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“E o silêncio nagô calou em mim” de Denise Camargo no Centro Cultural Fiesp
15 novembro, 2023 - 10:00 - 14 abril, 2024 - 20:00
Ao visitar a exposição E o silêncio nagô calou em mim, que chega à Galeria de Fotos do Centro Cultural Fiesp, em 15/11, o público terá a chance de enfrentar seus pré-conceitos sobre os ritos e mitos que envolvem as religiões de matriz africana no Brasil. Também poderá aperceber-se de suas identidades nas imagens produzidas pela educadora, pesquisadora e artista visual, Denise Camargo.
As séries, realizadas desde os anos 1990, são em maioria produzidas na Casa das Águas, terreiro localizado em Amador Bueno – SP. Há também imagens feitas em um templo de vodu, em Nova Orleans, Estados Unidos, entre outras que compõem a mostra. Terreiros são territórios de resistência cultural e simbólica que atravessam a história do Brasil – e contribuem para a preservação das tradições afro-brasileiras.
A pesquisa poética, iniciada para o doutorado de Denise no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com orientação da cantora e bailarina Inaicyra Falcão dos Santos, foi mostrada pela primeira vez em 2010. O projeto se consolidou em 2013 e já fez itinerância por Salvador, Brasília e Santa Catarina. Inédita em São Paulo, a exposição procura mais uma vez dissolver pensamentos carregados de preconceito e intolerância, trazendo os visitantes para um mergulho no ambiente mítico-ritual.
“Trata-se de um espaço de experiência, de imersão cultural, de contemplação e respeito ao acervo de saberes”, detalha Denise, vencedora do Prêmio Palmares em 2012 para publicação da tese Imagética do candomblé, uma criação no espaço mítico-ritual.
As lentes de Denise capturaram e eternizaram imagens que procuram fugir da obviedade dos registros fotográficos sobre o tema. Na exposição, além das fotos, obras como textos poéticos da artista, objetos e um vídeo, editado pelo fotógrafo Guga Ferri. Há ainda um aplicativo, desenvolvido com a cooperação do artista interdisciplinar Fernando Fogliano, para coletar respostas à pergunta: O que cala em você? “A ideia é proporcionar diálogos com o público, construindo uma obra colaborativa e de interação”, salienta Denise.
A curadoria da exposição é de Diógenes Moura, escritor, editor, roteirista e curador de fotografia na Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre 1998 e maio de 2013, e, mais recentemente, de mostras como Terra em Transe, em exibição no Centro Cultural do Cariri (CE).
A exposição reforça o debate contemporâneo sobre a diversidade étnica e cultural do Brasil como um patrimônio imaterial. “Além disso, promove uma ruptura das visões equivocadas e estereotipadas dos terreiros, difundidas, entre outros fatores, em razão do proposital temor criado em torno desses espaços”, complementa Denise. “A exposição trata desse silêncio profundo diante do desconhecido, diante desse mundo proibido que poderá ser entregue à compreensão dos outros”, observa o curador.