A Galeria da Gávea expõe, pela primeira vez no Rio de Janeiro, a obra da alemã Gertrudes Altschul (1904-1962), marcada por um trabalho fortemente autoral que a tornou uma pioneira da fotografia moderna brasileira. O devido reconhecimento da fotógrafa veio através da curadora Isabel Amado, uma das fundadoras desta galeria, ao realizar pesquisas no FCCB – Foto Cine Clube Bandeirantes em 2014. Dentre as 52 fotografias aqui expostas, 41 são vintages, ampliadas pela própria autora em seu laboratório e também por Otto Stupakoff nos anos 1950. A exposição gira em torno de três eixos: o registro da arquitetura moderna brasileira, com forte rigor geométrico, ângulos inusitados, em um período que São Paulo, cidade onde Gertrudes morava, passava por um rápido desenvolvimento; a botânica, que se aproxima a uma abstração gráfica; e as imagens que retratam o universo cotidiano das pessoas e da cultura das ruas naquele tempo. O grande elo entre a galeria e Gertrudes é o seu filho Ernest, 92 anos, que vive em São Paulo com sua esposa Laura, 91 anos. Ambos foram os responsáveis pela preservação de todos os negativos, folhas de contato e fotografias após a morte de Gertrudes em 1962. Foi a eles que Isabel Amado recorreu tornando-se responsável pela guarda deste material, por sua conservação e difusão, com exclusividade. Após 90 anos do início do Holocausto, a família Altschul permanece com seu legado sendo disseminado e legitimado na fotografia brasileira. Gertrudes encontrou no Brasil a sua vocação artística. Hoje sua obra faz parte de coleções de grandes instituições, como o MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) e o MoMA (Museu de Arte Moderna) de Nova York.
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