O escultor Saint Clair Cemin (1951, Cruz Alta, RS, Brasil) inaugura a individual Ser híbrido, em 9 de março, sábado, na sede da Millan. A abertura, que marca a reinauguração do imóvel da sede da galeria —fechada desde novembro de 2023 para uma grande reforma—, contará, ainda, com um bate-papo entre o artista e o crítico de arte estadunidense Paul Laster.
Cemin, que hoje vive entre os Estados Unidos e Grécia, criou seis esculturas em bronze especialmente para a mostra. Cada uma das peças condensa movimentos, formas e referenciais diferentes em um único ser. Panguri, por exemplo, une as figuras de um cavalo, um menino e um avião, criando, nas palavras do artista, uma “quimera”.
Outra escultura, que também recebe o tratamento de pátina alaranjada que recobre as obras na exposição, remonta à capoeira e é formada por duas partes que parecem se movimentar em sincronia. Efeito semelhante acontece com a obra Infante, que “em princípio deve girar ou dar cambalhotas quando caminhamos ao seu redor, dependendo do ponto de vista”, explica Cemin.
O artista cresceu em Cruz Alta, a quase 300 km de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, onde desfrutava da paisagem povoada por cavalos ou visitava o aeroclube local para ver decolando os aviões teco-teco, deixando a cidade gaúcha para estudar Belas Artes na prestigiosa École des Beaux-Arts de Paris. Após se formar, em 1978, ele se mudou para os Estados Unidos, onde passou a integrar a vibrante cena de artes de Nova York, se aproximando de figuras como Jeff Koons e Richard Serra.
Mesmo com quase 60 anos de carreira, Cemin admite que se surpreendeu com o conjunto que apresenta na Millan: “As peças nesta exposição eram um enigma para mim. Elas eram importantes, mas eu não sabia o porquê e nem o que as unia num grupo coerente. Passaram-se semanas ou meses até que me dei conta, numa epifania fulgurante, do que elas eram. Todas estavam conectadas intimamente aos meus anos de criança; é como se as sensações, estados de espírito de minha infância, se houvessem cristalizado naquelas formas. Um poema sobre nossa infância”.
Além das memórias da infância, as esculturas também incorporam elementos da arte moderna e da estatuária da Grécia Antiga, essas já recorrentes em sua produção, que incorpora também, referências à filosofia, mitologia e literatura.
Ser híbrido apresenta uma parcela da produção de um artista que, mesmo que fiel à sua identidade, se coloca sempre em reinvenção, recusando definições totalizantes sobre a sua ou a arte em geral. “Qualquer coisa que se diga sobre a escultura em geral, a instalação em geral, poderá ser desmentido, ou agora, ou no futuro, por algum artista particular. A arte, a meu ver, chega ao universal pelo caminho do particular, daquilo que é único, pessoal” conclui.
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