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Jaider Esbell inaugura individual com 60 obras na Galeria Millan

Esbell destaca-se na cena contemporânea como um dos mais importantes artistas de origem indígena do país; exposição parte da ideia de artivismo e pode ser visitada até 20 de março

por Jamyle Rkain

Na primeira exposição que inaugura no ano de 2021, a Galeria Millan surpreende de forma muito positiva ao anunciar uma individual do artista e curador Jaider Esbell, no espaço Anexo Millan, em São Paulo. Ele é um dos artistas de origem indígena que mais tem despontado na cena da arte contemporânea, tendo obras em importantes coleções privadas e institucionais. Também é preciso destacar seu papel central como articulador no movimento que tem consolidado a Arte Indígena Contemporânea nos últimos anos no que diz respeito ao contexto brasileiro, reunindo artistas de diferentes etnias em uma rede fundamental.

Intitulada Apresentação: Ruku, a mostra exibirá 60 trabalhos de Esbell, que também atua como escritor, educador, ativista, promotor e catalisador cultural. A curadoria ficou por conta dele próprio, que contou com auxílio da antropóloga e pesquisadora Paula Bebert, com obras que falam bastante sobre a trajetória do artista que entrelaça pintura, escrita, desenho, instalação e performance.

Esbell é de origem macuxi, que vive na em uma vasta região que tem como ponto inicial o Monte Roraima, se estendendo pelo Venezuela e Guiana. Sua jornada nas artes plásticas de forma profissional começou de maneira autodidata em 2011, após realizar o livro Terreiro de Makunaima – Mitos, Lendas e Estórias em Vivências, que funciona como um marco no trabalho de trabalho de arte-educação que ele realiza.

Nesta exposição, Jaider traz obras que produziu recentemente, entre 2019 e 2021. Esses trabalhos partem do ponto de vista do artista em torno da árvore-pajé, Jenipapo ou Ruku, que dá nome à exposição e que significa “fruto-tecnologia e uma de minhas avós”, segundo o artista. “Assino, como índio que sou, essa Apresentação. É que depois de tanto arrodeio estamos ainda, e finalmente, frente a frente e não há mais para onde ir. Eu sei que sou mesmo quem me apresento e dito me foi que desse o primeiro passo”, ele escreve no texto curatorial da mostra.

Apresentação: Ruku faz o público refletir sobre a noção de “artivismo”, palavra criada para representar a união entre a arte e o ativismo. Também há a proposição de um entendimento sobre o txaísmo, que tem sido objeto de trabalho do artista recentemente e que parte de um “modo de tecer relações de afinidades afetivas nos circuitos interculturais das artes contemporâneas pautadas pelo protagonismo indígena”.

Nos últimos meses, ele integrou importantes mostras coletivas de grandes instituições, como Véxoa, na Pinacoteca de São Paulo, e Vento, na Fundação Bienal de São Paulo. Ainda este ano, em agosto, ele será o responsável, também com assistência de Bebert, pela curadoria da exposição Moquém – Surarî, que acontecerá no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e reunirá trabalhos de artistas dos povos Baniwa, Huni Kuin, Karipuna, Krenak, Marubo, Makuxi, Patamona, Pataxó, Tapirapé, Taurepang, Tikmu’un_Maxakali, Tukano, Xakriabá, Xirixana, Wapichana e Yanomami. Ele também terá obras na exposição principal da 34ª Bienal de São Paulo, que abre em setembro.

Apresentação: Ruku, de Jaider Esbell
Data: 20 de fevereiro a 20 de março de 2021
Local: Anexo Millan (R. Fradique Coutinho, 1416 – Pinheiros, São Paulo)


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