mais espaço a partir dos anos 60 tenha deixado Sacilotto incomodado: Ele não fica completamente fora do circuito de arte, porque ele continua trabalhando em júri de salão, indo às exposições”, comenta Mattar. Mas o artista volta a pintar apenas em 1974, depois de ter parado por volta de 65.

A exposição também faz uma espécie de contraponto trazendo obras monocromáticas do artista e obras que misturam cores. A primeira produção do artista nos 70 é totalmente monocromática. Além disso, é um conjunto de obras onde ele vai por um caminho totalmente cinético, da op art (Arte Óptica). “Em termos da op arte, sem dúvida Sacilotto foi o artista brasileiro mais importante. Foi o que fez as pesquisas mais aprofundadas e que alcançou resultados mais excepcionais”, declara a curadora.

C 7451, 1974. Coleção Fundação Edson Queiroz – CE

Ao final dos anos 70, Sacilotto começa a voltar à cor. Em uma obra de 1979, que ele faz em homenagem a Volpi, ele já faz mais o uso da cor. Mas é em 81, comenta Mattar, que ele redescobre a cor e se apaixona perdidamente pela ela, fazendo escalas cromáticas, estudos, catalogando pigmentos e descobrindo novos pigmentos. Esse rigor do artista é trazido para a exposição também tem uma recriação de um espaço do ateliê de Sacilotto, onde estão dispostos esses pigmentos e as escalas: “Nesse momento, ele reencontra a cor que ele já trazia em sua obra nos anos 40. Assim, colocamos esse estande com os pigmentos todos, as escalas e uma obra de 1949”. Rigoroso e da precisão, conseguia reproduzir a mesma cor várias vezes, tendo tudo devidamente anotado, muito bem listado.

Em 1983, o artista começa a fazer quadros em escalas menores, experimentando as proporções. É aí que realiza algumas obras iguais em pequena em grande escala. Ou fazia primeiro o quadro pequeno e depois o grande, ou vice-versa. “Ele junta toda essa pesquisa da cor com essa pesquisa de ritmo, de composição, de vibração e brinca com as intensidades luminosas, conseguindo criar efeitos em 3D apenas com o uso das cores diferentes e naturalmente com a composição, criando um universo onde tudo se move”.

Em 1994, ele sofre um AVC e continua pintando, mesmo que em uma periodicidade menor. Até que um dia, ao se deparar com uma pessoa trabalhando com recortes de vinil, se interessa pelas colagens. Os curadores optaram, portanto, em dedicar uma parede da exposição totalmente a essa produção. São 16 dessas colagens juntas, agrupadas em pares que dialogam entre si.

Sacilotto – A Vibração da Cor
Curadoria de Denise Mattar e Gabriel Pérez-Barreiro
Data: de 28 de agosto a 23 de outubro
Local: Almeida & Dale Galeria de Arte (Rua Caconde, 152 – Jardim Paulista, São Paulo – SP)
Visitação mediante agendamento pelo link: https://forms.gle/JirXvMFsaSL2DJnh8 

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