Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp, e Fernando Oliva, curador do Masp, e assistência de Matheus de Andrade, assistente curatorial do museu, a individual “Judith Lauand: desvio concreto”, no 1º andar do museu, é a maior exposição já dedicada à obra da artista concreta, que neste ano completou 100 anos de vida e mais de sete décadas de produção. Judith Lauand (1922, Pontal, SP) graduou-se em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes de Araraquara, em São Paulo, cidade que integrava importante polo econômico e cultural da época. O ambiente progressista da faculdade mostrou-se decisivo para o seu momento de abandono da figuração, em direção ao abstracionismo e à geometria, como revela este trecho extraído de um manuscrito de sua autoria: “Pintei uma natureza-morta. Então eu me levantei e me distanciei da tela para ver o que havia feito. Vi um quadro abstrato. O prato eram vários círculos, a garrafa um retângulo, a mesa, triângulos e no fundo sinais de objetos. Procurando depurar os traços, buscando só o essencial, realizei uma pintura abstrata com base em formas da natureza.” Em 1952, Lauand mudou-se para São Paulo com a família. Em 1954, foi monitora na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, momento em que entrou em contato com a obra de artistas como Alexandre Wollner (1928-2018) e Geraldo de Barros (1923-1998). No ano seguinte, recebeu um convite de Waldemar Cordeiro (1925-1973) para fazer parte do Grupo Ruptura, sendo a única mulher a participar ativamente desse movimento histórico que reuniu, de modo pioneiro, artistas interessados em desenvolver a arte concreta no Brasil. Lauand fez parte também da 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada primeiro no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956, e depois no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1957. Para além dos dogmas do concretismo em que havia se iniciado, a artista concebeu um dinamismo muito próprio, criando novas relações entre formas, linhas e cores, transcendendo regras e convenções da época. A mostra Judith Lauand: desvio concreto pretende fomentar novas pesquisas e debates em torno do seu trabalho, por meio de 124 obras e dezenas de documentos de seu arquivo pessoal, colocando em perspectiva a decisiva transição – um desvio –, operada por ela em meados dos anos 1950, do figurativismo para a geometria abstrata. Ganha destaque na mostra a obra “Acervo 29, Concreto 33” (1956), uma das mais emblemáticas em sua trajetória e que acaba de ser doada pela família da artista ao Masp no contexto da mostra, sendo a primeira de sua autoria a integrar a coleção da instituição.
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