
Conhecemos alguns artistas visuais que se debruçam sobre a relação da Música em suas produções nas Artes Visuais, como é o caso de Vivian Caccuri e OPAVIVARÁ. Mas o contrário também é real! No Brasil, grandes musicistas já revelaram seu amor pela pintura, como Marisa Monte, em sua parceria com Marcela Cantuária no seu mais recente álbum “Portas”.
Aqui, listamos músicos que possuem trabalhos de arte consolidados, que já expuseram ou não suas pinturas ao público, e que acompanham suas carreiras na música com uma produção artística impressionante ao longo das décadas.
Paul McCartney (1942)
O britânico é um dos mais influentes cantores, compositores e multi-instrumentistas vivos. Conhecido como membro dos Beatles, ele também já apresentou suas pinturas em exposições de arte e até ilustrou a capa do single “Egypt Station” (2018).

Beyoncé (1981)
A diva pop é discreta quando se trata de sua vida pessoal. Sabemos de sua prática com a pintura de retratos pelas falas elogiosas de seus pais à imprensa, mas existem poucos registros do ateliê que a cantora mantém em sua mansão em Los Angeles. Sua prática envolve retratos em aquarela e óleo de nús femininos, mas podemos imaginar que a excelência que demonstra em sua carreira musical também se estende para sua prática artística. O que mais será que Beyoncé pinta em segredo?

Miles Davis (1926-1991)
Foi um trompetista, compositor e bandleader norte-americano, considerado um dos maiores inovadores do jazz. Com uma carreira marcada por constantes reinvenções, influenciou gêneros como bebop, cool jazz, modal jazz e fusion.
Davis, além de sua influência no jazz, dedicou-se às artes visuais, especialmente à pintura. Sua prática artística se intensificou nos anos 1980, quando começou a criar obras abstratas vibrantes, muitas vezes influenciadas pelo expressionismo e pelo grafismo. Ele usava cores intensas, formas dinâmicas e traços marcantes, refletindo a mesma ousadia e experimentação presentes em sua música.
Suas obras têm cores vivas e formas geométricas, refletindo influências da arte tribal africana, bem como de artistas como Jean-Michel Basquiat. Ele colaborou com a artista Jo Gelbard, resultando em trabalhos que combinavam suas perspectivas criativas.
Após sua morte em 1991, algumas de suas pinturas foram exibidas em diversas galerias e museus, e em 2013, foi publicado o livro “Miles Davis: The Collected Artwork“, compilando suas obras visuais.

Donna Summer (1948-2012)
Vencedora de 5 Grammys, a cantora e compositora é reconhecida como a “Rainha da Disco”. Com uma carreira de sucesso dando voz a sucessos como “I Feel Love”, “Hot Stuff” e “Last Dance”, ela revolucionou a música pop e eletrônica com sua voz poderosa. Sua influência permanece viva, sendo uma das artistas mais sampleadas e reconhecidas na história da música.
A partir de 1994, ela se dedicou à pintura, criando obras que foram exibidas em diversas galerias ao redor do mundo, incluindo uma exposição no Japão, no projeto “Starbright Foundation Tour of Japan“, uma iniciativa apoiada por Steven Spielberg.
Sua arte abrange uma variedade de estilos e temas, refletindo sua versatilidade criativa que também se mostrou na música, já que ela também se aventurou em outros gêneros como o R&B e o Rock. O hit monstruoso do pop-rock de Summer em 1983, “She Works Hard for the Money“, se tornou um hino feminista para as mulheres trabalhadoras americanas nos anos 80, e o empoderamento feminino também abriu caminho em sua arte. Suas pinturas em acrílica retratando mulheres são as mais conhecidas, já que participaram de uma exposição no The Whitney Museum.
No retrato “Chairman of the Board” (1988), Summer faz menção à Chaka Cohen, através da figura de uma mulher que usa uma jaqueta com ombreiras e segura um cigarro. Já em “Scarlet Starlette” (1988), conseguimos enxergar a estética do excesso que marcou a década de 80 sob influência de Summer, que neste quadro imagina uma estrela pop.
Além disso, sua coleção pessoal de mais de 90 itens, incluindo peças de arte, foi exibida na Christie’s Rockefeller Center depois de seu falecimento, lançando luz sobre seu trabalho como colecionadora, mais uma faceta da diva.


Carlinhos Brown (1962)
Um dos maiores artistas vivos do nosso país, Brown é sem dúvidas um multi-artista por definição. Produtor, cantor e instrumentista, ele é também fundador da Timbalada em 1991 e um dos criadores do Tribalistas, grupos que definiram estéticas e marcaram época no Brasil com grandes sucessos. Sua carreira é marcada por inovações musicais e colaborações internacionais, sem contar sua atuação em projetos sociais e culturais, promovendo a arte e a educação na Bahia desde o início de sua carreira. Explicando a origem das pinturas corporais características da Timbalada: “As pinturas têm um significado especial, remetendo a Iansã e ao mestre Pintado do Bongô”. A tradição começou quando, por falta de figurino para um show, um dos músicos decidiu se apresentar pintado, o que posteriormente se tornou uma marca registrada do grupo.
Há décadas Brown exerce sua multifacetada criatividade através de pinturas cheias de tinta e cor, levando as formas e texturas para além do abstrato. Ele discutiu suas experimentações com pintura em uma entrevista ao O Globo. Ele destacou que a prática da pintura trouxe mudanças pessoais, influenciando até mesmo seu modo de se vestir, tornando-o mais simples e contido, pois encontrou na arte uma nova forma de expressão visual, utilizando cores fortes para exteriorizar sua criatividade.
“Acho até que sou melhor pintor do que músico.”
Hoje integra a exposição “Caatinga Fractal e o Encontro da Terra Seca, Água Doce e Água Salgada” na Casa Rosa de Salvador ao lado de Aislan Pankararu, também curador da mostra, e Alberto Pitta.

Bob Dylan (1941)
Bob Dylan é um artista multifacetado. Além de sua carreira como compositor, ele também dirigiu filmes, atuou, apresentou um programa de rádio e se dedica à pintura. Em 2007, o músico realizou sua primeira exposição de obras, intitulada “The Drawn Blank Series”, no Kunstsammlungen Chemnitz, na Alemanha, seguida de uma mostra em Londres no ano seguinte. Desde então, uma série de livros foi publicada, reunindo suas pinturas, caracterizadas por pinceladas soltas e expressivas que criam imagens que parecem ganhar vida.


Joni Mitchell (1943)
A compositora sempre disse que é uma pintora antes de uma musicista. Misturando folk, jazz e pop, lançou álbuns clássicos como “Blue” (1971) e “Court and Spark” (1974). Além da música,ela tem uma trajetória incrível nas Artes Visuais, criando capas de seus próprios discos e exibindo suas pinturas em exposições. Seu auto-retrato de 1999 virou capa do disco “Both Sides Now”, do ano 2000.

Kim Gordon (1953)
A estrela do rock setentista, cofundadora e baixista da banda de rock alternativo Sonic Youth e ícone do movimento underground e do feminismo no rock, estendeu suas explorações de temas como cultura pop, moda e política para as Artes Visuais. Após o fim da banda, seguiu carreira solo e colaborou com diversas formas de expressão artística.
Suas obras foram exibidas em galerias renomadas, como a Gagosian Gallery, em Londres, durante a exposição “The Show Is Over” em 2013, e na White Columns, em Nova York, com a mostra “Design Office with Kim Gordon – Since 1980” no mesmo ano. Gordon fundou a Kim Gordon Designs, uma empresa de design arquitetônico e de interiores sediada em Venice Beach, Los Angeles.


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