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“Transeunte” de André Baía no Centro Cultural Justiça Federal
28 outubro, 2023 - 11:00 - 7 janeiro, 2024 - 19:00
A produção recente de André Baía, artista visual paulistano radicado em Curitiba, chega ao Rio no dia 28 de outubro e ocupa a galeria do 1º andar do Centro Cultural Justiça Federal, no centro da cidade. Intitulada Transeunte, a exposição reflete o trânsito do artista por diferentes culturas e aponta para questões relacionadas às influências simbólicas que marcam a cultura visual brasileira. Em ambiente instalativo, a curadoria de Alexandre Sá reúne 17 pinturas de três séries distintas e um único objeto.
De acordo com o curador, o fio condutor que une as séries apresentadas é pautado pela exploração do universo pictórico e pela influência que a pintura europeia teve na construção de todo um repertório semiótico dentro da cultura visual ocidental, bem como na cultura popular.
André Baía vem desenvolvendo seus trabalhos por mais de cinco anos em ritmo intenso de conceituação, pesquisa e produção, com interesse nas relações entre as culturas pop e visual, considerando a lógica simbólica da História da Arte dentro de um imaginário nacional e internacional.
A produção recente do artista ecoa a atual paisagem cultural brasileira, uma mistura de referências com raízes históricas que funcionam como um disparador criativo para ele. Vem daí a apropriação, expressa nas telas, que repensa a tradição pictórica e a contrapõe com o universo pop, compondo uma espécie de plataforma de reflexão crítica.
O conjunto de obras exibido revisita o arranjo iconográfico que compõe as cédulas do papel-moeda brasileiro e se apropria da fotografia vernacular típica das redes sociais, incorporando elementos da cultura pop, da história da arte e da pintura. Outro elemento evocado pelas pinturas de Baía são as entidades associadas ao sincretismo religioso da Umbanda, com a qual o artista tem profunda ligação.
“As séries apresentadas conjugam seus vetores mais pungentes para tecer comentários sobre a cultura afro-brasileira e o universo intransponível da sociedade de consumo”, analisa Alexandre.
“O colonialismo e o imperialismo cultural estão intrinsecamente ligados ao consumo, sobretudo o das imagens. A violência inerente à produção pode ser vista como uma metáfora que simboliza a desconstrução de um legado eurocêntrico”, reflete André. O artista afirma ainda que questionar o significado de elementos figurativos é sua intenção principal nas séries que vem produzindo.
“A obra de Baía promove um comentário abrangente sobre a diversidade social, racial e econômica que nos erige como país atualmente, reforçando a possibilidade de existência democrática dentro de uma sociedade múltipla como a brasileira”, conclui o curador.
Durante a temporada, serão realizadas visitas públicas mediadas e uma mesa redonda com participação do artista e do curador.