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Jesse Wine abre exposição no Sculpture Center, em Nova York

O escultor inglês explora o significado do ócio na paisagem urbana capitalista que exige produtividade e não nos deixa dormir de verdade

por Beta Germano
Jesse Wine
Jesse Wine

Como nos envolvemos com a cidade ao nosso redor? A ideia de ficar parado em ócio, porém sempre alerta, tendo como pano de fundo uma cidade que parece nunca parar como São Paulo, Londres ou Nova Iorque foi o ponto de partida para o escultor Jesse Wine elaborar a exposição Imperfect List, no Sculpture Center. 

O ócio, segundo o artista,  funciona como meio termo entre o movimento e a estagnação. Portanto, as obras tomaram forma a partir da exploração de duas ideias iniciais abrangentes: o que significa estar ocioso e como uma crescente falta de sono se relaciona com a proliferação do capitalismo.

Jesse Wine
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O artista elaborou, então,  uma série de esculturas que remetem aos sonhos interrompidos causados ​​pela necessidade cada vez maior de produtividade: suas já famosas esculturas anamórficas de cerâmica lembram seres em sono profundo. Perto dali, duas esculturas monumentais de pernas longas se reúnem casualmente enquanto os veículos passam abaixo. “Em toda parte, membros e objetos que parecem estar submissos ou ociosos, mas sempre evocam uma matriz agitada de aspirações reprimidas: mudar-se do lar de infância para a cidade; acasalar-se, para reconciliar esforços produtivos com sexualidade não (re) produtiva; e, estar de plantão caso surja uma oportunidade de sucesso”, ressalta o texto curatorial da mostra. 

Jesse Wine
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Wine também questiona como a ideia de dormir se aplica à tecnologia – o que significa para um computador estar dormindo, o que significa estar dormindo quando nossos avatares digitais estão sempre acordados e prontos para partir. “De uma forma ou de outra, a vida nunca dorme”,  ressalta o artista para o WWD. Esta ideia apresentou-se pela primeira vez sonoramente fora de seu antigo estúdio, localizado próximo a uma área de espera para grandes caminhões. Os motoristas descansam e deixam os caminhões parados por horas antes de sua partida. Ao ver os caminhões parados, o artista lembrava de um computador em sleep mode – nem ligado nem desligado, mas em um estado intermediário, pronto para voltar à produtividade a qualquer momento.

“É claro que é impossível discutir Nova York no momento sem reconhecer a estranha calma que tomou conta de suas ruas enquanto dentro dos hospitais, o caos se instala”, pondera o texto para a imprensa. Embora Wine não pudesse ter previsto que seu show coincidiria com um global pandemia, seu trabalho torna-se ainda mais importante agora – afinal, quem não se sentiu sufocado, principalmente no início do isolamento, pelo ócio que veio de mãos dadas com uma necessidade absoluta estar alerta e produtivo? 

Jesse Wine
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