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Obra de Jeane Terra carrega memória de cidade engolida pelo mar

Artista apresenta a individual “Escombros, peles, resíduos” na Simone Cadinelli Arte Contemporânea, onde a visita deve ser agendada ou pode ser feita via tour virtual em 3D

por Jamyle Rkain
Jeane Terra, Quimera Submersa. FOTO: Foto Vicente de Mello

Aberta no dia 8 de março na sede da galeria Simone Cadinelli Arte Contemporêanea no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, a exposição Escombros, peles, resíduos, de Jeane Terra, ganha agora uma extensão em plataforma digital. Para que a mostra, a maior já realizada pela artista, possa ser vista por um público maior, a galeria abriu espaço em seu site para que o visitante possa realizar um tour virtual em 3D pela exposição.

Com a curadoria desenvolvida por Agnaldo Farias, a mostra ocupa todas as salas da galeria carioca, com obras que a artista produziu a partir de uma residência de um mês que realizou no distrito de Atafona, que fica no litoral norte do estado.

Jeane Terra, Alma Submersa. FOTO: Vicente de Mello

Esse ponto é bastante relevante para se compreender esse conjunto de trabalhos de Jeane, pois o local está sendo destruído pelo mar, que tem engolido partes de Atafona. Esse tem sido registrado como um dos desastres ambientais de erosão costeira mais críticos que já ocorreram no Brasil, sendo causado por fatores como as mudanças climáticas e a ação humana.

A partir da pesquisa realizada ali, com observações constantes e contato diário com os moradores da região, ela criou instalações, esculturas e objetos. Além disso, Jeane desenvolveu monotipias em pedaços de escombros submersos a partir de silicone. Essas obras estão todas na exposição junto a trabalhos feitos por meio do processo de “pintura seca” ou “pele de tinta”, que foi criado pela artista.

Jeane Terra, Horizonte Náufrago. FOTO: Vicente de Mello

No texto curatorial da exposição que pode ser conferido também no site da galeria, o curador aponta que os acontecimentos que levaram à produção desses trabalhos “chamam a atenção para o fato de que tudo o que foi, é e será construído, irá se transformar em ruína”.

Em sua reflexão, ele pontua que tudo isso “é apenas uma questão de tempo, do tempo que habita as coisas”. Tudo isso vem de encontro à trajetória de Jeanne, que abarca em suas investigações artísticas as subjetividades da memória, bem como nuances da transitoriedade das cidades e destroços de um tempo.

A exposição também pode ser visitada no espaço físico da Simone Cadinelli Arte Contemporânea. Para visitá-la presencialmente, é preciso realizar agendamento prévio, que pode ser feito por telefone (21 3496-6821 e 21 99842-1323 – WhatsApp) ou email (contato@simonecadinelli.com). A galeria segue protocolos anticovid, tendo obrigatoriedade do uso de máscaras. São disponibilizados tapete sanitizante na entrada e frascos de álcool gel pelos espaços da galeria.

Jeane Terra: Escombros, peles, resíduos
Data: até 29 de maio de 2021
Local: Viewing room online ou presencialmente, mediante agendamento, na Simone Cadinelli Arte Contemporânea (R. Aníbal de Mendonça, 171 – Ipanema, Rio de Janeiro)
Mais informações: www.simonecadinelli.com

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