Pioneiro da arte cinética, o artista visual venezuelano Jesús Rafael Soto teve como foco em sua criação a busca pelo movimento em suas obras. O artista inovou criando peças que pareciam ter vida própria e que instigavam pela mobilidade, dinâmica e vibração. Celebrando o centenário do artista, a DAN Galeria, que comemora 50 anos de trajetória e representa Soto desde a década de 1990, ocupa as suas duas unidades na capital paulista com a mostra Jesús Soto – Cor, Forma, Vibração, com curadoria assinada por Franck James Marlot. A música fez parte da vida artística de Soto no mundo das artes. Ele inicialmente se inspirou nas estruturas concretas de Mondrian e assumiu o desfio de criar uma obra que fosse além da síntese estética alcançada pelo artista, agregando uma nova dimensão, que é o movimento na arte. Soto percebeu na música o jogo com duas camadas compostas pela linha rítmica constante e pela linha melódica variável, com relações entre as duas ao longo das composições. Foi assim, unindo pintura e música, que Soto por meio da exploração da vertente da pintura abstrata, primeiro com sobreposições usando a transparência do plexiglass, e depois referindo-se às sobreposições de sons e ritmos, concebeu a técnica de arte cinética em seus trabalhos. Sua obra desafia a fronteira entre arte e investigação científica, habilitando uma nova interação entre o sujeito e a obra. A individual apresentada pela DAN destaca 30 obras do artista produzidas entre as décadas de 60 e de 2000. A mostra inclui dois trabalhos de dimensões arquitetônicas, expostas pela primeira vez em galeria: Paralelas (1990), e Penetrável BBL Jaune (1999). Além destas, algumas obras da série Paralelas Vibrantes, outras da série Sínteses, e um seleção de esculturas de aço, alumínio, nylon, pvc, plexiglass e pintura sobre madeira, também ocupam o espaço expositivo. A mostra é a primeira individual realizada na unidade da DAN Contemporânea. Sobre as obras do venezuelano, comenta o curador Franck James Marlot “O deslocamento do espectador provoca efeitos visuais de ‘moiré’ que dão a ilusão de um movimento rotativo rápido da espiral. O movimento aparece sem motorização. Com esta demonstração, Soto introduz a noção de espaço-tempo na sua obra, ativada pelo olho do espectador, que desenvolve não só uma dinâmica espacial, mas também temporal. É neste momento singular de diálogo em que a experiência entre o espectador e a obra, o objeto cinético, em sua singularidade, permite a multiplicação infinita de pontos de vista e cria uma imagem vibrante e em movimento, implicando experiências visuais mais amplas”.
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