Galeria Kogan Amaro apresenta individual de Daniel Lannes

Conhecido por criar cenas a partir de estudos sobre a corte portuguesa, artista fluminense mostra trabalhos feitos durante o isolamento social

por Beta Germano
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Calcutá , de Daniel Lannes
Calcutá , de Daniel Lannes

“Eu não tenho causa!”, brincou Daniel Lannes quando o visitei no ateliê para conferir os trabalhos que o artista fluminense apresentará, a partir do dia 31 de outubro, em Pernoite – sua segunda individual na galeria Kogan Amaro. Para quem não conhece Lannes, a piada não tem a menor graça vindo de um artista branco, homem e heteroxesual. Mas o seu trabalho é justamente sobre isso: Lannes compreende sua posição e debocha da mentalidade e costumes de uma elite construída desde o  Brasil Colônia. “A brincadeira é a forma mais séria de falar sobre um assunto. Mas, ao mesmo tempo, todo deboche é também uma homenagem. Quer mérito maior do que ser cancelado?”, divaga o artista que há alguns anos distorce figuras da corte portuguesa em suas telas.  

“Nem todo retrato é um tributo. Quem melhor para criticar a burguesia do que os próprios burgueses? Quem melhor para desmantelar a construção da brancura do que aqueles que dela se beneficiam?Em recentes movimentos anti-racistas, tem havido um impulso para inspirar os brancos a criticar e desmantelar a brancura entre si”, aponta a curadora Tiffany Auttrianna Ward. 

Daniel Lannes em seu ateliê
Daniel Lannes em seu ateliê

Em Calcutá ,por exemplo, ele pinta Carlota Joaquina afligida por piolhos, enquanto em Dito Pelo não Dito retrata o rei Dom João relaxando após ter usado seu masturbador profissional. “Uma realeza e preguiçosamente, desnudamente relaxada da cintura para baixo”, descreve Ward. Um momento vergonhoso? O artista afirma que quer expor justamente a falta de vergonha da burguesia brasileira.

Daniel é mestre em trabalhar com elementos e imagens retirados de livros de história e vídeos de youtube para expor a construção da imagem de um país a partir da sexualidade e vulgaridade, expondo a natureza das elites e nos convidando a duvidar de legados, personagens e narrativas. 

O público pode visitar a exposição com horário agendado pelo telefone (11 3045-0755 / 0944) ou e-mail (atendimento@galeriakoganamaro.com). Seguindo o protocolo de segurança ambiental e sanitária da pandemia do Covid-19, a Galeria funciona em horário especial, das 11h às 15h, com número limitado de visitantes, uso obrigatório de máscara, além da disponibilização de álcool em gel e orientação de distanciamento mínimo de 1,5 metro entre clientes e colaboradores.

Pernoites 

Local: Galeria Kogan Amaro

Endereço: Alameda Franca, 1054 – Jardim Paulista

Datas: de 31 de outubro até 29 de novembro

Cassoulet, de Daniel Lannes
Cassoulet, de Daniel Lannes

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