A exposição Favela-Raiz é uma ocupação-manifesto que representa o primeiro movimento de transformação do Palácio dos Campos Elíseos no Museu das Favelas, reverenciando a memória e as heranças das lutas dos que vieram antes e dos que seguem resistindo na construção desta história. O termo “favela”, cujo nome se popularizou a partir do início do século 20 ao denominar um sistema de habitações populares no país, é derivado de um tipo de árvore com espinhos, flores, frutos e sementes altamente nutritivas muito comum na caatinga e, especificamente, no Morro da Favela, em Canudos, no sertão da Bahia. Os soldados da Guerra de Canudos, convocados a combater os membros da comunidade liderada por Antônio Conselheiro, ali se instalaram, dada a ampla visão oferecida do vale e, ao retornarem para o Rio de Janeiro, sem a assistência prometida pelo Governo, ocuparam o atual Morro da Providência, que passou a ser chamado de Morro da Favela. Desde então, “favela” passou a representar o tipo de organização urbana ali criada: barracões de madeira improvisados, sem infraestrutura, situados nos morros. A exposição que abre o Museu surge em forma de ocupação-manifesto, evocando as raízes da planta favela. É um símbolo de saudação às tradições, à ancestralidade, à maternidade, aos abrigos materiais e afetivos que envolvem os habitantes e a tudo o que ali foi semeado e colhido. A ocupação é composta por cinco partes, sendo três internas e duas externas. No hall de entrada há esculturas tecidas em crochê, criadas pela artista Lidia Lisbôa com a colaboração de 7 mulheres do Coletivo Tem Sentimento e da Cooperativa Sin Fronteras, grupos de mulheres da vizinhança do Museu. “O Museu das Favelas tem como premissa máxima o trabalho colaborativo com as pessoas que vivenciam o cotidiano das favelas e periferias. A sala expositiva lateral traz uma instalação audiovisual sensorial, cuja curadoria selecionou imagens de 20 fotógrafos e produtores de conteúdos de diferentes periferias do Brasil. Chamada Visão Periférica, a obra revela aos visitantes a multiplicidade das experiências nas favelas, despertando memórias afetivas por meio do cruzamento de linguagens. No final do percurso interno da exposição, há uma instalação no salão de espelhos do palácio, com criação sonora do rapper Kayode, exaltando os diferentes modos de se pensar a beleza. No ambiente externo, há uma instalação que sintetiza a história do Palácio dos Campos Elíseos, com pesquisa de História da Disputa e produzido com artes em serigrafia pelo Coletivo XiloCeasa. Nos jardins, Paulo Nazareth – conhecido por suas andanças ao redor do mundo e seu trabalho que questiona os limites da performance como linguagem artística – traz uma das instalações de seu projeto Corte Seco, em homenagem à Maria Beatriz Nascimento: uma escultura de alumínio, de 6 metros de altura, retratando essa uma mulher negra, historiadora, poeta, intelectual e ativista.
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