“O que é beleza?” pergunta a artista, curadora e escritora Deborah Willis na introdução do seu livro Posing Beauty: African American Images from the 1890s to the Present. “É tangível? Como a noção de beleza é idealizada e explorada na mídia, na cultura hip-hop e na arte? A beleza negra é um condicionamento? A beleza importa?” continua no texto de abertura da publicação que chamou de “manifesto retroativo”.
Este livro é um must have para quem se interessa por arte e por como as noções de beleza são construídas. Ao longa das páginas você irá compreender um panorama traçado pela autora com as várias maneiras pelas quais os artistas conceberam a beleza negra, desde experimentos modernistas iniciais até trabalhos mais recentes de nomes como Lorna Simpson, Bayeté Ross Smith, Carrie Mae Weems, Carl Van Vechten (apesar de ser branco, o fotógrafo bebeu muito das fontes Malick Sidibé e Seydou Keïta) e seu filho Hank Willis Thomas.
Vale lembrar que este livro foi escrito em 2009, muito antes de muitos curadores e historiadores americanos terem começado a pensar sobre essas questões. Ou seje: já é um clássico. Willis é uma daquelas mulheres que podemos dizer que está “à frente de seu tempo” há muito tempo! Ela entendeu o poder da fotografia de fornecer conectividade, acesso e inspiração bem antes do início das mídias sociais
Como estudante na década de 1970, Deborah Willis percebeu que imagens de beleza negra, feminina e masculina, simplesmente não existiam na cultura mais ampla. Determinado a corrigir esse desequilíbrio, Willis examinou tudo, desde diários de mulheres vintage a jornais destinados às comunidades negras, e começou o que se tornaria uma busca e questionamentos de uma vida. Com mais de duzentas imagens capturadas, muitas inéditas, Posing Beauty recupera um mundo surpreendente: imagens de Billie Holiday e Josephine Baker retomam um passado nostálgico; Angela Davis e Muhammad Ali nos levam à era dos direitos civis; e, Denzel Washington, Lil ‘Kim e Michelle Obama celebram a imagem negra do presente.
O livro de Willis, no entanto, não apenas celebra a vida dos famosos, também captura anônimos na barbearia, o concurso de musculação e a noite do baile, especialmente no Harlem. Em um texto sobre o trabalho do fotógrafo Dawoud Bey, Willis declara: “O Harlem era e ainda é um lugar animado para ser visto e fotografado, para morar e visitar. As fotografias instigantes de Bey desempenharam um papel crucial na definição e enquadramento dessa comunidade, um mundo em si mesmo dentro da cidade que nunca dorme.”
Em seu primeiro livro Black Photographers 1840 to 1940: An Illustrated Bio-Bibliography, publicado em 1985, Willis “desenterrou” um século de artistas esquecidos e suas fotos que reformulam decisivamente a imagem do negro no mundo. Quatro anos depois ela publica Black Photographers Bear Witness: 100 Years of Social Protesthttps://www.amazon.com/-/pt/gp/product/0819566128/ref=ox_sc_act_title_2?smid=A2SHAYNCS1ZASF&psc=1 – o catálogo de uma exposição que ela organizou no Williams College Museum of Art. A autora e educadora também foi responsável por curar exposições que destacaram o significado histórico das imagens de criadores de conteúdo negros, além de mostrar o trabalho de artistas como Renee Cox, Lonnie Graham e Malick Sidibé.