Luciana Brito apresenta mostra dedicada à obra de Geraldo de Barros

Intitulada Objetos-Forma, a exposição reúne obras inéditas para resgatar um momento fundamental da trajetória do artista

por Beta Germano
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Geraldo de Barros, Da retomada de alguns objetos-forma da arte concreta, N.o 63, 1979/2022
Geraldo de Barros, Da retomada de alguns objetos-forma da arte concreta, Nº 63, 1979/2022

Expoente da arte concreta brasileira e pioneiro na fotografia abstrata, Geraldo de Barros é um dos maiores nomes da nossa arte contemporânea e seu enorme legado repercute até os dias de hoje. Para celebrar esta trajetória, a Luciana Brito Galeria inaugura amanhã, dia 9 de agosto, a exposição Objetos-Forma, que reúne obras inéditas com o objetivo de resgatar um momento fundamental na carreira do artista: sua participação na 15ª Bienal de São Paulo, em 1979. 

A ideia do artista consistia em proporcionar ao público a possibilidade de reproduzir sua própria obra de arte. Ele, então, apresentou na Bienal cinco pinturas a óleo sobre madeira  laqueada de poliuretano, acompanhadas do manifesto Da retomada de alguns objetos-forma da arte concreta que trazia ideias relacionadas à Arte Concreta (Projeto/Objeto-pintura) associadas à possibilidade de produção em larga escala, própria da industrialização. Por meio desta espécie de “manual de instruções”, o artista ofereceu ao público, de forma inédita, não apenas todos os  elementos para a reprodução de sua própria obra de arte, mas também as particularidades de cada um dos projetos de forma a “autorizar” que as pessoas também pudessem elaborá-los, eliminando assim o objeto-único. 

Geraldo de Barros, Da retomada de alguns objetos-forma da arte concreta, Nº 62, 1979/2022

Geraldo de Barros começou a estudar e a se interessar por arte em meados de 1940, enquanto ainda seguia carreira de economista trabalhando para o Banco do Brasil. Suas primeiras obras de destaque faziam parte da série Fotoforma, de fotografias abstratas, exibida pela primeira vez em 1951 no MAM de São Paulo. A natureza inconvencional de seu trabalho lhe rendeu uma bolsa de estudos que lhe permitiu estudar e trabalhar na Europa. 

Lá ele se interessou particularmente pela teoria da Gestalt e pelas formas geométricas da arte concreta, voltando ao Brasil inspirado por elas e fundando, mais tarde, o Grupo Ruptura ao lado de Waldemar Cordeiro, Luís Sacilotto, entre outros. O objetivo do grupo era alinhar a arte brasileira com todo o movimento de modernização que tomava o espírito dos anos 1950. Já em 1954, ele fundou a Unilabor, uma cooperativa utópica devotada à construção de mobiliários modernos. A trajetória artística de Geraldo de Barros desbravou o caminho da multidisciplinaridade, seguindo uma evolução coerente não apenas dentro de sua própria pesquisa, como também com os contextos político, social e da própria história da arte no Brasil. 

A presente mostra, que é inaugurada pouco tempo depois da enorme individual dedicada ao artista no Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Genebra, na Suíça, apresenta ao público um conjunto de 66 serigrafias inéditas intituladas Objetos-Forma, que resgatam a ideia do artista em proporcionar ao público a possibilidade de reproduzir sua própria obra de arte. A mostra também reúne outros trabalhos que contextualizam essa pesquisa de Geraldo de Barros, como algumas pinturas concretistas dos anos de 1950 e obras em fórmica mais recentes, produzidas a partir de 1970, quando ele abandona temporariamente os pincéis e as telas e começa a usar novos materiais.

Serviço 

Objetos-Forma

Local: Luciana Brito Galeria

Endereço: Av. Nove de Julho, 5162 – São Paulo

Data: De 9 de agosto a 10 de setembro de 2022

Funcionamento: Terça a sexta, das 10h às 19h. Sábados das 11h às 17h. 

Ingresso: Grátis

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